A Justiça Federal do Distrito Federal deferiu pedido de liminar da
candidata da Rede ao Planalto, Marina Silva, e quebrou a patente sobre o
sofosbuvir, medicamento que cura a hepatite C em mais de 95% dos casos.
A decisão do juiz Rolando Spanholo, da 21ª Vara da SJDF (Seção Judiciária
do Distrito Federal), foi assinada no domingo (23). Segundo o documento,
ao dar a patente do sofosbuvir para a farmacêutica americana Gilead, o INPI
(Instituto Nacional de Propriedade Industrial) contraria manifestação do CNS
(Conselho Nacional de Saúde) e poderia inviabilizar o cumprimento da meta
assumida pelo Brasil de erradicar a doença até 2030.
“É inquestionável que a situação envolvendo a dramática situação dos
doentes com hepatite C (que depositam no SUS a esperança da cura) exige uma
pronta e firme intervenção do Poder Judiciário”, diz o texto. “Afinal, estamos
falando da vida de quase um milhão de brasileiros que não podem ser largados à
própria sorte (lembrando que, por ano, no Brasil, essa brutal doença ceifa a
vida de aproximadamente 3.000 pessoas).”
Países como Egito, Argentina e China não concederam a patente à Gilead e
produzem os genéricos. Outras nações, como o Chile, estudam quebrar a patente
(licenciamento compulsório) do sofosbuvir.
A candidata havia criticado a decisão do instituto nas redes sociais na
terça-feira (18).
“O caso do sofosbuvir, cujo genérico já foi sintetizado pela Fiocruz e
autorizado pela Anvisa, é de interesse de saúde pública. O governo deveria liberar
imediatamente a fabricação do genérico”, disse nas redes sociais.
Antes do sofosbuvir, que revolucionou o tratamento da hepatite C em 2014,
o tratamento mais eficaz curava apenas cerca de 50% dos casos. O
Ministério da Saúde anunciou um plano para eliminar a hepatite C até 2030, e o
SUS passou a tratar todos os pacientes com os novos antivirais, e não apenas os
doentes mais graves.
Um convênio entre Farmanguinhos-Fiocruz e Blanver obteve registro da
Anvisa para fabricar o sofosbuvir genérico. Em tomada de preços no início de
julho no Ministério da Saúde, a Gilead ofereceu o sofosbuvir a US$ 34,32 (R$
140,40) por comprimido, e a Farmanguinhos ofertou o genérico a US$ 8,50 (R$
34,80).
Hoje, o ministério paga US$ 6.905 (R$ 28.241) pela combinação de marca.
Com a nova proposta, passaria a pagar US$ 1.506 (R$ 6.160), com a Fiocruz e a
Bristol. Dada a meta de tratar 50 mil pessoas em 2019, isso significaria uma
economia de US$ 269.961.859 (R$ 1,1 bilhão) em relação aos gastos com a
combinação sem o genérico.
Atualizado por Natasha Ribeiro
natasha@oestadoce.com.br
Fonte: Folhapress
natasha@oestadoce.com.br
Fonte: Folhapress
0 comentários:
Postar um comentário