Um
relatório especial sobre a situação da leishmaniose na província argentina de
Missiones, publicado na Revista Pan-Americana de Saúde Pública da Organização
Pan-Americana da Saúde (OPAS), deu uma série de recomendações para a vigilância
e o controle da doença infecciosa, que afeta por ano mais de 60 mil pessoas nas
Américas.
Segundo
a OPAS, entre 2001 e 2013, dos 743 mil casos de leishmaniose cutânea
registrados nas Américas, 42% concentraram-se no Brasil, 20% na Colômbia e 13%
no Peru.
Segundo a OPAS, dos 45 mil casos
de leishmaniose visceral notificados na última década, 96% ocorreram no Brasil.
Foto: EBC
Um
relatório especial sobre a situação da leishmaniose na província argentina de
Missiones, publicado na Revista Pan-Americana de Saúde Pública da Organização
Pan-Americana da Saúde (OPAS), deu uma série de recomendações para a vigilância
e o controle da doença, que afeta por ano mais de 60 mil pessoas nas Américas.
A
leishmaniose é uma doença infecciosa, potencialmente mortal e curável, causada
por um parasita. Faz parte do grupo de doenças denominadas negligenciadas,
porque afetam mais os grupos que vivem em condição de vulnerabilidade ou em
áreas remotas.
É
transmitida aos seres humanos pela picada de insetos e pode apresentar-se de
duas formas: visceral, que pode ser mortal caso não tratada; e cutânea, que se
manifesta inicialmente como uma lesão da pele, e geralmente evolui para úlceras
e desfiguração semelhante à lepra. Esta última é mais comum nas Américas e mais
difícil de curar.
“A
pesquisa é centrada na necessidade de buscar alternativas para fazer frente a
uma doença de transmissão vetorial para a qual não há suficientes estratégias
efetivas de controle”, disse Oscar Salomón, principal pesquisador do estudo e
diretor do Instituto Nacional de Medicina Tropical da Argentina.
O
trabalho utilizou um enfoque multidisciplinar para examinar a história da
doença no território e identificar cenários de risco, analisando componentes
sociais, biológicos e biomédicos. “Conhecer quais são os cenários de risco nos
permite definir ações de prevenção e controle”, afirmou Salomón.
A
pesquisa faz parte de um projeto mais amplo na Tríplice Fronteira entre
Argentina, Paraguai e Brasil, do qual participam equipes dos três países, além
do Uruguai. O projeto é liderado pela OPAS e financiado pelo Centro
Internacional de Pesquisas para o Desenvolvimento (IDRC, na sigla em inglês) do
Canadá.
“O
conhecimento gerado a partir deste projeto nos permitirá inovar e desenhar
estratégias de vigilância e controle da leishmaniose, assim como contribuirá
para o desenvolvimento de novas e inovadoras ferramentas”, disse Zaida Yadón,
assessora regional da OPAS na pesquisa de doenças transmissíveis e uma das
autoras do artigo.
A
leishmaniose continua sendo notificada em todos os países da América Latina com
exceção de Chile e Uruguai. A cada ano são diagnosticados uma média de 57 mil
novos casos de leishmaniose cutânea, além de 3.480 casos do tipo visceral, com
uma média de 220 mortes anuais.
Segundo
dados da OPAS, entre 2001 e 2013, dos 743 mil casos de leishmaniose cutânea
registrados nas Américas, 42% concentraram-se no Brasil, 20% na Colômbia e 13%
no Peru. No caso da forma visceral, dos 45 mil casos notificados na
última década, 96% ocorreram no Brasil. O Paraguai notificou 1,9% dos casos, a
Colômbia, 1,3%, e a Argentina, 0,3%.
Recomendações
No
artigo, os autores afirmam a necessidade de se estabelecer uma vigilância ativa
para monitorar possíveis tendências de aumento da circulação parasitária e
vetorial e, diante da aparição de um foco, realizar estudos para verificar a
transmissão autóctone e a intensidade do evento.
Recomendam
estabelecer a obrigação legal de tomar medidas adicionais de controle pelos
responsáveis dos projetos que impliquem modificação ambiental, como a
realização de estudos de avaliação do risco de transmissão, e ações de
mitigação do risco, detecção precoce e tratamento oportuno dos casos.
Os
pesquisadores asseguram que a doença é sensível às condições climáticas e às
consequências sociais e biológicas provocadas por mudanças no meio ambiente e
no uso da terra, como o desflorestamento, a construção de rodovias ou usinas
hidrelétricas, algo que contribui para a extensão do habitat e a adaptação dos
insetos nas zonas periurbanas e urbanas, aumentando a exposição ao risco de
infecção.
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