Cientistas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças Transmissíveis (CDC) revisaram as evidências, que reforçam as conclusões dos pesquisadores brasileiros
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças Transmissíveis (CDC) dos Estados Unidos anunciou, nesta quarta-feira (13), a confirmação da relação entre o Zika e a ocorrência de microcefalia em bebês cujas mães foram infectadas pelo vírus. O estudo realizou uma revisão rigorosa das evidências já existentes e concluiu que o Zika é a causa da microcefalia e outros danos cerebrais identificados em fetos.
Para embasar o estudo norte-americano, foram analisadas pesquisas da comunidade médica e científica de diversos países, entre eles o Brasil, que é pioneiro no estudo do vírus Zika associado à microcefalia. O CDC é parceiro do Brasil nas investigações, como parte do esforço mundial para as descobertas relacionadas ao tema.
De acordo com o diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, o anúncio é importante para validar cientificamente as descobertas feitas no Brasil. “O artigo faz uma análise importante e organiza as informações já existentes, muitas delas geradas por estudos brasileiros, o que corrobora a validade dessa afirmação”, avalia Maierovitch.
A relação entre o Zika e a microcefalia já havia sido reconhecida e anunciada pelo governo brasileiro em novembro de 2015, quando o vírus foi identificado em amostras de sangue e tecidos de um bebê com microcefalia e também no líquido amniótico de duas gestantes. Desde então, diversas outras evidências foram encontradas, como vermelhidão na pele durante o primeiro trimestre da gravidez – que é um dos sintomas da Zika - em grande parte das mulheres que tiveram bebês com microcefalia nos estados da Bahia, Paraíba e Pernambuco.
Para o diretor do CDC, Tom Frieden, a revisão das evidências deixa claro o vínculo entre o vírus e a ocorrência de malformações. “Este estudo marca uma virada na epidemia de Zika. Agora está claro que o vírus causa microcefalia”, esclareceu o diretor no material publicado pela instituição.
O estudo afirma ainda, assim como já havia sido explicado pelo Ministério da Saúde, que apesar de a relação estar confirmada, não significa que toda mulher que for infectada pelo vírus durante a gravidez dará à luz um bebê com microcefalia. “Foi notado durante a epidemia de Zika que algumas mulheres infectadas tiveram bebês saudáveis”, conclui o CDC.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia declarado, publicamente, que eram fortes as evidências da associação entre o Zika e a microcefalia. Segundo a diretora da OMS, Margaret Chan, “desde a primeira reunião do comitê de emergência sobre o Zika, em 1º de fevereiro, novas pesquisas clínicas e epidemiológicas reforçaram substancialmente a associação entre o Zika e a ocorrência de malformações fetais e doenças neurológicas”.
Por Camila Bogaz, da Agência Saúde/MS
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