A fabricante de suplementos
nutricionais Nutrilatina, com sede em Curitiba e controlada por Idemar Antonio
Froldi Júnior, entrou com pedido de recuperação judicial na terça-feira.
Fundada há 30 anos por Idemar
Froldi, pai do atual controlador, a empresa tem uma dívida total de R$ 110
milhões, dos quais R$ 32,2 milhões estão considerados no pedido protocolado na
1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central de Curitiba.
A recessão, que começou em
2014 e durou quase três anos no país, não ajudou. Mas, a Nutrilatina já vinha
com problemas antes disso. O faturamento, que chegou a R$ 200 milhões em 2010,
caiu para R$ 120 milhões em 2015 e agora está na casa dos R$ 50 milhões.
Entre 2008 e 2010, a empresa
decidiu ampliar o portfólio. O plano não deu certo. As linhas Renovee, de
“nutricosméticos”, e Linolen, que prometia reduzir gordura corporal, não
registraram vendas conforme o esperado. Os suplementos da marca Age tiveram
desempenho fraco no varejo. Restrições a campanhas de publicidade, impostas
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em especial aos
produtos da Rennovee, também atrapalharam o desempenho.
Em 2012, a empresa estava
preparada para triplicar a capacidade de produção da linha Renovee e iniciar
exportações para sete países da América Latina. No mercado nacional, a meta era
chegar a 13 mil farmácias em 2013. Não foi o que ocorreu.
“O ano de 2012 começou com
grandes problemas, como clientes acumulando estoques de Linolen e Rennovee,
distribuidores com grandes volumes de Age, acordos comerciais não cumpridos e
entrega de pedidos com atrasos em função do descompasso no fluxo de caixa”, diz
o pedido de recuperação judicial, preparado pelo escritório de advocacia Dasa –
Deneszczuk Antonio Sociedade de Advogados.
A partir de 2013, a
Nutrilatina “mergulhou num círculo destrutivo de tomada de empréstimos com as
instituições financeiras, queda de participação no mercado e consequente
redução do já comprometido fluxo de caixa”. A recessão piorou o quadro. A
bancos, a empresa deve, segundo o pedido entregue à Justiça, quase R$ 25
milhões. A fornecedores, pouco mais de R$ 6 milhões. Funcionários precisam
receber R$ 495 mil.
A Nutrilatina, em paralelo à
recuperação judicial, que ainda precisa do sinal verde da Justiça, busca
investidores. “Estamos abertos a propostas. Pode ser a venda do controle da
companhia ou um empréstimo, com ações em garantia”, diz Douglas Duek, CEO da
Quist Investimentos, que está assessorando a Nutrilatina.
Segundo Duek, já ocorreram
conversas com três empresas, sendo dois fundos de private equity e uma empresa
que já opera no mercado de suplementos nutricionais. Duek está trabalhando em
parceria com Carlos Denezszuk, sócio principal do Dasa.
Duek explicou que dos cerca de
R$ 77 milhões que estão fora do pedido de recuperação judicial, em torno de R$
50 milhões são referentes a dívidas de impostos (que poderão eventualmente beneficiar-se
do Refis, se a companhia começar a pagar seus compromissos tributários). O
restante está nas mãos de credores diversos. As negociações envolvendo esses
débitos também serão apoiadas pelo Dasa e pela Quist.
Fonte: Valor Econômico
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