Já imaginou tomar um
comprimido por dia e diminuir de maneira significativa as chances de contrair o
HIV em caso de uma exposição? É basicamente assim que funciona o novo método de
prevenção ao HIV oferecido pelo Ministério da Saúde. A Profilaxia
Pré-Exposição, ou PrEP, como é mais conhecida, é um dos componentes
da abordagem adotada pelo Ministério para combater o HIV, chamada de prevenção
combinada, onde a pessoa tem a opção de usar um método de prevenção ou combinar
vários que se ajustem às suas necessidades, características individuais ou
momentos de vida.
É dentro desse contexto que o
SUS passa a oferecer a pílula que combina o medicamento tenofovir e o
entricitabina. Um único medicamento por dia é tomado regularmente, mesmo que
não haja suspeita de exposição, pois o objetivo é que ela funcione como uma
barreira para o HIV antes da pessoa ter contato com o vírus. Diferente da,
Profilaxia Pós-exposição (PeP), um outro método de prevenção que é utilizado no
pós exposição ao vírus. A PEP deve ser iniciada até 72 horas após a relação
sexual sem camisinha ou acidente com algum objeto perfuro-cortante onde possa
ter havido contato com o vírus. O tratamento é feito com três medicamentos e
dura 28 dias. A PEP também está disponível no SUS.
Após o início do uso da PrEP o
efeito protetivo só começa após o sétimo dia de uso diário do medicamento para
as relações envolvendo sexo anal. Já para as relações envolvendo sexo vaginal,
a proteção só começa após 20 dias de uso diário. É preciso frisar que o
remédio, evidentemente, só tem esse efeito protetivo para quem não tem o vírus.
Quem já tem o vírus, não deve tomar a PrEP, porque o esquema para tratar é
diferente do esquema para a profilaxia.
A coordenadora do Departamento
de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis,
do HIV/Aids e das Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken,
explica que o medicamento funciona como uma forma de bloqueio para que o HIV
não infecte o organismo. “Ao tomar o comprimido diariamente, a medicação pode
impedir que o HIV se estabeleça e se espalhe pelo corpo. Ela de fato coloca o
Brasil alinhado com o que há de mais avançado em termos de prevenção”.
Mas não são todas as pessoas
que podem fazer o uso do medicamento na rede pública no Brasil. Por enquanto a
PrEP só será ofertada para as pessoas mais vulneráveis ao risco de infecção
pelo HIV que são os homens que fazem sexo com homens (HSH), gays, população
trans, trabalhadores e trabalhadoras do sexo e casais sorodiferentes (quando um
já tem o vírus e o outro não). Além disso, este não é o único critério que será
utilizado pelo Ministério da Saúde: os profissionais de saúde vão prescrever a
PrEP para pessoas que tenham uma maior chance de entrar em contato com o HIV,
principalmente por não usarem preservativos nas relações sexuais.
Para Evaldo Amorim, do Grupo
Elos LGBT DF e integrante do Fórum ONG Aids DF e Centro oeste, a implementação
da PrEP, mesmo que apenas para grupos prioritários, é muito bem-vinda. “Eu
particularmente acho que vai ajudar por que são grupos que em algum momento
possuem mais dificuldade, e estão de certa maneira mais vulneráveis ao
contágio”. Adele Benzaken, ainda reforça que mesmo as pessoas que fazem parte
deste grupo, mas que têm uma prática sexual segura, não se expõem ao risco de
infecção e realizam seus testes e exames com regularidade, não têm necessidade
de tomar a PrEP. Para essas pessoas, em caso de uma eventual exposição há a
possibilidade de fazer o uso da PeP.
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PeP? Clique aqui!
Mas mesmo com outros métodos
de prevenção surgindo no SUS, e com a oferta da PrEP, há um reforço necessário
a ser feito: utilizar o preservativo nas relações sexuais, e como um dos
métodos a serem utilizados. “Só a camisinha previne das outras infecções sexualmente
transmissíveis – como a sífilis, gonorreia, clamídia etc. além de evitar a
gravidez. Por essa razão é importante o uso da camisinha”, defende Adele
Benzaken, diretora do Departamento de IST, HIV/Aids e Hepatites Virais do
Ministério da Saúde. Ela também destaca que fazer testes para o HIV também é
uma forma importante a proteção contra o vírus. Eles são ofertados
gratuitamente no SUS.
Você pode conseguir camisinhas
– tanto masculinas quanto femininas - em qualquer posto de saúde
gratuitamente, já a PrEP ainda não está sendo ofertada, mas a previsão é que
ocorra ainda este ano para aqueles grupos definidos, já que o Protocolo Clínico
e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da PrEP foi publicado no final de maio, e a
incorporação deve ser feita dentro do prazo de 180 dias.
Aline Czezacki, para o Blog da Saúde
Aline Czezacki, para o Blog da Saúde
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