Já estão disponíveis em português as Orientações de Saúde para Viajantes aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Verão no Brasil em 2016. A 31ª edição do evento será realizada no país de 5 a 21 de agosto e de 7 a 18 de setembro de 2016, respectivamente. Outras cinco cidades irão sediar as primeiras partidas do torneio olímpico de futebol: Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Salvador e São Paulo.
Estas recomendações têm por objetivo aconselhar as autoridades nacionais de saúde e os profissionais de saúde sobre as práticas e medidas que devem ser observadas pelas pessoas que visitarem o Brasil de modo a permanecerem seguras e saudáveis.
Antes de partir, os viajantes devem ser alertados sobre os riscos à saúde nas áreas que se proponham a visitar e aconselhados em relação às práticas e medidas preventivas para minimizar a probabilidade de contrair doenças ou sofrer acidentes.
As pessoas que viajarem ao Brasil devem consultar as orientações de viagem publicadas por suas autoridades nacionais (ver lista de sites abaixo).
As autoridades de saúde brasileiras fornecem conselhos de saúde para os viajantes em seu site, tanto em português quanto em espanhol e inglês (ver lista de sites abaixo). Os serviços de saúde vinculados ao Sistema Único de Saúde do Brasil são gratuitos para todos os indivíduos, incluindo os visitantes.
Doenças preveníveis por vacinas
Deve ser marcada uma consulta médica o quanto antes, ou pelo menos 4 a 8 semanas antes da partida, para que o viajante tenha tempo suficiente para completar os esquemas de vacinação, a fim de que resultem mais eficazes, tanto para as vacinas de rotina quanto para as que são indicadas conforme o destino específico. Porém, mesmo quando a partida é iminente, ainda há tempo para oferecer aconselhamento e aplicar algumas vacinas.
Vacinas de rotina
Os viajantes devem ser vacinados conforme seus calendários nacionais de vacinação, que variam de acordo com cada país. Os esquemas de vacinação de rotina, estabelecidos pelas autoridades nacionais, incluem vacinas contra difteria, coqueluche, tétano, poliomielite, sarampo, hepatite B, Haemophilus influenzae tipo b e, em muitos países, contra outras doenças como rubéola, caxumba, influenza, febre amarela, papilomavírus humano, e rotavírus e doenças pneumocócicas.
Desde julho de 2015, o Brasil interrompeu a transmissão do sarampo, depois de um surto associado a um caso importado. Portanto, considerando-se que o sarampo ainda é endêmico ou circulante em muitos países, é fundamental ter a vacinação contra o sarampo em dia para prevenir a importação de casos ao Brasil. Considerações semelhantes se aplicam à rubéola, que foi eliminada do Brasil em 2009.
A transmissão do vírus selvagem da pólio foi eliminada do Brasil em 1989. Portanto, para prevenir a introdução da poliomielite no Brasil, é fundamental que os viajantes de países nos quais tenha havido casos recentes de poliomielite sejam plenamente imunizados (ver lista de sites abaixo).
Viajantes com risco de complicações graves pela influenza (gripe) devem considerar a vacinação. A OMS recomenda a vacinação contra influenza sazonal para mulheres grávidas, idosos, indivíduos com doenças crônicas específicas, crianças de 6 a 59 meses e profissionais de saúde. A cepa de influenza atualmente em circulação no Brasil é a A(H1N1) pdm09 e está incluída nas vacinas do hemisfério norte de 2015-2016 e do hemisfério sul de 2016. Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos serão realizados após o pico da temporada de influenza no Rio de Janeiro em junho e julho. Porém, existem variações regionais e os casos ocorrem ao longo de todo o ano no Brasil. O ideal é que os viajantes em risco recebam a vacina contra a influenza pelo menos duas semanas antes de partirem (ver lista de sites abaixo).
Vacinas específicas para viajantes
Dependendo do itinerário específico da viagem, vacinas adicionais podem ser necessárias. Aos viajantes que não tenham sido vacinados devem receber as seguintes vacinas conforme as recomendações de seu país:
- Hepatite A: o Brasil é um país de endemicidade intermediária e propenso a surtos da hepatite A;
- Hepatite B: o risco de contrair hepatite B é baixo, exceto para viajantes que tenham comportamentos de alto risco, como fazer tatuagens e usar drogas injetáveis. A vacina contra hepatite B foi introduzida no calendário nacional de imunização do Brasil em 1998;
- Febre tifoide: a maior incidência de febre tifoide se encontra no Norte e no Nordeste do Brasil, incluindo a Amazônia e a cidade de Manaus, que é uma das sedes do torneio olímpico de futebol.
