Barreiras que impedem acesso à
saúde para um terço da população das Américas devem ser superadas, afirma OPAS.
Foto: Agência Brasil/Marcelo Camargo
Às vésperas do Dia Mundial da
Saúde, a diretora da Organização
Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, e a ex-presidenta do
Chile Michelle Bachelet pediram na quarta-feira (4) soluções coletivas que
permitam a todas as pessoas, em todos os lugares, acessarem os serviços de
saúde dos quais necessitam.
Na região das Américas, um
terço da população enfrenta obstáculos para acessar a saúde. “A saúde é um
direito e, por isso, devemos superar as barreiras que impedem o acesso ao
atendimento”, afirmou Etienne, pedindo a eliminação do pagamento direto que
muitas pessoas precisam fazer no ponto de entrada dos serviços de saúde. Esse
pagamento, segundo ela, “constitui a principal barreira e leva famílias à
pobreza”.
Outras barreiras são as geográficas,
institucionais e o estigma e a discriminação nos serviços de saúde, assim como
as iniquidades. “Não é suficiente ter hospitais e centros de saúde. Essas
instituições devem contar com a combinação adequada de recursos humanos,
infraestrutura, equipes, medicamentos e outras tecnologias de saúde para evitar
longos prazos de espera e oferecer uma atenção de qualidade”, afirmou Etienne.
A saúde universal, tema do Dia
Mundial da Saúde, implica que todas as pessoas e comunidades tenham acesso, sem
discriminação alguma, a serviços de saúde de qualidade sem ter que se expor a
dificuldades financeiras. Sob o lema “Saúde universal: para todos e todas, em
todos os lugares”, a campanha regional para as Américas, impulsionada pela
OPAS, busca gerar consciência e encontrar soluções que ajudem a alcançar a
saúde universal para todas as pessoas em 2030.
“Precisamos de um movimento
regional massivo e escutar todas as vozes” para avançar rumo à saúde universal,
pontuou Etienne. Em 2017, a OPAS lançou no Equador um fórum com a participação
de diversos setores e criou a Comissão de Alto Nível “Saúde universal no século
XXI: 40 anos de Alma-Ata”, com Michelle Bachelet ainda como presidenta.
Para que exista saúde
universal, para todos e em todos os lugares, “temos que construir consensos
nacionais, pois os desafios são de tal magnitude que requerem o compromisso e o
esforço de todos”, alertou Bachelet durante a conferência organizada pela OPAS
em Washington, nos Estados Unidos, para celebrar o Dia Mundial.
Há 40 anos da Declaração de
Alma-Ata, que impulsionou os valores do direito à saúde, equidade e
solidariedade, Bachelet reconheceu a atenção primária como um foco estratégico
no desenvolvimento dos sistemas e serviços de saúde e que as Américas seguem como
uma das regiões mais desiguais do mundo.
Bachelet considerou que houve
avanços importantes desde Alma-Ata, mas que ainda persistem profundas brechas
entre os países e dentro dos países. “Ao mesmo tempo em que existem centros de
saúde com uma qualidade que não podíamos imaginar no passado, há mulheres e
crianças morrendo por causas totalmente evitáveis”, lamentou. Para a médica
chilena, “a desigualdade é um grande inimigo na América Latina e no Caribe”.
A ex-presidenta disse que a
estratégia de saúde universal da OPAS, os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) e a agenda sustentável para as Américas infundem uma nova
vida ao caminho traçado em Alma-Ata. Sustentou também que o caminho inclui uma
ênfase maior para a promoção de saúde e prevenção de doenças, reduzir a
segmentação e a fragmentação dos serviços de saúde, resguardar as condições de
trabalho dos profissionais, incluir novas tecnologias e inovação e melhorar a
regulação do Estado para a construção de sistemas de financiamento que promovam
a solidariedade.
“Para isso, não há milagres
nem atalhos, o que há é um longo caminho de trabalho coletivo que leva a mais
justiça para todas e todos”, concluiu Bachelet.
Fonte: nacoesunidas.org
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