Congresso
promovido pela Sociedade Brasileira de Medicina Tropical traz ao Recife mais de
três mil pesquisadores para discutir avanços e desafios em saúde pública
A mesa-redonda “Situação
epidemiológica e prevalência de HIV, sífilis e hepatites virais em populações
vulneráveis às IST no Brasil”, que ocupará a manhã de terça-feira, no Congresso
Medtrop, apresentará a situação epidemiológica e prevalência das infecções
sexualmente transmissíveis (ISTs) em populações vulneráveis no
Brasil. Os estudos são as evidências que fundamentam a Agenda
Estratégica para ampliar o acesso e o cuidado integral de população-chave em
HIV, hepatites virais e outras ISTs, lançada em março de 2018 pelo
Ministério da Saúde (MS).
Segundo
Ana Brito, professora de Saúde Pública e pesquisadora da
Fiocruz Pernambuco, “os trabalhos sobre populações chaves para a
infecção HIV, sífilis e hepatites virais (B e C), a serem apresentados durante
o MedTrop, foram resultados de três pesquisas de âmbito nacional, em
10 capitais das cinco regiões do País e o Distrito Federal”. Financiadas
pelo MS entre 2016 e 2017, as pesquisas demonstraram em estudos
recentes altas prevalências destas ISTs nesses segmentos vulneráveis, ou
seja, homens homossexuais, mulheres profissionais do sexo, travestis e
mulheres transexuais, além de usuários de crack.
Um
dos estudos a serem apresentados no
congresso será o “Vulnerabilidade de usuários de crack ao
HIV e outras doenças transmissíveis”, que entrevistou integrantes do
Programa de Atenção Integral aos Usuários de Drogas e seus Familiares,
conhecido como Programa Atitude, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento
Social, Criança e Juventude (SDSCJ). Com realização da Fiocruz Pernambuco
e outros órgãos e entidades de saúde do Estado, o estudo
entrevistou 1.062 usuários de crack, de idades entre 18 e 34 anos, de
agosto de 2014 ao mesmo mês em 2015. Desse número, 819 são do sexo masculino e
243, do sexo feminino, em situação de rua e com baixa
escolaridade.
PROFILAXIA – De
acordo com a Secretaria de Saúde (SES) de Pernambuco, está
funcionando no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), ligado à
Universidade de Pernambuco (UPE), o atendimento ao público que fará uso da
Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP), mais uma estratégia de prevenção
contra o vírus HIV. A ação é uma parceria com o Ministério da Saúde
(MS), que fornece a medicação para a profilaxia. A PrEP não é
para todos. Ela é indicada para pessoas que tenham maior chance de entrar em
contato com o HIV. De acordo com o Ministério da Saúde, a profilaxia
deve ser voltada para populações mais vulneráveis (trabalhadores do sexo,
pessoas trans, gays e outros homens que fazem sexo com homens e
casais sorodiscordantes).
Para
Ana Brito, a PrEP é uma ação complementar, voltada a situações
especiais. Ela alerta que outras atividades devem ser feitas para o
enfrentamento da epidemia do HIV/aids no País. “Algumas bandeiras
devem ser perseguidas como o acesso amplo e gratuito ao preservativo (masculino
e feminino) e a adoção de medidas coletivas, centradas em ações de educação em
saúde, na defesa dos direitos humanos, contra o estigma e a discriminação, e o
direito à livre orientação sexual e às identidades de gênero, em todas as esferas
públicas e privadas”, reforça Ana.
DADOS
DE AIDS – Segundo a SES-PE, de 2007 até junho de 2017, foram
notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) –
que notifica e investiga casos de doenças e agravos da lista nacional de
doenças de notificação compulsória – 194.217 casos de infecção pelo HIV no
Brasil, sendo 30.297 (15,6%) na região Nordeste. Em Pernambuco, desde
o início das notificações, no ano de 1983, até junho de 2017, foram registrados
31.955 casos de Aids, sendo 20.596 no público masculino e 11.355 no
feminino. Em 2016, foram 1.863 (1.259 masculinos e 604 femininos) e metade
de 2017*, 750 (497 masculinos e 252 femininos) – dados sujeitos a
alteração.
Nos
casos acima de 13 anos (24.599 pessoas), quando analisada a categoria de
exposição, a maior parte dos casos envolve a transmissão via sexual, de acordo
com a declaração do paciente. No público masculino, são 4.944 casos em relações
sexuais entre heterossexuais (30,82%) e 3.945 em relações homossexuais
(24,60%). Ainda há 4.792 (29,88%) casos ignorados, ou seja, nos quais não
foi possível identificar o tipo de exposição. No público feminino, são 7.253
casos entre heterossexuais (84,73%) e 1.078 ignorados (12,59%).
Serviço:
54º Congresso
da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MedTrop) 2018
Quando: 2
a 5 de setembro
Onde:
Centro de Convenções, em Olinda, em Pernambuco, e Mar
Hotel Conventions em Boa Viagem, além de outros locais onde serão
ministrados cursos e oficinas
Mais
informações e programação completa: http://www.medtrop2018.com.br/
Mesa:
Situação epidemiológica e prevalência de HIV, sífilis e hepatites virais em
populações vulneráveis às IST no Brasil – Coordenação: Ana Brito
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