Senadores
recebem relatórios sobre indicados para dirigir a Anvisa Indicado pelo governo,
Jarbas Barbosa tem experiência em saúde pública e bom trânsito entre vários
partidos elogiado por sua trajetória profissional tanto pelo senador José Serra
(PSDB-SP) como pelo senador Humberto Costa (PT-PE) – ambos ex-ministros
da Saúde, respectivamente, nos governos de Fernando Henrique Cardoso e de Luiz
Inácio Lula da Silva. Também foi alvo de comentários enaltecendo o seu trabalho
por parte de diversos outros parlamentares e pelo atual ministro titular da
pasta, Arthur Chioro.
Considerado
um dos maiores especialistas em saúde pública no Brasil e tido como apadrinhado
de Chioro, Jarbas Barbosa é visto como um técnico de currículo exemplar e bom
trânsito entre políticos de vários partidos. Sem falar que exerceu praticamente
todos os cargos na sua especialidade, tanto no âmbito municipal como estadual e
no ministério, assim como em organizações internacionais.
Foi
secretário municipal e estadual de Saúde, secretário de vigilância em Saúde do
ministério, secretário-executivo do ministério, gerente da área de vigilância
sanitária da Organização Pan-americana de Saúde (Opas), em Washingon-DC – cargo
este, ocupado após ter sido aprovado em um concurso público internacional – e
consultor legislativo do Senado (também concursado). Voltou ao ministério em
2011 para a Secretaria de Vigilância em Saúde e desde o início do ano ocupa a
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos da pasta.
Barbosa
possui especializações em Saúde Pública e em Epidemiologia, mestrado em
Ciências Médicas e doutorado em Saúde Coletiva. “É um profissional que, além da
competência na atuação, possui um sentido de espírito público muito grande. É
bem quisto porque não costuma fazer distinção no seu trabalho: se está tratando
da prevenção a uma doença e é preciso direcionar mais verbas para determinado
estado, não lhe interessa saber quem está governando esse estado”, contou um
ex-assessor que trabalhou com o secretário no início do governo Lula.
Militância
estudantil
Embora sem
filiação a qualquer partido político, Jarbas Barbosa também militou no
movimento estudantil de Pernambuco, na década de 80, ao lado do ex-ministro e
senador Humberto Costa (PT-PE). Ocupou a secretaria de Saúde no terceiro
governo de Miguel Arraes e chegou ao ministério, no governo Fernando Henrique
Cardoso, por intermédio de Serra, que o convidou após assumir a pasta.
Na
montagem do primeiro governo Lula, Barbosa foi chamado por Humberto Costa para
retornar à equipe do ministério. Também chegou a presidir o Comitê Executivo da
Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no período entre 2013 e 2014. Hoje,
representa o país como vice-presidente, no Conselho Executivo da Organização
Mundial de Saúde (OMS).
O médico
costuma ser citado pelos colegas por possuir obsessão pelo trabalho e
capacidade de estimular equipes em torno dos projetos que desenvolve. Numa
dessas ocasiões, foi o responsável pela implementação e descentralização do
chamado programa de prevenção e controle de doenças, considerado uma
experiência bem-sucedida no país. Ele
também coordenou operações que resultaram na quebra de patentes de vários
medicamentos por indústrias farmacêuticas e levaram ao envio do princípio ativo
desses remédios para o laboratório Farmanguinhos – para a produção de remédios
genéricos que permitiram o oferecimento, à população, em valores bem mais
acessíveis.
De Aids a
verminoses
Além
disso, são sempre mencionados, em sua atuação, trabalhos que chamaram a atenção
da área na coordenação do programa estadual DST-Aids em Pernambuco, no período
entre 1982 e 1990, e a implementação de vários programas (no período em que foi
secretário estadual) que ajudaram a consolidar o SUS no Nordeste,
principalmente na rede hospitalar, com ações articuladas de vigilância e
epidemiologia sanitária. Outro ponto bastante lembrado é o fato de ter sido
quem deu início ao chamado Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada
aos Serviços do SUS (Episus), que forma, desde então, especialistas em
investigações de campo de surtos e epidemias.
Informações
de bastidores são de que Arthur Chioro empenhou-se pessoalmente na indicação de
Jarbas Barbosa para ocupar a vaga na Anvisa, a ponto de ter conversado com
produtores de vacinas, de remédios e equipamentos médicos, antes mesmo de o
Palácio do Planalto enviar o nome do médico ao Congresso. E em todos os
contatos, Chioro teria defendido o nome dele com o argumento de que a agência
precisa de um presidente que seja técnico da área e não tenha filiação nem
indicação partidária.
Dado a um
estilo discreto, que se limita a conceder entrevistas apenas para falar do
trabalho, Barbosa afirmou, em entrevista ao Diário de Pernambuco em 2012, que
por conta da sua atuação nos organismos internacionais, teve contato com
experiências de outros países que pôde comparar com o trabalho em realização no
Brasil. Ele defendeu que em determinadas doenças, como as verminoses, o melhor
é o tratamento coletivo, filosofia que tem procurado adotar, como forma de
atender mais rapidamente aos pacientes e como técnica de prevenção.
Fernando
Neto
A Comissão
de Assuntos Sociais do Senado (CAS) fez a leitura do relatório com a indicação
da Casa Civil de Jarbas Barbosa e, também, de Fernando Mendes Garcia Neto,
outro nome indicado para uma diretoria ao lado de Barbosa. Garcia Neto é o
atual diretor-adjunto da Anvisa e sua indicação consiste num atendimento da
presidenta Dilma a pedido do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
O
diretor-adjunto também é considerado um técnico renomado da área de saúde e
inteirado das ações da agência. Conforme informações da CAS, após a leitura do
relatório, os senadores possuem prazo de uma semana para fazer considerações
sobre os indicados. Em seguida, deverá ser marcada a data da sabatina de ambos
–, o que deve ocorrer até o dia 26.
por Hylda
Cavalcanti, da RBA
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