- Raiva: o risco de infecção por raiva no Rio de Janeiro e nas outras cinco cidades que sediarão o torneio olímpico de futebol é insignificante (ver lista de sites abaixo).
- Febre amarela: recomenda-se a vacinação aos viajantes com idade acima de 9 meses que visitarem zonas com risco de transmissão da febre amarela. A vacinação deve ser realizada pelo menos 10 dias antes de partir. Uma única dose da vacina confere proteção ao longo da vida. Não se recomenda a vacinação aos viajantes que não saiam das seguintes cidades-sede dos eventos dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos: Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. O surto de febre amarela atualmente em curso em Angola talvez exija que a OMS ajuste estas recomendações conforme necessário (ver lista de sites abaixo para mais informações).
Doenças transmitidas por mosquitos
Medidas de proteção pessoal
Embora o risco de doenças transmitidas por mosquitos seja menor durante o inverno, estação durante a qual serão realizados os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, os viajantes ainda devem tomar medidas de proteção pessoal para evitar picadas de mosquito. São elas:
- Sempre que possível, usar roupas (preferencialmente, de cores claras) que cubram o máximo possível do corpo durante o dia;
- Usar repelentes contendo DEET (N N-dietil-3-metilbenzamida), IR 3535 ou icaridina, que possam ser aplicados na pele exposta ou nas roupas. As instruções no rótulo devem ser seguidas rigorosamente, inclusive em relação à duração da proteção conferida pelo repelente e tempo da reaplicação. A aplicação de protetor solar deve ser feita antes do repelente;
- Ficar alojados em locais limpos com água encanada e barreiras físicas, como telas em janelas e portas adequadas para evitar que os mosquitos entrem nos quartos;
- Escolha acomodações com ar condicionado (onde as janelas e portas costumam ser mantidas fechadas para impedir a saída de ar frio, de modo que os mosquitos não possam entrar nos quartos);
- Evitar cidades e zonas sem água encanada e com saneamento deficiente, que facilitam a existência de criadouros de mosquitos.
Arboviroses transmitidas por mosquitos Aedes
Além da febre amarela (ver acima os requisitos de vacinação), os mosquitos Aedes transmitem a doença do vírus zika, chikungunya e dengue.
Dengue e chikungunya
Informações detalhadas sobre dengue e chikungunya estão disponíveis nos sites do Ministério da Saúde do Brasil, da OMS e da OPAS (Oficina Regional da OMS para as Américas). Não há vacina contra chikungunya. A vacinação contra dengue não é recomendada para viajantes (ver lista de sites abaixo).
Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos serão realizados durante o inverno no Rio de Janeiro, quando o tempo mais fresco e mais seco reduz as populações de mosquitos, de modo que o risco de infecção por doenças transmitidas por mosquitos estará em seu nível mais baixo. Desde janeiro de 2016, as autoridades do Rio de Janeiro têm executado um programa extenso de atividades de controle de vetores e estão intensificando essas atividades até a realização dos Jogos.
Doença do vírus zika
Em geral, a infecção pelo vírus zika causa um quadro clínico leve e a maioria dos casos de infecção pelo vírus é assintomática. Porém, após um surto do vírus zika no Brasil em 2015 e sua propagação posterior pelas Américas, foi observado um aumento incomum no número de distúrbios neurológicos graves nos filhos de mulheres grávidas infectadas, incluindo casos de microcefalia e malformações neurológicas congênitas. Também foram observados casos de Síndrome de Guillain-Barré, uma forma rara e grave de fraqueza muscular, em adultos infectados. Com base em crescentes evidências geradas pelas intensas pesquisas, há um consenso científico de que o vírus zika causa de microcefalia e síndrome de Guillain-Barré. O vírus zika se dissemina principalmente pela ação dos mosquitos, embora tenham sido documentados casos de transmissão sexual (ver lista de sites abaixo).
