Em viagem à Paraíba, parlamentares de comissão da Câmara conheceram ações de combate à epidemia do zika vírus e visitaram hospital de referência que atende crianças com microcefalia
Regina Céli Assumpção/Câmara dos Deputados
Deputados da comissão externa sobre zika se reuniram em João Pessoa com representantes da área da saúde
Os deputados Osmar Terra (PMDB-RS) e Wilson Filho (PTB-PB) reuniram-se na última sexta-feira (1º), em João Pessoa (PB), com a secretária estadual de Saúde da Paraíba, Roberta Batista Abath, para ouvir esclarecimentos sobre as ações para enfrentar a dengue, a zika e a chikungunya e também combater a microcefalia.
A Paraíba foi o primeiro estado a ser visitado pela comissão externa de acompanhamento da epidemia de zika vírus e de microcefalia. O estado teve um aumento de 422% dos casos de dengue só neste ano, mas é também o que realiza mais ações de pesquisa sobre doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti.
Uma das ações apresentadas foi a criação de um aplicativo para receber denúncias de focos do mosquito, o Aedes na Mira. Além do aplicativo, a secretaria montou uma sala de monitoramento da gestante e de combate ao mosquito. O programa Alô Mãe contata as grávidas que são acompanhadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para repassar informações e orientar sobre os exames necessários para detectar se elas tiveram contato com o vírus e se o feto tem probabilidade de ter microcefalia.
Os parlamentares ouviram também representantes de municípios paraibanos que, assim como a secretária estadual, reclamaram da necessidade de repasse de recursos da União para que as ações de prevenção tenham continuidade.
Kits de detecção do vírus
O coordenador da comissão externa, deputado Osmar Terra, assinalou que uma das preocupações da comissão é com a falta de kits para detectar o vírus zika nos hemocentros. “Com isso, pode estar ocorrendo contágio pela transfusão de sangue”, afirmou.
Terra acrescentou que a Frente Parlamentar da Saúde conseguiu incluir no orçamento deste ano R$ 500 milhões só para o combate à dengue e ao mosquito Aedes aegypti e que a comissão especial tem conversado com o ministro da Saúde, Marcelo Castro, para que os recursos cheguem até os municípios.
Durante a reunião, os parlamentares conheceram a Rede de Cardiologia Pediátrica, que já examina todos os recém-nascidos no estado desde 2012, para detectar casos de cardiopatia infantil. A rede passou a pesquisar também a ocorrência de casos de microcefalia.
A secretária estadual de Saúde, Roberta Abath, informou que, dos 800 casos suspeitos e acompanhados, foram confirmados 95 casos de microcefalia em crianças nos últimos meses, o que ela considera uma epidemia.
De acordo com a secretária, além dos casos de microcefalia, a partir de 2015 tem sido registrada maior procura pelos tratamentos de reabilitação, devido ao aumento dos casos de doenças por alteração no sistema nervoso central.
Regina Céli Assumpção
No hospital Pedro 1º, em Campina Grande, bebês com microcefalia recebem acompanhamento
Hospital referência
Os parlamentares ainda visitaram o hospital Pedro 1º, no município de Campina Grande (PB), que atende grávidas com suspeita de microcefalia e crianças que nascem com essa má formação do cérebro. O hospital dispõe hoje de 144 leitos, em convênio com o SUS, e também desenvolve pesquisa com células embrionárias.
Osmar Terra e Wilson Filho foram recebidos pela médica e pesquisadora Adriana Melo, que descobriu a relação entre o zika vírus e a microcefalia.
O hospital municipal tornou-se referência na região pelo acompanhamento multidisciplinar da grávida, da criança e também da mãe.
Além de ver de perto o atendimento das crianças, os deputados da comissão externa conversaram com médicos, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, entre outros profissionais que auxiliam na estimulação precoce e no acompanhamento da doença.
De acordo com Adriana Melo, é primordial o diagnóstico fetal para preparar as mães e familiares sobre a doença. A médica e pesquisadora acrescentou que, depois do nascimento, a estimulação precoce pode evitar sequelas maiores no crescimento dos bebês, que vão precisar de acompanhamento médico pelo resto da vida.
Por último, os deputados foram conhecer o laboratório de diagnóstico da Faculdade de Ciências Médicas Facisa, que fez parcerias com o município de Campina Grande para realizar na cidade os exames de sangue e urina que podem detectar se a pessoa teve contato com o vírus. Na opinião dos especialistas, o maior problema é que o diagnóstico não tem acompanhado a velocidade de transmissão do vírus.
Reportagem – Regina Céli Assumpção
Edição – Pierre Triboli
Agência Câmara Notícias'
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