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quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Infecções sexualmente transmissíveis são foco de pesquisa nacional no MedTrop


Congresso promovido pela Sociedade Brasileira de Medicina Tropical traz ao Recife mais de três mil pesquisadores para discutir avanços e desafios em saúde pública

A mesa-redonda “Situação epidemiológica e prevalência de HIV, sífilis e hepatites virais em populações vulneráveis às IST no Brasil”, que ocupará a manhã de terça-feira, no Congresso Medtrop, apresentará a situação epidemiológica e prevalência das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) em populações vulneráveis no Brasil. Os estudos são as evidências que fundamentam a Agenda Estratégica para ampliar o acesso e o cuidado integral de população-chave em HIV, hepatites virais e outras ISTs, lançada em março de 2018 pelo Ministério da Saúde (MS). 

Segundo Ana Brito, professora de Saúde Pública e pesquisadora da Fiocruz Pernambuco, “os trabalhos sobre populações chaves para a infecção HIV, sífilis e hepatites virais (B e C), a serem apresentados durante o MedTrop, foram resultados de três pesquisas de âmbito nacional, em 10 capitais das cinco regiões do País e o Distrito Federal”. Financiadas pelo MS entre 2016 e 2017, as pesquisas demonstraram em estudos recentes altas prevalências destas ISTs nesses segmentos vulneráveis, ou seja, homens homossexuais, mulheres profissionais do sexo, travestis e mulheres transexuais, além de usuários de crack. 

Um dos estudos a serem apresentados no congresso será o “Vulnerabilidade de usuários de crack ao HIV e outras doenças transmissíveis”, que entrevistou integrantes do Programa de Atenção Integral aos Usuários de Drogas e seus Familiares, conhecido como Programa Atitude, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SDSCJ). Com realização da Fiocruz Pernambuco e outros órgãos e entidades de saúde do Estado, o estudo entrevistou 1.062 usuários de crack, de idades entre 18 e 34 anos, de agosto de 2014 ao mesmo mês em 2015. Desse número, 819 são do sexo masculino e 243, do sexo feminino, em situação de rua e com baixa escolaridade. 

PROFILAXIA – De acordo com a Secretaria de Saúde (SES) de Pernambuco, está funcionando no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), ligado à Universidade de Pernambuco (UPE), o atendimento ao público que fará uso da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP), mais uma estratégia de prevenção contra o vírus HIV. A ação é uma parceria com o Ministério da Saúde (MS), que fornece a medicação para a profilaxia. A PrEP não é para todos. Ela é indicada para pessoas que tenham maior chance de entrar em contato com o HIV.  De acordo com o Ministério da Saúde, a profilaxia deve ser voltada para populações mais vulneráveis (trabalhadores do sexo, pessoas trans, gays e outros homens que fazem sexo com homens e casais sorodiscordantes).  

Para Ana Brito, a PrEP é uma ação complementar, voltada a situações especiais. Ela alerta que outras atividades devem ser feitas para o enfrentamento da epidemia do HIV/aids no País. “Algumas bandeiras devem ser perseguidas como o acesso amplo e gratuito ao preservativo (masculino e feminino) e a adoção de medidas coletivas, centradas em ações de educação em saúde, na defesa dos direitos humanos, contra o estigma e a discriminação, e o direito à livre orientação sexual e às identidades de gênero, em todas as esferas públicas e privadas”, reforça Ana.  

DADOS DE AIDS – Segundo a SES-PE, de 2007 até junho de 2017, foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) – que notifica e investiga casos de doenças e agravos da lista nacional de doenças de notificação compulsória – 194.217 casos de infecção pelo HIV no Brasil, sendo 30.297 (15,6%) na região Nordeste. Em Pernambuco, desde o início das notificações, no ano de 1983, até junho de 2017, foram registrados 31.955 casos de Aids, sendo 20.596 no público masculino e 11.355 no feminino. Em 2016, foram 1.863 (1.259 masculinos e 604 femininos) e metade de 2017*, 750 (497 masculinos e 252 femininos) – dados sujeitos a alteração. 

Nos casos acima de 13 anos (24.599 pessoas), quando analisada a categoria de exposição, a maior parte dos casos envolve a transmissão via sexual, de acordo com a declaração do paciente. No público masculino, são 4.944 casos em relações sexuais entre heterossexuais (30,82%) e 3.945 em relações homossexuais (24,60%). Ainda há 4.792 (29,88%) casos ignorados, ou seja, nos quais não foi possível identificar o tipo de exposição. No público feminino, são 7.253 casos entre heterossexuais (84,73%) e 1.078 ignorados (12,59%). 

Serviço: 
54º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MedTrop) 2018 
Quando: 2 a 5 de setembro 
Onde: Centro de Convenções, em Olinda, em Pernambuco, e Mar Hotel Conventions em Boa Viagem, além de outros locais onde serão ministrados cursos e oficinas  
Mais informações e programação completa: http://www.medtrop2018.com.br/ 
Mesa: Situação epidemiológica e prevalência de HIV, sífilis e hepatites virais em populações vulneráveis às IST no Brasil – Coordenação: Ana Brito



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