À esquerda, o chefe da OMS,
Tedros Ghebreyesus. À direita, a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed.
Em cúpula histórica na sede da
ONU, em Nova Iorque, a vice-secretária-geral da Organização, Amina Mohammed,
fez um apelo na quarta-feira (26) por mais investimentos nos serviços de saúde
de tuberculose. Por ano, 10,4 milhões de pessoas são infectadas com a doença.
Mas o orçamento das medidas de prevenção e tratamento está gravemente
subfinanciado, com um rombo anual de 13 bilhões de dólares.
O encontro foi a primeira
reunião de alto nível da ONU — com chefes de Estado e representantes
ministeriais de países — sobre tuberculose. Descrevendo a doença como uma
“epidemia perversa”, Mohammed disse que o problema exige uma abordagem
integrada, que lide com os fatores sociais responsáveis pela proliferação da
patologia. A resposta, avaliou a dirigente, deve incluir melhorias nas redes de
saúde e também em sistemas de seguridade social.
A tuberculose é a infecção que
mais mata em todo o mundo. Em 2017, cerca de 1,6 milhão de pessoas morreram
devido à tuberculose, incluindo 300 mil indivíduos vivendo com HIV. Cerca de
1,7 bilhão de pessoas — 23% da população mundial — estão infectadas com
tuberculose latente. Desse contingente, de 5 a 10% tem chance de desenvolver
tuberculose ativa.
Mohammed alertou para a
crescente resistência da enfermidade aos antibióticos. Por ano, são registrados
cerca de 60 mil casos de resistência aos remédios para tuberculose.
Embora a infecção esteja
presente em todos os países, oito deles concentram dois terços de todas as
novas ocorrências — Índia, China, Indonésia, Filipinas, Paquistão, Nigéria,
Bangladesh e África do Sul. Em alguns desses países, são registrados 500 casos
a cada 100 mil habitantes, ao passo que em nações de renda alta, a taxa fica
abaixo de dez.
Segundo a
vice-secretária-geral, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vai liderar os
esforços da ONU para trabalhar com governos e sociedade civil a fim de acelerar
a resposta à tuberculose.
Especialistas debatem desafio
conjunto do HIV e tuberculose
Antes do evento,
representantes da ONU, governos e sociedade civil discutiram os desafios
particulares da população vivendo com HIV, mais vulnerável à tuberculose. Um
terço de todas as mortes associadas à AIDS são causadas pela tuberculose.
“A tuberculose não é apenas um
problema técnico, é uma questão verdadeiramente política. É uma questão de
pobreza, de pessoas que não tiveram acesso à informação e foram deixadas para
trás. Precisamos aprender com o que fizemos na resposta à AIDS e aplicá-lo à
resposta à tuberculose”, afirmou o diretor-executivo do Programa Conjunto das Nações
Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), Michel Sidibé.
Durante o encontro,
especialistas pediram a integração dos serviços de HIV e tuberculose. Para
ativistas e gestores em saúde, é necessário pôr fim ao modelo um cliente-duas
clínicas, que foi a base do tratamento para as duas infecções no passado.
“Por que tantas pessoas
vivendo com HIV morrem devido à tuberculose?”, questionou o diretor-geral da
OMS, Tedros Ghebreyesus.
“As pessoas que mais precisam
são deixadas para trás. Precisamos de novos e aprimorados medicamentos e
diagnósticos, novos modelos de prestação de serviços baseados no que as pessoas
e comunidades precisam e serviços integrados para a tuberculose/HIV e outras
questões de saúde.”
Segundo a OMS, em 2017, havia
cerca de 10 milhões de pessoas com tuberculose ativa. Menos de 60% do
indivíduos com tuberculose fazem exames de diagnóstico para a doença, o que
impede o tratamento adequado.
Do total de pessoas com
tuberculose ativa, 9% vive com HIV. Os indivíduos que têm o vírus da AIDS
possuem 20 vezes mais chances de desenvolver a infecção, após manterem a doença
em estado de latência.
Foto: ONU/Eskinder Debebe -
ONU
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