Obra reúne recursos federais e estaduais e deve ficar pronta em 2025
Publicado em 20/12/2022 - 16:33 Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
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Com investimento de R$ 80
milhões, divididos R$ 50 milhões de recursos federais, oriundo do Fundo
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, e R$ 30 milhões do
governo de Minas Gerais, foram iniciadas nesta segunda-feira (19) as obras do
Centro Nacional de Vacinas MCTI, no Parque Tecnológico de Belo Horizonte
(BH-TEC). Fruto de parceria firmada em 2021 entre o Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovações (MCTI) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
a unidade funcionará como um hub (centro de distribuição) de
inovação para produção de lotes-piloto de imunizantes no Brasil.
O Centro Nacional de Vacinas
MCTI (CNVacinas MCTI) terá área construída de 6 mil metros quadrados,
distribuídos em um prédio de cinco andares. O edifício, em formato de L,
abrangerá toda a parte científica e de desenvolvimento de vacinas, além de
biotérios, setores de produção de proteína recombinante, de análise de genoma,
de bioinformática e de análises de respostas imunológicas.
A obra deve ficar pronta em
2025. Toda a infraestrutura será voltada para a produção de lotes clínicos, ou
seja, o CNVacinas MCTI fará todo o desenvolvimento do imunizante e entregará a
tecnologia para que a indústria nacional fabrique os imunizantes em larga
escala.
Independência
Segundo o secretário de Pesquisa
e Formação Científica do MCTI, Marcelo Morales, o Centro Nacional de Vacinas
faz parte de uma estratégia do ministério para trazer à tona a nova perspectiva
de independência do Brasil em insumos farmacêuticos ativos. Morales disse que o
projeto atende a uma demanda brasileira para estabelecer um ecossistema que
contemple o regulatório sanitário, com rastreabilidade.
Ao longo das ações de combate
à pandemia de covid-19, o ministério considerou que a ausência, no Brasil, de
plantas capazes de produzir lotes-piloto de insumos farmacêuticos ativos (IFAs)
em condições de boas práticas de fabricação era um gargalo para a pesquisa,
desenvolvimento e inovação, bem como para a realização do posterior envase de
formulações vacinais experimentais. Tais aspectos precisam ser atendidos para
cumprir exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em
relação a ensaios clínicos em seres humanos.
Morales afirmou que essa
lacuna será fechada. “Vamos fazer a produção de lotes-piloto para todas as
vacinas, como dengue e febre amarela, entre outras, como o que estamos fazendo
para a vacina contra a varíola dos macacos. E depois entregamos para as
empresas, como Bio-Manguinhos/Fiocruz e Butantan, para efetuar o
escalonamento”, explicou o secretário.
A reitora da UFMG, Sandra
Regina Goulart Almeida, disse que o Centro Nacional de Vacinas MCTI será mais
um polo de pesquisa no Brasil em produção de vacinas. “E isso nos ajuda no
sentido de que precisamos nos tornar autossustentáveis. É um momento
importante, não apenas sobre as doenças que estão aí, mas também em relação ao
que pode vir no futuro”. Sandra acredita que os resultados serão garantia de
melhor condição de vida para a população, contribuições positivas para a
política de saúde pública, além de tornar o país mais sustentável e soberano na
produção de vacinas.
Missão
A missão do CNVacinas MCTI
será acelerar o desenvolvimento de vacinas, imunobiológicos e testes de
diagnóstico para doenças humanas e veterinárias dentro do conceito one
health (saúde única), contribuindo para o Sistema Único de Saúde (SUS)
e para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil. Pesquisadores que trabalham
com o desenvolvimento de imunizantes em todo o território nacional poderão usar
a estrutura. O espaço também será um elo entre o ambiente acadêmico e o
mercado, servindo de catalisador do processo de inovação e transferência de
tecnologias para empresas e instituições. Funcionará, ainda, como plataforma
para o surgimento de spin-offs (empresas derivadas) que
desejem comercializar os produtos desenvolvidos. O CNVacinas MCTI apoiará
também grupos de pesquisa, instituições e empresas por meio da capacitação de
profissionais e prestação de serviços, garantindo sustentabilidade.
Para o coordenador do
CTVacinas UFMG, Ricardo Gazzinelli, o Brasil dispõe de um ecossistema de vacina
quase completo. “Tem as instituições que fazem a prova de conceito, tem grupos
muito bons que fazem ensaios clínicos, temos as fábricas que produzem vacinas e
o SUS, que distribui com muita capilaridade. Porém, nós não tínhamos a parte de
inovação, que passa da prova de conceito para o ensaio clínico. É o nosso
nicho, onde pretendemos atuar”, disse Gazzinelli.
“Vamos deixar o legado de uma
instituição que atue em nível nacional em parceria com universidades, institutos
de pesquisa e setor privado, facilitando essa área que é tão importante para a
área de vacinas e de biotecnologia”, acrescentou.
O CTVacinas é um centro de
pesquisas em biotecnologia, resultado de parceria estabelecida entre a UFMG, o
Instituto René Rachou da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-Minas) e o BH-TEC. O
centro reúne pesquisadores vinculados à UFMG e à Fiocruz-Minas e é responsável
pelo desenvolvimento da SpiN-TEC MCTI UFMG, o primeiro imunizante 100%
brasileiro contra a covid-19, cujos testes clínicos foram iniciados no mês
passado, na Faculdade de Medicina da UFMG.
Edição: Nádia Franco
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