A
Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde –
ABRAIDI realizou um amplo estudo sobre o setor de fornecimento na área da
saúde.
O
resultado do trabalho “O ciclo de fornecimento de produtos para a saúde no
Brasil” foi alarmante. As empresas de distribuição no Brasil atuam de forma
hercúlea, tendo que atender um País de dimensões continentais, investir em
estoques elevados de equipamentos e materiais e ainda disponibilizar uma boa
parte da estrutura necessária para as cirurgias em hospitais e/ou clínicas não
tendo remuneração adequada e sofrendo com graves distorções que comprometem a
saúde financeira das companhias. Nos países desenvolvidos, os hospitais são os
responsáveis por essas estruturas, o que só reflete como o modelo brasileiro é
insustentável.
A
primeira distorção encontrada foi a retenção de faturamento que chegou a R$
539,6 milhões, sendo R$ 331 milhões retidos por convênios, planos de saúde e
seguradoras, R$ 113,8 milhões por hospitais privados e R$ 94,8 milhões por
hospitais conveniados ao SUS. A retenção é quando uma fonte pagadora, após a
realização de uma cirurgia previamente autorizada, não permite o faturamento
dos produtos consumidos, postergando o pagamento. Em 29% dos casos, o
distribuidor demorou 180 dias para receber.
O
segundo ponto de deformação são as glosas. Essa prática totalizou R$ 100,8
milhões, atingindo 87% dos associados. Percebemos que existe uma glosa linear
de cerca de 20%, sem qualquer critério, apenas para postergar os pagamentos. A
terceira distorção foi a inadimplência que atingiu 91% dos pesquisados. A
estimativa com perdas por conta da falta de pagamento foi de R$ 692,2 milhões.
O
objetivo do levantamento não foi culpar ninguém, mas traçar um raio-x do
segmento, jogar luz no problema para, juntos, encontrarmos uma solução. Vivemos
a pior situação desde que atuo nesse segmento há mais de 38 anos e não dá mais
para seguir assim e também não mais há espaço para discursos éticos se eles não
forem colocados em prática. É preciso pôr o dedo na ferida para que ela seja
curada de uma vez por todas.
Sérgio
Rocha é presidente da ABRAIDI, DOC Press
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