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segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Publicação argentina faz recomendações sobre controle da leishmaniose nas Américas

Um relatório especial sobre a situação da leishmaniose na província argentina de Missiones, publicado na Revista Pan-Americana de Saúde Pública da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), deu uma série de recomendações para a vigilância e o controle da doença infecciosa, que afeta por ano mais de 60 mil pessoas nas Américas.
Segundo a OPAS, entre 2001 e 2013, dos 743 mil casos de leishmaniose cutânea registrados nas Américas, 42% concentraram-se no Brasil, 20% na Colômbia e 13% no Peru.

Segundo a OPAS, dos 45 mil casos de leishmaniose visceral notificados na última década, 96% ocorreram no Brasil. Foto: EBC

Um relatório especial sobre a situação da leishmaniose na província argentina de Missiones, publicado na Revista Pan-Americana de Saúde Pública da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), deu uma série de recomendações para a vigilância e o controle da doença, que afeta por ano mais de 60 mil pessoas nas Américas.

A leishmaniose é uma doença infecciosa, potencialmente mortal e curável, causada por um parasita. Faz parte do grupo de doenças denominadas negligenciadas, porque afetam mais os grupos que vivem em condição de vulnerabilidade ou em áreas remotas.

É transmitida aos seres humanos pela picada de insetos e pode apresentar-se de duas formas: visceral, que pode ser mortal caso não tratada; e cutânea, que se manifesta inicialmente como uma lesão da pele, e geralmente evolui para úlceras e desfiguração semelhante à lepra. Esta última é mais comum nas Américas e mais difícil de curar.

“A pesquisa é centrada na necessidade de buscar alternativas para fazer frente a uma doença de transmissão vetorial para a qual não há suficientes estratégias efetivas de controle”, disse Oscar Salomón, principal pesquisador do estudo e diretor do Instituto Nacional de Medicina Tropical da Argentina.

O trabalho utilizou um enfoque multidisciplinar para examinar a história da doença no território e identificar cenários de risco, analisando componentes sociais, biológicos e biomédicos. “Conhecer quais são os cenários de risco nos permite definir ações de prevenção e controle”, afirmou Salomón.

A pesquisa faz parte de um projeto mais amplo na Tríplice Fronteira entre Argentina, Paraguai e Brasil, do qual participam equipes dos três países, além do Uruguai. O projeto é liderado pela OPAS e financiado pelo Centro Internacional de Pesquisas para o Desenvolvimento (IDRC, na sigla em inglês) do Canadá.

“O conhecimento gerado a partir deste projeto nos permitirá inovar e desenhar estratégias de vigilância e controle da leishmaniose, assim como contribuirá para o desenvolvimento de novas e inovadoras ferramentas”, disse Zaida Yadón, assessora regional da OPAS na pesquisa de doenças transmissíveis e uma das autoras do artigo.

A leishmaniose continua sendo notificada em todos os países da América Latina com exceção de Chile e Uruguai. A cada ano são diagnosticados uma média de 57 mil novos casos de leishmaniose cutânea, além de 3.480 casos do tipo visceral, com uma média de 220 mortes anuais.

Segundo dados da OPAS, entre 2001 e 2013, dos 743 mil casos de leishmaniose cutânea registrados nas Américas, 42% concentraram-se no Brasil, 20% na Colômbia e 13% no Peru.  No caso da forma visceral, dos 45 mil casos notificados na última década, 96% ocorreram no Brasil. O Paraguai notificou 1,9% dos casos, a Colômbia, 1,3%, e a Argentina, 0,3%.

Recomendações
No artigo, os autores afirmam a necessidade de se estabelecer uma vigilância ativa para monitorar possíveis tendências de aumento da circulação parasitária e vetorial e, diante da aparição de um foco, realizar estudos para verificar a transmissão autóctone e a intensidade do evento.

Recomendam estabelecer a obrigação legal de tomar medidas adicionais de controle pelos responsáveis dos projetos que impliquem modificação ambiental, como a realização de estudos de avaliação do risco de transmissão, e ações de mitigação do risco, detecção precoce e tratamento oportuno dos casos.

Os pesquisadores asseguram que a doença é sensível às condições climáticas e às consequências sociais e biológicas provocadas por mudanças no meio ambiente e no uso da terra, como o desflorestamento, a construção de rodovias ou usinas hidrelétricas, algo que contribui para a extensão do habitat e a adaptação dos insetos nas zonas periurbanas e urbanas, aumentando a exposição ao risco de infecção.



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