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sexta-feira, 27 de abril de 2018

Estudo com células-tronco aponta promessa terapêutica para diversas doenças


A malignidade tumoral tem sido associada à presença de células-tronco cancerígenas, sendo que, quanto maior a presença de tais células, mais agressivo o tumor é classificado, refletindo em um pior prognóstico para o paciente. Este é um dos principais resultados da pesquisa desenvolvida pelo professor da Universidade de São Paulo (USP), Alexander Henning Ulrich, também bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e líder do Laboratório de Neurociências[1], certificado pela USP junto ao Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil, [2], do CNPq.

Prof. Alexander Henning Ulrich no Laboratório da USP (Foto: IQ/USP)
A pesquisa envolveu o estudo sobre Células-tronco (CT), "que são células com capacidade de auto-renovação e que, devido às suas características, nos últimos anos, têm surgido como uma importante promessa terapêutica para diversas doenças", explica o professor Ulrich.  As CT encontradas nos tumores têm sido apontadas como responsáveis pela iniciação e crescimento tumoral, resistência às terapias clássicas e, pela volta da doença depois do tratamento (recidiva).

Ulrich esclarece que no laboratório foi estudado o papel das cininas ("mensageiros" gerados no sangue) e das purinas (moléculas produzidas no organismo) sobre as células-tronco a fim de que essas moléculas possam ser utilizadas como terapia para doenças neurodegenerativas.

Os receptores de cininas estão localizados na superfície das células e esses receptores são responsáveis por captar e reconhecer a presença das cininas no tecido. As cininas, por sua vez, são moléculas que, ao ligar-se aos receptores, promovem vários modificações nas células. "Entre estes efeitos, nosso grupo mostrou que a bradicinina (uma cinina) favorece a formação de novos neurônios a partir de células-tronco, em um processo denominado neurogênese", aponta Ulrich.

Estas recentes descobertas abrem novas perspectivas para um efeito benéfico das cininas em doenças do sistema nervoso, tais como Parkinson, esclerose lateral amiotrófica e Alzheimer. Além disso, explica o pesquisador, "as cininas e seus receptores também apresentam perspectiva de tratar tumores do sistema nervoso, já que foi mostrado seu papel na indução da diferenciação de células de cânceres, ou seja, elas seriam transformadas e remediadas, freando assim, o crescimento tumoral".

Indagado sobre o porque das células-tronco de origem tumoral serem responsáveis pelo desenvolvimento de tumores, o professor Ulrich revela que as  células tronco de origem tumoral, ao se proliferarem, são capazes de auto-renovar, gerando mais células-tronco, e também de diferenciar em outros tipos celulares encontrados no tumor, como, por exemplo, células endoteliais que dão origem a vasos sanguíneos, o que acaba por ajudar a nutrir  o tumor, bem como seu crescimento.

Nesse estudo também foi abordado o desenvolvimento de aptâmeros (moléculas formadas de DNA) que se ligam à superfície de células tumorais, e que servem para antecipar a identificação da malignidade do tumor e podem, desta forma, ajudar na escolha antecipada de uma terapia adequada para aquele tipo de tumor.

O professor Ulrich explica que os aptâmeros, como ligantes específicos, podem futuramente ser utilizados não só para identificar e quantificar a presença de células-tronco em amostras tumorais, mas também determinar a sua malignidade.

A próxima etapa da pesquisa, explica o pesquisador, seria demonstrar a aplicação dos aptâmeros também como promissora ferramenta terapêutica, já que são capazes de carregar e entregar drogas quimioterápicas ao tumor de maneira mais específica que a terapia convencional. Esse procedimento poderá ajudar a minimizar os efeitos colaterais associados ao tratamento dos pacientes, pois levaria a droga para célula cancerígena alvo do tratamento, poupando o restante do organismo. 

A equipe do professor Ulrich atestou que aptâmeros possuem ação comprovada em células tumorais de pulmão. Todavia, em células tronco tumorais de glioblastoma (tumor maligno mais comum no cérebro), os experimentos continuam para comprovar a ação dos aptâmeros.

A pesquisa, cujo título é "Células-tronco: dos papéis de receptores de cininas e purinas às aplicações terapêuticas em doenças do sistema nervoso", gerou um registro de patente[3] e contou com recursos da Chamada "Pesquisa Translacional em Terapia Celular", da ordem de R$ 150 mil em custeio e R$ 96 mil em bolsas. A Chamada foi uma parceria do CNPq com o Departamento de Ciência e Tecnologia[4], do Ministério da Saúde.

Coordenação de Comunicação do CNPq 



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