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quarta-feira, 6 de julho de 2016

Pacientes com Linfoma não-Hodgkin têm assistência garantida no SUS

Linfomas são tumores malignos que podem aparecer nos gânglios (também chamados linfonodos). Esses gânglios ou linfonodos têm a função importante de combater infecções. E o linfoma Não Hodgkin (LNH) possui uma classificação com mais de 20 subtipos diferentes, que exigem diferentes protocolos de tratamento curativo ou que proporcionem aumento de sobrevida do paciente. O linfoma não-Hodgkin voltou aos noticiários depois que o ator Edson Celulari revelou estar com a doença. Mas Edson não é a primeira figura pública que enfrenta/enfrentou uma batalha contra esse tipo de câncer. Segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), estima-se que só em 2016 surgirão 10.240 novos casos, sendo 5.210 em homens e 5.030 em mulheres.

A chefe do Serviço de Hematologia do INCA, Jane Dobbin, explica que as taxas de incidência do LNH aumentaram cerca de 3% a 4% na maioria dos países desenvolvidos . “Isso se deu, em parte, aos fatores ambientais (exposição a pesticidas e herbicidas), determinados vírus e bactérias, situações de imunodeficiência como nas doenças autoimunes e no pós-transplante. Isso pode ter contribuído para o aumento da incidência do LNH”, explica.

Contato com pesticidas, solventes e fertilizantes ou exposição a altas doses de radiação são considerados fatores que propiciam o desenvolvimento do LNH. Quem tem o sistema imune comprometido por conta de doenças genéticas hereditárias também podem desenvolver a doença, além de pessoas que usam drogas imunossupressoras ou tiveram infecção pelo HIV. Dobbin explica ainda que o desenvolvimento da doença entre parentes de primeiro grau é cerca de um e meio a quatro vezes maior.

Entretanto, mesmo que alguns fatores sejam considerados de risco quando se trata de linfoma não-Hodgkin, na maioria dos casos, as causas são desconhecidas. Assuka Marina, zootecnista, que mora em Pirassununga (SP), não pertencia a nenhum grupo de risco quando descobriu que possuía linfoma não-Hodgkin, em maio de 2014. Depois de um desmaio repentino em casa, buscou o pronto socorro para verificar o motivo. “Comecei a ter uma tosse seca e achei que podia ser um problema com o pulmão. Fiz o raio-x e apareceu um linfoma no lado esquerdo do mediastino”, explica. Depois disso, começou a sentir dores no corpo.

Entre os principais sintomas do LNH estão aumento dos linfonodos do pescoço, axilas e/ou virilha, suor noturno excessivo, febre, coceira na pele e perda de peso inexplicada. “Não existem exames preventivos, mas como qualquer tipo de linfoma pode causar sintomas sistêmicos acompanhados de aumento dos linfonodos, é importante que o paciente procure imediatamente um atendimento médico, para que o diagnóstico seja feito o mais precoce possível”, alerta Jane Dobbin.

Para um diagnóstico do LNH, é necessário realizar uma série de exames que permitem determinar o tipo exato de linfoma e esclarecer outras características úteis para tomar uma decisão precisa e eficaz em termos de tratamento a ser empregado. Após a confirmação do diagnóstico para linfoma não-Hodgkin, a doença é classificada de acordo com o tipo e o estágio em que se encontra. Os linfomas indolentes (crescimento lento) correspondem à aproximadamente 40% dos casos, e os agressivos (desenvolvimento rápido), pelos 60% restantes.

Quando Assuka procurou o Hospital de Câncer de Barretos, o câncer ainda estava em estágio inicial. Após conseguir a consulta na unidade , todos os exames foram feitos para dar o diagnóstico preciso da doença. “Entre a primeira consulta, a cirurgia para colocar o cateter interno e a primeira sessão de quimioterapia em Barretos levou em torno de 20 dias. No particular, devido à burocraria, eu teria que esperar em torno de 20 dias só para liberarem um exame, e quem tem câncer não pode esperar”, lembra.

Existem diversas opções de tratamento que podem ser aplicadas em caso de LNH. A maioria dos linfomas é tratado com quimioterapia (combinação de duas ou mais drogas), associação de imunoterapia e quimioterapia, e a radioterapia (forma de radiação que reduz a carga tumoral em locais específicos para aliviar sintomas ou reforçar o tratamento quimioterápico). Assuka realizou oito sessões de quimioterapia e 17 sessões de radioterapia para erradicação do linfoma considerado agressivo. Caso o linfoma seja indolente (crescimento lento), deve-se observar clinicamente o seu desenvolvimento e, em alguns casos, realizar tratamentos intensivos.

A chefe do Serviço de Hematologia do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), Jane Dobbin, conta que o SUS financia o tratamento oncológico do paciente desde o “tratamento cirúrgico, radioterápico, quimioterápico, iodoterápico e transplantes. O Ministério da Saúde habilita o hospital ou clínica e, a partir daí, eles podem emitir AIH (Autorização de internação hospitalar, do Sistema de Informações Hospitalares – SIH-SUS) e APAC (hospital e clínica isolada de radioterapia ou de quimioterapia)”.

A quimioterapia e radioterapia de Assuka acabaram em dezembro de 2015, mas só em abril de 2016, depois de realizar o pet scan (exame de imagem que utiliza uma substância radioativa (18- Fluordesoxiglicose) para rastrear células tumorais no organismo), foi dado o resultado negativo para LNH. Com o diagnóstico, Assuka voltou a trabalhar normalmente.
Para saber mais informações sobre linfoma não-Hodgkin, procure a secretaria de saúde da sua cidade.

Aline Czezacki, para o Blog da Saúde e com informações do INCA


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