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sexta-feira, 6 de maio de 2016

Inspeção sanitária terceirizada divide opiniões

Em audiência sobre sanidade agropecuária, debatedor defendeu a liberação de serviços privados, mas representante do governo alertou para risco de conflito de interesses

A CARÊNCIA DE recursos para a estruturação do Sistema Uni cado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa) está travando o avanço do setor no país. A avaliação foi feita ontem por especialistas que participaram de audiência pública na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) para discutir as barreiras ao sistema. Eles afirmaram que a legislação é complexa e falta clareza a respeito das competências de União, estados e municípios.

Uma das principais di culda- des na estruturação do Suasa, avaliaram, é a falta de recursos para a admissão, por concurso, de médicos veterinários para atuar na inspeção dos produtos de origem animal.

Diante da falta de veteriná- rios concursados, vem sendo discutida a ideia de credenciar serviços privados para as inspe- ções de rotina em frigorí cos e outras indústrias de produtos de origem animal.

No debate, a defesa dessa ideia partiu do consultor Mário Nascimento, da Confederação Nacional de Municípios (CNM). Depois de afirmar que os três níveis de governo estão falidos, ele sustentou que não há espaço para novos concursos. Assim, a saída seria mudar.

Presidente da Comissão de Agricultura, Ana Amélia dirige a audiência pública com Rangel (E), Kroetz e Nascimento

de Produtos de Origem Animal — Sisbi), Kroetz disse que o quadro pode até se agravar a partir de agora. O motivo seria uma decisão do Ministério Público Federal obrigando o Ministério da Agricultura a devolver médicos veterinários cedidos por prefeituras e estados por meio de convênios. Esses convênios têm sido usados como saída para evitar que os serviços de inspeção de frigoríficos sejam paralisados por falta de inspetores sanitários federais.

Rangel observou que as dis- cussões estão se concentrando no Sisbi, que é apenas a ponta nal do Suasa, sistema mais abrangente que trata ainda de saúde vegetal e dos rebanhos. Ele também ressaltou que o país está inserido num sistema internacional e não pode fugir das balizas da Organização Mundial de Sanidade Animal.

— Não precisamos ter um sistema idêntico ao da Europa para vender para a Europa, mas é necessário um sistema equivalente para conquistarmos aquele mercado — afirmou.

A audiência foi proposta por Dário Berger (PMDB-SC), que se revezou na coordenação com a presidente da CRA, Ana Amélia (PP-RS).

A lei e permitir que a agroindústria contrate por conta própria serviços privados de inspeção. União, estados e municípios cariam apenas como socais do processo.

Nascimento registrou que, dos quase 5,6 mil municípios do país, até agora apenas 1,3 mil instalaram o exigido Sis- tema de Inspeção Municipal (SIM). Ele salientou que a atuação de veterinários con- tratados já vem sendo adotada em alguns estados.

O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas- tecimento, Luis Eduardo Pacici Rangel, ponderou que é necessário evitar “conflitos de interesse”. Por isso, afirmou, quando foi criado o sistema de inspeção no país, em 1915, prevaleceu a reserva da atividade apenas para agentes públicos.

— Entendeu-se que era necessário o Estado ter uma pessoa ali [nos frigorí cos] que evitasse o con ito de interesse no processo. Evitar, por exem- plo, que uma carcaça fosse liberada quando ela tem uma patologia que poderia signi car risco à saúde pública.

Mesmo sem dizer que pode haver con itos de interesse no que chamou de “terceirização”,

Rangel a rmou que os debates não podem desconhecer essa questão como ponto central.

Adesão baixa

O presidente do Fórum Nacional dos Executores de Sanidade Agropecuária, Inácio Afonso Kroetz, reconheceu que o Suasa continua “patinando”, dez anos depois da criação. Ele registrou que as adesões ao sistema se limitam a 7 estados, 12 municípios e 3 consórcios intermunicipais, além de 150 estabelecimentos produtivos.

Sobre a carência de veterinários (que afeta diretamente Sistema Brasileiro de Inspeção

Pedro França/Agência Senado

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