O segundo volume da Pesquisa Nacional de Saúde
(PNS 2013) foi lançado na última terça-feira (2/6), na sede
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trazendo informações
sobre o acesso e utilização dos serviços de saúde, acidentes e violências. O
lançamento teve a presença do Ministro da Saúde, Arthur Chioro, além de
pesquisadores da Fiocruz e outros colaboradores.
De acordo com o estudo, realizado em parceria com a Fiocruz, 71% dos
brasileiros tem os serviços públicos de saúde como referência. São três em cada
quatro brasileiros que costumam buscar atendimento médico na rede pública de
saúde. Desses, 47,9% buscam a Unidade Básica de Saúde. Sobre as internações,
65,7% das pessoas internadas foram atendidas pelo SUS.
“A pesquisa mostra objetivamente que 95% da população que procura o
serviço público de saúde encontra atendimento em sua primeira tentativa, então
está sendo garantido acesso”, afirmou Chioro. O Ministro ressaltou que os dados
foram coletados antes da implementação do Programa Mais Médicos, e que futuras
coletas podem refletir o aumento do acesso às equipes de saúde.
Um dos assuntos principais desse volume da PNS é o acesso e a utilização
dos serviços de saúde. Nesse sentido, estimou-se que mais da metade dos
entrevistados mora em domicílios cadastrados no Programa Saúde da Família,
somando 56,2%. Um terço da população (33,2%) obteve medicamentos no serviço
público, sendo 21,9% via Programa Farmácia Popular.
Sobre a saúde bucal, a pesquisa revela que no Brasil a maioria dos
atendimentos foram em consultórios ou clínicas particulares, 74,3%. “Esse dado
não nos assusta, pois a expansão da oferta de saúde bucal é muito recente no
Brasil”, comentou Chioro, que apontou que a assistência odontológica é, para o
Ministério, um dos pontos estratégicos.
Acidentes e violência como problema de saúde
Outras informações levantadas pela PNS mostram que no Brasil há grande
prevalência de domicílios com animais domésticos, sendo que 44,3% dos
entrevistados convivem pelo menos um cão e 17,7% com um ou mais gatos. “É um
número importante para políticas de vacinas e zoonoses”, informou Flávia
Vinhaes Santos, do IBGE, que apresentou os números da pesquisa.
Dentre os problemas de saúde que motivam ausência no trabalho das
pessoas entrevistas, o mais informado foi a gripe ou o resfriado, totalizando
7%. Além disso, 12% da população entrevistada informou ter recebido diagnóstico
de dengue no ano da coleta.
Os acidentes de trânsito e a violência também foram um dos aspectos
apresentados nesse volume, como fatores que impactam a qualidade de vida da
população. Muitos brasileiros ainda não tem o hábito de usar o cinto de
segurança no banco de trás dos veículos, 49,8%. O uso é menor nas zonas rurais
e nas regiões Norte e Nordeste. Nas áreas rurais, também é alto o índice de
pessoas que não usam capacetes ao utilizarem motocicletas, cerca de 20%. A
pesquisa mostra que 3,1% dos brasileiros sofreram acidente de trânsito com
lesão corporal naquele ano.
Sobre a violência, 3,1% das pessoas sofreu algum tipo de agressão no ano
de referência. A proporção foi maior entre homens e jovens, mas entre as
mulheres, preocupa que a violência tenha sido provocada por pessoa conhecida (3,1%).
“O uso do cinto de segurança melhora em todas as circunstâncias, mas de
modo muito diferenciado pelas regiões. Nós temos estudos que mostram que o uso
do cinto no banco da frente reduz em até 45% o risco de morte por acidente e,
no banco de trás, em até 75%. Ainda é insuficiente e nós temos uma margem
considerável de avanço a partir deste dado que a pesquisa nos trás”, avaliou
Chioro.
Saúde a partir dos próprios moradores dos domicílios brasileiros
A Pesquisa Nacional de Saúde foi um inquérito domiciliar realizado pelo
Ministério da Saúde, IBGE e Fiocruz, que entrevistou uma amostra de 80 mil
domicílios de todo o país. Ainda serão disponibilizados outro volume com
informações adicionais e o estudo terá periodicidade de cinco em cinco anos.
“Foi investigada com profundidade a questão da saúde a partir dos próprios
moradores dos domicílios brasileiros e a cada etapa nós estamos aprofundando as
questões que a pesquisa levanta”, afirmou Wasmália Bivar, presidente do IBGE.
“A Fiocruz contribuiu na elaboração do projeto, desde o planejamento,
com consultas a áreas técnicas do Ministério da Saúde e outros pesquisadores da
área acadêmica com expertise em inquéritos, e também na definição da amostragem
e do questionário. As próximas etapas deverão ter indicadores e novas
análises”, informou a pesquisadora Celia Landman Szwarcwald, que coordenou
o estudo no âmbito do Laboratório de Informação em Saúde do Instituto de
Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em
Saúde (Lis/Icict/Fiocruz).
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