De acordo com o Ministério da
Saúde, o número de casos de dengue saltou de 626 mil no boletim anterior, que
ia até o dia 11 de abril, para 745 mil, número registrado até o dia 18 de
abril. O número de pessoas infectadas aumentou nos estados de São Paulo, Goiás,
Minas, Paraná e Pernambuco. Só em São Paulo, mais de 400 mil pessoas tiveram
dengue este ano. Mais da metade dos casos no país inteiro. Na capital, mais de
60 mil pessoas tiveram dengue. A cada cinco minutos uma pessoa é contaminada
pela dengue no Brasil. E o número de mortes praticamente dobrou.
Luiz Alves - Câmara dos
Deputados
Diante dos números, o Ministério
da Saúde admitiu que há uma epidemia no país. A situação é mais grave em sete
estados, e principalmente na Região Sudeste.
Para debater essa situação, a
Comissão de Seguridade Social e Família promoveu, nesta quinta-feira (28), uma
audiência pública reunindo parlamentares e especialistas. A CSSF é presidida
pelo deputado Antonio Brito (PTB-BA) e a audiência foi solicitada pelo deputado
Mandetta (DEM-MS).
Segundo representante do
laboratório Sanofir Pasteur, estudos clínicos de desenvolvimento da vacina
foram concluídos e a solicitação de registro já foi enviada à AVISA no final de
março, existindo assim uma expectativa de lançamento da vacina entre o final do
ano de 2015 e início de 2016. Em 5
capitais brasileiras (Campo Grande, Fortaleza, Goiânia, Natal e Vitória) já
foram feitos testes em seres humanos da vacina contra a dengue. Os estudos
foram conduzidos na América Latina e na Ásia, onde a dengue também é uma
epidemia. Em testes anteriores, o medicamento tem se mostrado seguro para a
saúde.
A vacina
Lúcia Bricks, do Sanofi
Pasteur, laboratório responsável pela produção da vacina, apresentou as formas
de pesquisa do laboratório para criação de uma vacina contra a dengue. A vacina
é composta por três doses, que devem ser dadas com intervalos de seis meses.
Todos os pacientes serão observados durante o período, e qualquer caso de febre
deve ser relatado aos médicos pesquisadores. Ela ressaltou que a pesquisa já
foi feita em quinze países e 40 mil pessoas, com pessoas de 9 meses aos 60 anos
de idade. De acordo com Lúcia, os
índices de segurança foram aprovados, já que não houve reação aos medicamentos.
Os resultados finais mostraram que a vacina em estudo protege contra a dengue
em 60% dos casos na população vacinada, comprovando sucesso nos 4 sorotipos da
doença. Com relação aos casos graves, que podem levar ao óbito, houve uma
redução de 95,5%. Ainda segundo Lúcia, o importante seria vacinar por grupos de
faixas etárias e, desta forma, provocar uma proteção em cadeia. Ela afirmou que
já há capacidade de produzir 100 milhões de doses por ano.
Giovani Coelho,
coordenador-geral do Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério da
Saúde, afirmou que o Ministério, além da transferência rotineira de recursos
para estados e municípios, houve um adicional de R$ 150 milhões para políticas
de prevenção à dengue. Porém, ele acrescentou que, no mundo todo, há pouca
oferta de vacinas contra a dengue, mesmo depois de aprovadas. Giovani espera
que este ano os estudos estejam concluídos e que a vacinação possa iniciar,
seguindo regras como grupos etários prioritários.
Já Renato Porto, diretor da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ressaltou que as regras gerais para o
registro de um medicamento, preveem 3 fases de avaliação, todas de
desenvolvimento clínico. No caso da vacina da dengue, os ensaios clínicos têm
como principal objetivo a segurança do produto em seres humanos. Ele também
espera que, vencidas todas as etapas de certificação, a vacina possa ser
aprovada ainda este ano.
Marcelo de Franco, diretor do
Instituto Butantan, que também está no processo de criação da vacina, alertou
que o medicamento pesquisado por brasileiros pode ter resultado mais adequado
para o país. E, por causa disso, um custo inferior. Ele disse ainda que todas
as iniciativas são importantes e que a demanda é mundial. “Ninguém terá a
capacidade de produzir todas as doses necessárias”, acrescenta.
Os parlamentares da CSSF pediram agilidade na
aprovação da vacina, questionaram o Ministério da Saúde sobre o impacto dos
cortes no orçamento do Governo Federal nas pesquisas e lembraram que a situação
da epidemia se repete há anos. Além disso, ressaltaram que são necessárias
ações mais amplas e continuadas de combate à dengue.
Mandetta (DEM-MS), alertou que
em 2016 o país vai sediar as Olimpíadas e lembrou que essa situação poderia ser
um desafio para que a vacinação seja aprovada e deflagrada.
O mosquito
O mosquito transmissor da
dengue é originário do Egito, na África, e vem se espalhando pelas regiões
tropicais e subtropicais do planeta desde o século 16, período das Grandes
Navegações. Chegou no Novo Mundo, no período colonial, por meio de navios que
traficavam escravos. No Brasil, os
primeiros relatos de dengue datam do final do século XIX, em Curitiba (PR), e
do início do século XX, em Niterói (RJ).
No início do século XX, o
mosquito já era um problema, mas não por conta da dengue. Na época, a principal
preocupação era a transmissão da febre amarela. Em 1955, o Brasil erradicou o
Aedes aegypti como resultado de medidas para controle da febre amarela. No
final da década de 1960, o relaxamento das medidas adotadas levou à
reintrodução do vetor em território nacional.
Segundo dados do Ministério da
Saúde, a primeira ocorrência do vírus no país, aconteceu em 1981-1982, em Boa
Vista (RR). Em 1986, houve epidemias no Rio de Janeiro e em algumas capitais do
Nordeste. Desde então, a dengue vem ocorrendo no Brasil de forma continuada.
A CSSF é presidida pelo deputado Antonio Brito
(PTB-RJ).
Assessoria CSSF
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