A
imunização de mulheres em idade fértil e de crianças de até 10 anos pode ser um
caminho para conter o alastramento do vírus zika. A proposta foi apresentada
pelo diretor do Instituto Evandro Chagas (IEC), Pedro Vasconcelos, durante o 1º
Simpósio Cabbio de Temas Atuais em Biotecnologia, evento realizado em Brasília
(DF) para debater as ações de controle, pesquisa, prevenção e apresentar
estudos sobre os tratamentos possíveis contra o vírus.
O
Instituto Evandro Chagas, vinculado ao Ministério da Saúde, trabalha no
desenvolvimento de uma vacina contra o zika, em parceria com a Universidade do
Texas. Segundo Pedro Vasconcelos, a imunização de mulheres em idade fértil e de
crianças de até 10 anos serve para impedir a transmissão do vírus pelo contato
sexual.
"A
vacina com vírus atenuado teria dois públicos com objetivos diferentes. Um
deles seriam mulheres com idade fértil, mas, para isso, elas não poderiam
engravidar até seis meses após a vacinação. A outra ideia, que teria um prazo
mais longo, é imunizar crianças de 10 anos que, em breve, entrarão na idade
sexualmente ativa. Estudos mostram que, no Brasil, até 25% das mulheres que se
tornam mães estão abaixo dos 16 anos", relatou.
O
professor Tatsuya Nagata, da Universidade de Brasília (UnB), apresentou a
pesquisa que coordena para a produção de um kit para diagnóstico rápido da
zika. Uma das dificuldades encontradas é que os testes disponíveis não
conseguem ser conclusivos, por conta das similaridades com o vírus da dengue.
"O
vírus da zika tem um diagnóstico cruzado com o da dengue. Precisamos melhorar o
kit para poder fazer essa distinção. Nosso kit está na fase de testes e a gente
visa à produção em larga escala, mas isso leva um pouquinho de tempo",
disse Nagata.
Argentina
A
pesquisadora María Alejandra Morales, do Instituto Maiztegui, da Argentina,
descreveu os desafios enfrentados pelo país vizinho com o zika e os casos de
microcefalia, desde 2015. "Tivemos menos casos, mas, se analisarmos a
proporção de crianças nascidas com microcefalia, não são tão diferentes na
comparação com o Brasil. Com a ocorrência da doença, tivemos que avançar com as
políticas de vigilância, atenção precoce à saúde, estudos de laboratório e,
claro, na conscientização da população para tomar as medidas de prevenção
contra o mosquito", descreveu.
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