Meninos de 11 a 15 anos
incompletos, transplantados, pacientes em tratamento com quimioterapia e
radioterapia podem se vacinar contra HPV no Sistema Único de Saúde. A ampliação
da oferta da vacina, divulgada nesta terça-feira, 20, faz parte de uma
estratégia que já havia sido anunciada no início do ano de, gradativamente,
expandir o público que recebe o imunizante. Até o mês passado, a vacina estava
disponível apenas para meninos entre 12 e 13 anos, além de meninas de 9 a 14
anos e pessoas com HIV entre 9 e 26 anos.
A expansão ocorre num momento
em que o Ministério da Saúde ainda se depara com uma baixa adesão à campanha e
resistência à vacina. Para se ter uma ideia, este ano foram vacinados 16,5% dos
meninos entre 12 e 13 anos. A taxa de cobertura entre meninas entre 2014 e maio
deste ano é de 45,1%, bem abaixo da meta, que é imunizar 80% do público-alvo.
“Temos um grande caminho a
percorrer para que possamos mudar esse quadro”, afirma a coordenadora do
Programa Nacional de Imunização, Carla Domingues. Ela observa que o problema é
enfrentado em todo o País. “Não é um problema pontual. Não é dificuldade de
acesso. Todos têm de estar engajados nessa luta”, completou.
A grande aposta do governo é a
parceria com o Ministério da Educação, que permite a vacinação nas escolas.
Embora tenha sido anunciada antes da divulgação da campanha do HPV, a
estratégia por enquanto não vingou. O Ministério da Saúde disse não ter números
sobre quantos municípios e Estados atenderam ao chamado. “Tivemos experiências
bem sucedidas, como no Estado de Santa Catarina e na cidade de Niterói. O ideal
é que isso seja repetido em outros locais.”
Carla diz não haver um motivo
único para que a adesão de escolas à iniciativa ainda não esteja em níveis
considerados ideais. Ela observa, porém, que campanhas nas escolas exigem uma
preparação especial.
Ao mesmo tempo em que a adesão
é baixa, os estoques de vacina continuam altos e parte dela pode vencer em
pouco tempo. Pelos cálculos do ministério, centrais estaduais têm cerca de 465
mil doses para vencer até setembro.
“Consideramos aceitável uma
perda de até 5%. Em nenhum Estado essa marca será atingida, será bem menos. Mas
queremos que esse número se reduza ainda mais.” Contados os lotes que vencem no
primeiro semestre de 2018, o número salta para 1,64 milhão de doses.
Atualmente, no estoque nacional existem 5,6 milhões de doses do imunizante.
Além da vacinação nas escolas,
que deverá ser retomada no próximo semestre, o governo planeja fazer uma
campanha para incentivar a vacinação.
O HPV é transmitido pelo
contato direto com a pele ou mucosas infectadas ou por meio de relação sexual.
Também pode ser transmitido da mãe para o filho no momento do parto. Até o ano
passado, a vacina estava disponível apenas para meninas entre 9 e 13 anos. A
partir deste ano, a indicação foi ampliada para garotas de até 14 anos.
A vacina ofertada no SUS para
os garotos é quadrivalente, a mesma que, desde 2014, é oferecida para as
meninas. O imunizante protege contra quatro subtipos do vírus HPV (6, 11, 16 e
18) e possui 98% de eficácia.
Entre meninos, a vacina tem
como objetivo proteger contra os cânceres de pênis, garganta e ânus, doenças
que estão diretamente relacionadas ao HPV. De acordo com a pasta, os cânceres
de garganta e de boca são o 6º tipo de câncer no mundo, com 400 mil casos ao
ano e 230 mil mortes. Mais de 90% dos casos de câncer anal têm origem na
infecção pelo HPV.
Entre o grupo feminino, a
imunização tem como objetivo proteger contra o câncer de colo do útero, vulva,
vaginal e anal, além de lesões pré-cancerosas, verrugas genitais e outras
infecções causadas pelo vírus.
Lígia Formenti, Foto: JF
DIORIO/ ESTADÃO
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