Clínica Odontopediátrica na Geórgia – USA apresenta 20 casos de infecção causada por:
Mycobacterium abcessus
As infecções relacionadas à assistência odontológica são difíceis de serem comprovadas, por vários motivos. Hoje o CDC publicou o resultado da investigação de um surto de infecções causadas por Mycobacterium abcessus.
Tradução baseada na nota do CDC:
Como tudo começou?
O surto de infecções odontogênicas causadas por Mycobacterium abcessus foi notificado em 13 de setembro de 2015 ao departamento de saúde pública. A comunicação foi feita por um hospital local que atendeu crianças que desenvolveram os sintomas depois de serem submetidas a pulpotomias em uma clínica odontológica pediátrica.
Mycobacterium abcessus
São micobactérias não causadoras de tuberculose de crescimento rápido encontradas com frequência no ambiente, em água solo e poeira. Causa comum de infecção da pele e dos tecidos moles também podem causar doenças em múltiplos órgãos. As várias espécies dessas micobactérias apresentam tolerância aos desinfetantes comumente utilizados e são frequentemente encontradas nos encanamentos e sistemas de distribuição de água das instalações dos estabelecimentos de saúde. As linhas de água dos equipos odontológicos indevidamente mantidos podem permitir o crescimento e multiplicação de microrganismos, incluindo essas micobactérias de crescimento rápido, que podem formar um biofilme e se multiplicar dentro da tubulação das linhas de água. Surtos têm sido relatados em diferentes cenários clínicos, incluindo clínicas de acupuntura, uma clínica de cirurgia estética, e uma clínica médica geral, embora não tenha sido ates relacionadas a clínicas odontológicas.
Definição de casos
Os casos prováveis foram definidos pela ocorrência de inflamação granulomatosa facial ou inchaço do pescoço e confirmado por biópsia entre as crianças com data de início da infecção em 1 de janeiro de 2014, ou depois dessa data.
Os casos confirmados foram aqueles entre os suspeitos nos quais M. abscessus foi isolado por cultura de laboratório. A busca ativa de casos incluiu o contato com todos os pacientes que realizaram um pulpotomia a partir de 1 de janeiro de 2015, a notificação aos pediatras e dentistas da área do surto, assim como a revisão dos relatórios do laboratório de patologia com culturas positivas para M. abscessus desde 1 de Janeiro de 2014 no hospital notificados. A equipe da de saúde pública visitou prática odontológica A em 22 de setembro de 2015, e revisou as práticas de prevenção e controle de infecção, além de solicitar para ver para ver uma demonstração simulada de uma pulpotomia. O serviço odontológico utilizava nas pulpotomias água do abastecimento público sem monitorização da qualidade da água ou de desinfecção das linhas de água no final de cada dia, como recomendado nas orientações do fabricante. Não foram observadas outras não conformidades quanto ao de controle de infecção. Amostras de água foram coletadas para análise microbiológica.
Prática odontológica A havia realizado 1.386 pulpotomias de 1º de Janeiro de 2014 até 1º de janeiro de 2016, em um total de 20 pacientes foram identificadas infecções confirmadas (n = 11) ou prováveis (n = 9) por M. abscessus, resultando em uma taxa de ataque de 1%. A idade média dos paciente era de 7 anos (variação = 3-11 anos), e período de incubação médio foi de 65 dias (intervalo = 18-164 dias). Todos os pacientes estavam gravemente doentes, necessitando de hospitalização pelo menos uma vez em média de 7 dias (variação = 1-17 dias); 17 pacientes necessitaram de excisão cirúrgica e 10 receberam antibióticos intravenosos (tabela). Até 05 de abril de 2016, não houve mortes resultantes dessas infecções.
Todas as amostras de água das sete salas clínicas odontológicas apresentaram contagens bacterianas acima da recomendação da American Dental Association que é de ≤500 unidades formadoras de colônia (UFC) / mL (média = 91.333 UFC / mL). M. abscessus foi isolada a partir de todas as amostras de água. Todos os isolados de água e dos pacientes eram compatíveis , indicando uma fonte comum.
Conclusão
Este surto foi causado por água contaminada usada durante pulpotomias, que introduziu M. abcessus na câmara do dente durante a irrigação e de preparo. M. abscessus pode causar infecção grave entre crianças imunocompetentes, e por M. abscessos ser comum no meio ambiente, representa um risco de contaminação. Para evitar infecções associadas às linhas de água, os consultórios dentários devem seguir as orientações do fabricante para desinfetar linhas de água, monitoramento da qualidade da água para garantir contagens bacterianas recomendadas, utilizar filtros de água de ponto-de-uso, e eliminar fundos cegos no encanamento onde a água estagnada pode permitir a formação de biofilme. Os serviços de assistência à saúde devem comunicar imediatamente suspeitas de surtos de doenças infecciosas para as autoridades de saúde pública para que uma investigação seja iniciada e medidas de controle adequadas implementadas.
O estudo mostra a importância dos cuidados com o sistema de água dos consultórios odontológicos.
Esse assunto será abordado em detalhes na Conferência Anual da OSAP ( Organization for Safety Asepsis and Prevention) que irá acontecer em San Diego em junho próximo. Veja a Programação Prévia
Liliana Junqueira de P.Donatelli
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