São feitas as seguintes recomendações às autoridades de saúde e profissionais de saúde nacionais, baseadas nos conhecimentos atuais sobre a doença do vírus zika e suas complicações:
- Os viajantes a regiões nas quais esteja ocorrendo a transmissão do vírus zika, inclusive o Brasil, devem receber aconselhamento atualizado sobre as medidas apropriadas para reduzir o risco de contrair a infecção, incluindo a prevenção de picadas de mosquito e a prática de sexo seguro (por exemplo, pelo uso correto e sistemático de preservativos), e sobre as possíveis consequências e complicações da infecção, principalmente em mulheres grávidas, mulheres que pretendam engravidar e mulheres em idade fértil. Formas de controle de natalidade que não são de barreira não protegerão contra a transmissão sexual do vírus zika;
- Aconselhar as mulheres grávidas a não viajarem a áreas onde esteja ocorrendo a transmissão do vírus zika, inclusive o Brasil;
- Aconselhar que procurem um serviço de saúde as mulheres que, inadvertidamente, engravidaram ou que descobrem a gravidez depois de voltar do Brasil e/ou outras áreas com transmissão do vírus zika em curso;
- Aconselhar as mulheres grávidas cujos parceiros sexuais residam ou voltem de áreas de conhecida transmissão local do vírus zika a praticarem sexo seguro ou se absterem de sexo durante toda a gravidez;
- Aconselhar os viajantes a praticarem sexo seguro (isto é, uso correto e sistemático de preservativos) ou se absterem de sexo durante sua estadia no Brasil e/ou em outras regiões onde esteja ocorrendo a transmissão do vírus zika e durante pelo menos oito semanas após seu retorno. Se durante esse período, ou antes, aparecerem sintomas de doença por vírus zika, os homens devem adotar práticas sexuais seguras ou se absterem de sexo por no mínimo seis meses;
- Aconselhar os viajantes que retornem do Brasil e/ou de outras regiões onde esteja ocorrendo a transmissão do vírus zika a não doarem sangue durante pelo menos quatro semanas após seu retorno;
- As autoridades nacionais devem dar aos profissionais da saúde orientações claras sobre como encaminhar os viajantes com sintomas de infecção pelo vírus zika para que façam os exames correspondentes e recebam os cuidados clínicos apropriados.
Malária
O risco de transmissão da malária no Brasil é insignificante ou inexistente, com exceção da região administrativa da Amazônia, que corresponde aos estados do norte do Brasil, incluindo a cidade de Manaus, anfitriã de algumas partidas do torneio olímpico de futebol.
As infecções por Plasmodium falciparum representam aproximadamente 15% dos casos de malária no Brasil. Nas áreas afetadas pela malária, além da prevenção das picadas de mosquito (incluindo o uso de repelentes e dormir embaixo de mosquiteiros tratados com inseticidas), deve-se considerar e selecionar a quimioprofilaxia com atovaquona-proguanil, doxiciclina, mefloquina, e ser selecionada em função das contraindicações e dos efeitos secundários descritos para esses medicamentos. Como alternativa, para viagens às áreas rurais com baixo risco de infecção por malária, a prevenção das picadas de mosquitos podem ser combinadas com um tratamento de emergência de espera (SBET pela sua sigla em inglês, Stand-by Emergency Treatment).
Com base na avaliação de risco das autoridades de saúde brasileiras, as diretrizes nacionais não incluem recomendações sobre a quimioprofilaxia da malária. Portanto, o acesso a esses medicamentos no Brasil é limitado e os medicamentos antimaláricos devem ser comprados antes de viajar ao país. Os viajantes que adoecerem e tenham febre durante a viagem em uma área do Brasil onde haja risco de malária devem procurar atenção médica imediatamente (ver a lista de sites abaixo para centros de saúde de diagnóstico e tratamento). Os viajantes que adoecerem e tenham febre até um ano após a sua viagem devem procurar atenção médica imediatamente e informar aos profissionais de saúde sobre seu histórico de viagem. Não há vacina recomendada contra malária (ver lista de sites abaixo).
Infecções sexualmente transmissíveis
O risco de infecção por HIV, sífilis, gonorreia, clamídia, herpes, vírus da hepatite B (HBV), e outras infecções sexualmente transmissíveis é limitado principalmente a viajantes que tenham comportamentos de risco, especialmente sexo sem proteção – particularmente, com profissionais do sexo e entre os homens que têm sexo com homens e usuários de drogas injetáveis. Portanto, recomenda-se a adoção de práticas de sexo seguro, especificamente o uso de preservativo. As autoridades brasileiras lançaram uma campanha de prevenção e promoção da saúde relacionada a infecções transmitidas sexualmente, HIV/aids e hepatites com o tema dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos (ver lista de sites abaixo).
