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quarta-feira, 14 de setembro de 2016

O DIA DO JUÍZO FISCAL

A Comissão Especial da Câmara que debate o ajuste fiscal e estabelece tetos de gastos públicos, através de Proposta de Emenda Constitucional 241/2016, realizou, nessa segunda-feira (12), a quarta audiência pública. Tanto o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Ernesto Lozardo, quanto o presidente da Federação Nacional dos Bancos (Febraban), Murilo Portugal, manifestaram apoio à proposta do Governo Michel Temer.

Para Lozardo, o Brasil cometeu vários erros macroeconômicos nos últimos anos, principalmente o de estimular o consumo de maneira muito rápida como modelo de crescimento. “Estimulou-se o consumo e as famílias se endividaram. Hoje, 45% da renda familiar estão comprometidos com dívidas. Em 2006 eram 20%”, explicou. O desemprego também cresceu, principalmente entre a faixa etária dos 15 aos 25 anos, que está próxima dos 50%. Na avaliação do presidente do IPEA, a PEC é parte fundamental para o ajuste fiscal e põe um elemento muito interessante na economia, que é a prioridade e a eficiência do gasto público.

Já Murilo Portugal destacou experiências positivas internacionais na fixação de tetos de gastos. A Holanda, por exemplo, que adotou os tetos em 1994, conseguiu reduzir a relação dívida/Produto Interno Bruto (PIB) de 77,7% para 46,8%; as despesas com juros de 10,7% para 4,8%; e o desemprego de 6,8% para 3,2%. Para o presidente da Febraban, a proposta do Governo é inteligente e apropriada para o momento da economia e deve ser aprovada como foi apresentada. “A aprovação dessa medida pode representar para a política fiscal o que o Plano Real representou para a política monetária”, defendeu.

Também participou da audiência pública a coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli. Na avaliação dela, o déficit anunciado pelo Governo, de R$ 170 bilhões, não existe. Além de defender uma auditoria na dívida pública brasileira, Fattorelli denunciou a criação de empresas estatais não dependentes para emitir debêntures, provocando prejuízos e gerando dívida pública.

O relator da Comissão Especial, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), voltou a defender a PEC 241 como forma de evitar a quebra do País. “Eu não quero que a União, com a responsabilidade que tem, chegue à situação de penúria fiscal de estados como o Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Alagoas. Lá, os aposentados e servidores não recebem seus salários ou recebem parcelado. Se nada for feito, vamos assistir o Dia do Juízo Fiscal. Eu não quero isso para o meu querido Brasil”, desabafou.


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