A vacina da gripe foi menos
efetiva neste ano globalmente, comparado a períodos recentes. Isso aconteceu
porque os vírus da influenza mudam constantemente, assim como as cepas que
circulam por todas as regiões do mundo. Agora, cientistas do Instituto de Pesquisa
The Scripps, na Califórnia, descobriram um novo aspecto do micro-organismo e
como ele interage com os anticorpos nos pulmões. Esse estudo, de acordo com os
pesquisadores, poderá levar a novos tratamentos para pessoas que estão
infectadas. O trabalho foi publicado hoje na revista Cell Reports.
“Isso foi totalmente
inesperado”, disse Lars Hangartner, professor de imunologia no Scripps e autor
sênior do estudo. “Nós descobrimos que anticorpos chamados IgAs, comumente
encontrados na superfície das mucosas, podem nos proteger de infecções de duas
formas distintas.” As vacinas de gripe funcionam apresentando moléculas virais,
os antígenos, ao sistema imunológico. Essas substâncias agem ensinando o
organismo a reconhecer e produzir anticorpos contra o vírus, caso o vejam
novamente.
Hoje, as vacinas de gripe
estimulam mais os outros anticorpos que o IgA, mas, baseados na nova
descoberta, os pesquisadores estimaram que essa pode não ser a melhor
abordagem. Os cientistas estudaram quatro tipos de anticorpos em culturas de
células para descobrir quais eram mais potentes contra o vírus influenza. Eles
constataram que um subtipo chamado IgA1 era o mais efetivo. Pesquisas
posteriores revelaram que uma parte do IgA em particular o tornou tão eficaz —
um tipo de rabo no fim da molécula que pode inibir diretamente a gripe e outros
vírus.
Bloqueio
Trabalhando com colaboradores da Universidade de Zurique, os pesquisadores
descobriram que esse rabo bloqueia a parte do vírus que permite a ele se ligar
às células que o micro-organismo quer infectar. Isso sugere que o anticorpo IgA
trabalha por meio de duas atividades imunes diversas: a adquirida, que é
tradicionalmente associada a anticorpos que especificamente reconhecem
patógenos, e inata, que é um ataque mais amplo e menos específico.
Como é difícil de trabalhar
com os IgAs, Hangartner diz que pesquisas futuras vão focar no desenvolvimento
de anticorpos que sejam mais fáceis de produzir e que possam ser testados em
ratos. Segundo o cientista, as descobertas podem ser traduzidas em tratamentos
efetivos para pessoas que já estão infectadas ou que têm contato próximo com
variantes da gripe potencialmente letais. Isso significa que o tratamento
futuro pode ser oferecido a mais pessoas, e a um custo mais baixo, esclarece.
Fonte: Panorama Farmacêutico
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