Segurança dos alimentos e da água
Devido à comum incidência de infecções gastrointestinais no Brasil, os profissionais da saúde devem aconselhar os viajantes a tomarem precauções para evitar doenças causadas por alimentos e bebidas inseguras. São elas: lavar as mãos com frequência e sempre antes de manusear e consumir alimentos; certificar-se de que os alimentos estejam bem cozidos e ainda se mantém quentes; beber água potável (como água engarrafada ou, quando em dúvida, água bem fervida); evitar quaisquer alimentos crus, exceto frutas e verduras que possam ser descascadas; evitar alimentos em bufês, mercados, restaurantes e vendedores de rua se não forem mantidos quentes ou refrigerados/gelados.
Água e saneamento
A qualidade da água recreativa no Rio de Janeiro, inclusive nos locais que sediarão os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, tem estado abaixo da ideal devido à contaminação por água de esgoto. As autoridades competentes estão tomando medidas corretivas a nível local e os viajantes devem seguir as recomendações emitidas pelas autoridades locais competentes (ver lista de sites abaixo).
Outros riscos de doenças infecciosas
Os viajantes têm um baixo risco de contrair infecções transmitidas por via aérea, como tuberculose e meningite, a menos que permaneçam em espaços fechados superlotados nas comunidades mais desfavorecidas.
Os viajantes à região de Belo Horizonte devem estar cientes do risco de contração da febre maculosa brasileira, transmitida por carrapatos e causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, que pode resultar do contato com roedores infectados, como as capivaras.
Viajantes à região de Salvador devem estar cientes do risco de contração de leptospirose, causada pela bactéria Leptospira. Essa infecção pode resultar da exposição da pele e das mucosas à água e ao solo contaminados com a urina de animais infectados. Uma grande variedade de animais podem ser portadores da bactéria.
O risco de leishmaniose (tanto cutânea como visceral), esquistossomose, filariose linfática e outras doenças tropicais negligenciadas está associado principalmente às áreas rurais e desfavorecidas da região Nordeste do Brasil.
Segurança e outros riscos à saúde
A criminalidade, incluindo roubos e crimes violentos, está presente no Brasil. Os viajantes devem ser aconselhados a ter cuidado, utilizar somente os taxis ou ônibus autorizados no aeroporto, não viajar sozinhos à noite, evitar áreas suspeitas e viajar acompanhados.
Os acidentes e lesões, principalmente as causadas por acidentes automobilísticos, são a principal causa de morte entre viajantes com menos de 55 anos. Inundações e deslizamentos de terra devido a chuvas fortes são causas frequentes de traumatismos e outras emergências médicas, principalmente nas áreas urbanas.
Os viajantes ao Brasil também devem se proteger da exposição ao sol usando protetor solar, óculos de sol e um chapéu. Também devem evitar a desidratação bebendo água engarrafada.
Os viajantes devem estar cientes da presença de animais peçonhentos, como escorpiões e cobras, e tomar precauções para evitar qualquer contato. Recomenda-se entrar em contato com as autoridades de saúde locais para obter informações detalhadas sobre áreas específicas de risco.
É aconselhável que os profissionais da saúde examinem sistematicamente o histórico de viagem de seus pacientes, considerando também que algumas infecções associadas a viagens podem ter um tempo de incubação prolongado.
Lista de sites para mais informações
1. Sites nacionais sobre saúde do viajante
2. Site do Ministério da Sáude do Brasil com conselhos para pessoas que viajarem ao Brasil
http://portalsaude.saude.gov. br/index.php/o-ministerio/ principal/secretarias/svs/ viajante-es (espanhol)
3. Informação sobre requisitos mundiais de vacinação contra a poliomielite
http://www.polioeradication. org/ (inglês)
4. Informação sobre influenza no Brasil
5. Informação sobre raiva no Brasil
6. Informação sobre requisitos para vacinação contra febre amarela
7. Informação sobre a dengue
8. Informação sobre chikungunya
9. Informação sobre a doença causa pelo vírus zika
http://www.paho.org/hq/index. php?option=com_content&view= article&id=11585&Itemid=41688& lang=en (inglês)
http://www.paho.org/hq/index. php?option=com_content&view= article&id=11585&Itemid=41688& lang=es (espanhol)
http://combateaedes.saude.gov. br/ (português)
http://www.paho.org/hq/index. php?option=com_content&view= article&id=11585&Itemid=41688& lang=en (inglês)
10. Informação sobre malária
11. Informação sobre a campanha de promoção da saúde sobre infecções de transmissão sexual, aids e hepatites virais, empreendidas pelo Governo do Brasil por ocasião dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos
12. Informação sobre água e saneamento http://www.who.int/ water_sanitation_health/ bathing/statement-rio-water- quality/en/ (inglês)
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