Projeção de cientistas das
Universidades Notre Dame e de Southampton revela pior cenário até o fim da
epidemia; 1,6 mi de mulheres férteis estariam sob risco
Cerca de 93 milhões de pessoas
na América Latina e no Caribe - incluindo 1,6 milhão de mulheres férteis -
podem ser infectadas pelo vírus zika até o fim da atual epidemia, dentro de
dois ou três anos, de acordo com uma nova projeção feita por um grupo de
cientistas americanos e britânicos.
O estudo, liderado por Alex
Perkins, da Universidade Notre Dame (Estados Unidos), em parceria com
cientistas da Universidade de Southampton, foi publicado nesta segunda na
revista científica Nature Microbiology.
Segundo Perkins, esses números
representam o pior cenário possível. “Por um simples fator aleatório, e porque
alguns lugares são relativamente isolados e esparsamente povoados, o vírus não
vai chegar a todos os cantos do continente”, disse.
A estimativa foi feita a partir da soma de milhares de
projeções localizadas sobre o número de pessoas que podem ser infectadas em
quadrantes de cinco por cinco quilômetros em todo o continente. Como o vírus
não deve chegar a todos os pontos da região, o total de 1,65 milhão de mulheres
é o limite máximo para infecção nesta primeira onda de zika.
Com base nas atuais taxas de
problemas congênitos em mulheres infectadas, a pesquisa sugere que dezenas de
milhares de gestações poderão ser afetadas. De acordo com os autores do artigo,
no dia 30 de junho, já haviam sido registrados 1.674 casos confirmados de microcefalia
associada à zika em cinco países, incluindo o Brasil.
“É difícil prever com precisão
quantas mulheres férteis podem estar submetidas ao risco de infecção por zika,
porque uma grande proporção dos casos não apresenta sintomas. Isso invalida os
métodos que se baseiam apenas em dados sobre os casos e gera um imenso desafio
para os cientistas que tentam entender essa doença”, disse o geógrafo Andrew
Tatem, da Universidade de Southampton.
Cerca de 80% dos casos de zika
são assintomáticos, segundo o cientista. Além disso, parte dos casos nos quais
aparecem sintomas pode ser consequência de infecção cruzada por outros
vírus.
Esses fatores, combinados à
inconsistência dos relatos de casos e à heterogeneidade do acesso à saúde em
diferentes regiões, fazem com que os dados baseados em relatos de casos sejam
pouco confiáveis, segundo Tatem.
Para contornar a dificuldade,
na nova pesquisa, os cientistas construíram uma previsão baseada na soma das
projeções locais de alastramento da zika, levando em conta padrões da doença
apresentados em epidemias semelhantes, associando-os a outros fatores como
vetor de transmissão (o mosquito), condições climáticas e períodos de incubação
do vírus.
O mosquito 'Aedes aegypti' é
transmissor do zika, da dengue e da chikungunya
Europa tem 1º bebê com
microcefalia ligada à zika
Médicos espanhóis divulgaram
nesta segunda-feira, 25, o nascimento do primeiro bebê nascido com microcefalia
ligada à zika registrado na Europa. Uma mulher infectada com o vírus deu à luz
um bebê com a má-formação no domingo, no Hospital Vall d’Hebron, em Barcelona.
A mãe, que não foi identificada, contraiu o vírus em uma viagem à América
Latina, para um país que não foi revelado pelas autoridades de saúde
espanholas. O sexo do bebê também não foi informado.
O chefe de Pediatria Neonatal
do hospital, Felix Castillo, disse à imprensa que “o bebê não precisou ser
ressuscitado”, que seus sinais vitais são “normais e estáveis”, mas que ele
nasceu com a cabeça “menor que o normal, indicando microcefalia”.
Segundo Castillo, a criança foi monitorada constantemente e
nasceu de cesariana, após 40 semanas de gestação. De acordo com ele, em maio,
as autoridades de saúde informaram aos pais que a microcefalia havia sido
detectada no feto, mas o casal decidiu ter o bebê.
Até agora, nenhum caso de
nascimento de bebês com microcefalia ligada à zika havia sido registrado na
Europa. Em fevereiro, foi relatado o caso de uma mulher da Eslovênia que
contraiu zika e engravidou durante uma viagem a trabalho para o Nordeste
brasileiro. O feto foi diagnosticado com microcefalia, mas a mãe optou por
interromper a gravidez com 32 semanas de gestação.
A Espanha já identificou 190
casos de infecção por zika até agora, segundo o Ministério da Saúde. Uma pessoa
contraiu o vírus por transmissão sexual e as outras 189 em viagens ao exterior.
/ COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
O Estado de S. Paulo
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