Segundo estudos de 2009 e 2010, enquanto a população em geral tem uma prevalência de até 0,7% de pessoas vivendo com AIDS, esse número sobe para 10,5% para a população-chave de gays e homens que fazem sexo com outros homens e para 4,9% para profissionais do sexo. Foto: EBC
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) no Brasil está desenvolvendo em parceria com o Ministério da Saúde três pesquisas nacionais com populações-chave para entender e referenciar como e onde ocorrem as transmissão do HIV.
Os estudos, em andamento, são realizados com homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo e travestis e transexuais. As análises começaram no ano passado e a previsão é que o trabalho de campo seja finalizado no período de dois anos. A publicação dos dados iniciais está prevista para 2017.
Para a oficial de educação da UNESCO no Brasil, Mariana Braga, a pesquisa é importante porque “atualmente não existem dados epidemiológicos nacionais específicos que possibilitem identificar a magnitude, as tendências e o perfil da epidemia de HIV/AIDS e outras infecções sexualmente transmissíveis entre a população de travestis e transexuais”.
“Para poder planejar ações de educação preventiva baseadas em evidências, é imprescindível conhecer comportamentos, atitudes e práticas deste grupo”, completou.
A pesquisa foi citada pela diretora do Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken, durante a Conferência Internacional de AIDS, que aconteceu em Durban, na África do Sul, na semana passada.
Na ocasião, ela também anunciou que, pela primeira vez, o Brasil fará a distribuição de kits da chamada profilaxia pré-exposição (PrEP) como forma de prevenir e evitar a infecção por HIV. O kit será distribuído por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e o objetivo é alcançar 10 mil pessoas que façam parte de populações-chave com alto risco de infecção.
O Prevention Gap Report (Relatório Lacuna na Prevenção, em tradução livre), do UNAIDS, lançado no início de julho, estima que existiam no Brasil, em 2015, 830 mil pessoas vivendo com HIV/AIDS.
Segundo estudos desenvolvidos em 2009 e 2010, enquanto a população em geral tem uma prevalência de 0,4% a 0,7% de pessoas vivendo com AIDS, esse número sobe para 10,5% para a população-chave de gays e homens que fazem sexo com outros homens e para 4,9% para profissionais do sexo.
Metodologia da pesquisa
No total, serão mais de 4 mil participantes do país inteiro, que serão entrevistados, por meio de questionários e testes de HIV.
A pesquisa é realizada por meio de um processo estatístico ainda pouco usado no Brasil, chamado Amostragem Dirigida pelo Entrevistado, que assegura que as populações de mais difícil acesso sejam incluídas.
O processo funciona por indicação do próprio grupo populacional a ser estudado, ou seja, um indivíduo indica o outro. Em geral, a amostragem é utilizada em unidades de saúde, por estimular o uso dos serviços de saúde e quando existe certo limite de alcance da população a ser estudada.
Para a realização das pesquisas com cada tipo de população foram firmadas parcerias com outras instituições.
Na pesquisa com travestis e transexuais, a UNESCO conta com a parceria da John Hopkins Bloomberg School of Public Health, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/FIOCRUZ) e da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (FIOTEC).
A FIOCRUZ e a FIOTEC também são parceiras da UNESCO na pesquisa com profissionais do sexo. Além disso, a Universidade Federal do Ceará é a parceira da pesquisa com a população de homens que fazem sexo com homens.
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