O
embaixador do Reino Unido no Brasil, Alex Ellis, assegurou hoje (19), durante
palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro, promovida pelo Centro
Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), que a saída do país do bloco da
União Europeia abre perspectivas de ampliação de acordos comerciais com o
Brasil, inclusive na área agrícola.
Segundo
ele, o primeiro passo nessa direção “é abrir as negociações entre Reino Unido e
União Europeia”. A saída do Reino Unido da UE tem de ser negociada e, depois,
ratificada, o que deverá durar cerca de dois anos.
O
embaixador afirmou que a vitória do Brexit (abreviação de Britain, que
significa Grã-Bretanha, e exit, que designa a saída do Reino Unido do bloco
europeu), levanta possibilidades em termos de comércio com terceiros. Advertiu,
no entanto, que “tudo pela frente é especulação”.Alex Ellis disse que, ao mesmo
tempo, “temos de ver as oportunidades para nossa vida pós-União Europeia. O
Brasil é um dos países que temos interesse em reforçar os laços comerciais. Mas
terá de ser passo a passo. Há vários países pedindo para fechar acordos
conosco, mas temos de priorizar, pensar. É claro que o Brasil é muito
importante para nós. Espero que nos próximos dez anos possamos até aumentar
nossas relações”.
Conforme
Ellis, informaram que o Reino Unido será mais liberal em relação a uma política
agrícola separada da União Europeia. Acrescentou, porém, que as consequências
do Brexit ainda são desconhecidas.
O embaixador
lembrou que, na área agrícola, o Reino Unido tem produtores também na Escócia e
Irlanda “e não sabemos como eles vão reagir” a uma eventual política de menor
protecionismo. “Parece que será mais liberal, mas temos de aguardar”. Admitiu
que talvez seja mais interessante esperar que a União Europeia avance na
direção de um acordo com o Mercosul para depois importá-lo para a legislação
nacional.
Alex
Ellis disse também que é difícil prever qual será a consequência do Brexit
sobre outros países do bloco europeu. Afirmou que quase todas as nações
entraram na UE como um ato de afirmação e experimentaram crescimento com essa
atitude. Segundo ele, o Reino Unido não experimentou nenhum boom de crescimento
por entrar no bloco. “A associação da União Europeia com liberdade e
prosperidade não existitu no Reino Unido, como ocorreu em todas as demais
nações.”
Fluxo
migratório
Em
relação ao papel da imigração no resultado - 52% favoráveis ao Brexit e 48%
pela permanência na UE -, Ellis informou que mais importante que a sensação de
números da imigração é a sensação de falta de controle. O fluxo migratório foi
intenso ao se abrirem as fronteiras do Reino Unido. “A meu ver, o sentimento na
política de falso controle é muito perigoso. Foi uma grande mudança no nosso país
e não podemos fazer nada. Provoca sentimentos difíceis”.
O
embaixador Marcos de Azambuja, conselheiro do Cebri, destacou que o Reino Unido
não pode negociar nada enquanto ainda estiver dentro do bloco. Em relação à
possibilidade de um acordo com o Brasil, admitiu que ficou mais fácil. “Todo
acordo one a one é melhor do que um acordo com a UE, onde há 28 países com
interesses divergentes. Todo acordo agrícola para o Brasil é necessário, mas
para os outros é complicado, porque o Brasil é competitivo nessa área.”
A
economista Lia Valls, da Fundação Getulio Vargas, concordou que o cenário ainda
é muito incerto. “Não dá para afirmar nada”. Segundo ela, o Reino Unido terá de
negociar com a União Europeia e depois ratificar sua saída do bloco, antes de
pensar em negociar algum acordo com terceiros países. “Enquanto isso, fica uma
situação de muita incerteza", concluiu.
Fonte:
Agência Brasil
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