O
número de mortes por câncer de pulmão entre os homens caiu de 18,5 por 100 mil
em 2005 para 16,3 por 100 mil em 2014. É a primeira vez que a taxa apresenta
queda. O levantamento foi feito pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), com
base em dados do Ministério da Saúde e do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
Segundo
o vice-diretor geral do Inca, Luiz Felipe Ribeiro Pinto, o resultado decorre
das campanhas de redução do tabagismo feitas no país a partir da década de 80,
como proibição de propaganda, aumento de impostos e Lei Antifumo, que são
reconhecidas mundialmente pela eficácia alcançada.
“Nós
conseguimos reduzir de 40% de fumantes no final da década de 80 para menos de
13% hoje em dia. Menos de 13% dos brasileiros são fumantes e a OMS considera o
programa contra o tabagismo do Brasil um dos mais bem-sucedidos do mundo, somos
medalhistas de ouro nessa área", disse.
Segundo
o Inca, 90% dos homens com câncer de pulmão fumaram em algum momento da vida e
a estimativa é que a doença leve 20 anos para se desenvolver.
Mulheres
A
gerente da Divisão de Pesquisa Populacional do Inca, Liz Maria de Almeida, diz
que a redução ainda não foi constatada entre as mulheres porque as brasileiras
foram incentivadas a fumar bem depois do que os homens.
“Na
década de 40 o tabagismo já era bem disseminado entre os homens. Entre as
mulheres veio depois, teve o lançamento da marca Charm na década de 70, voltada
para mulheres. Quando começamos a fazer a campanha contra, as mulheres ligaram
os motores, mas essa turma que começou a fumar nessa época adoeceu e agora a
gente ainda está vendo um aumento no número de casos de câncer entre as mulheres".
Prática
esportiva
A
pesquisa foi apresentada hoje (29), Dia Nacional de Combate ao Fumo, na Casa
Brasil. No evento, o Inca lançou também a campanha #MostreAtitute: Sem Cigarro
sua Vida Ganha mais Saúde. O objetivo é incentivar a prática esportiva como
forma de abandonar o hábito de fumar. Ribeiro explica que a prática de esporte
é uma atividade que previne o câncer, além de outras doenças crônicas não
transmissíveis, e deve ser incentivada desde a juventude.
“A
maioria dos fumantes começa a fumar na adolescência, cerca de 20%, ou seja, um
em cada cinco adolescentes brasileiros entre 13 e 15 anos já se depararam com
cigarro. Isso é extremamente grave e a prática de esportes, que começa na
infância, deve ser um hábito que se cria, assim como não tocar no
cigarro". De acordo com ele, bastam 150 minutos semanais de atividades
físicas para diminuir o risco de contrair doenças, que podem ser até mesmo
caminhada ou subir escadas.
Segundo
Ribeiro,é importante tratar os fatores de risco para câncer e outras doenças
não transmissíveis de forma combinada. “O mais importante é o combo, ou seja, a
ideia de que temos um conjunto de fatores de risco que juntos atuam para
adoecer, mas se a gente combate eles juntos a gente atua também de uma forma
muito mais decisiva para reduzir não só a ocorrência da doença como a
mortalidade por essa doença: dieta adequada, atividade física, combate ao
tabagismo, cuidado com a ingestão de bebidas alcoólicas. É importante todas
essas medidas associadas".
Dentro
das ações para combater o tabagismo, o próximo passo é deixar a embalagem do
cigarro menos atrativa visualmente. “Estamos na campanha da padronização das
embalagens, serão brancas, com a informação de que fumar mata e com as imagens
dos males que o cigarro causa. A Austrália implementou isso e mostrou que sem a
atratividade visual, o adolescente deixa de fumar", diz o vice-diretor
geral do Inca.(Agência Brasil)
Fonte:
Carta Campinas
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