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segunda-feira, 22 de agosto de 2022

DEPUTADOS PODEM VOTAR PROJETO QUE DESONERA A FOLHA DE PAGAMENTOS DOS HOSPITAIS PRIVADOS PARA COMPENSAR REAJUSTE DA ENFERMAGEM

A aprovação do piso salarial dos profissionais da enfermagem, três meses atrás, foi condicionada à criação de fontes de financiamento para compensar o aumento das despesas dos estados e municípios, assim como dos hospitais privados.

O piso acabou sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro no início de agosto sem estas garantias para os governadores, prefeitos e hospitais privados, inclusive santas casas. Enquanto isso, o Congresso e o governo continuam a buscar maneiras de aumentar os repasses do Sistema Único de Saúde e diminuir os gastos das instituições privadas.

Uma dessas propostas está pronta para ser votada pelo Plenário da Câmara. É o projeto (PL 1272/22) que desonera a folha de pagamento dos hospitais privados. O relator, deputado Pedro Westphalem (PP-RS), apresentou parecer com mudanças.

O projeto original permitia que os hospitais privados fossem tributados sobre a receita bruta em vez de pagar os 20% ao INSS referentes aos salários dos funcionários contratados. A medida beneficiaria hospitais e clínicas médicas e odontológicas.

O relator considerou inconstitucional a substituição da contribuição social devida pelo empregador e optou por reduzir a alíquota de 20% para 1%. E acrescentou à lista de estabelecimentos beneficiados os serviços de ambulância e as empresas de home care, que tratam de pacientes em casa.

Para Pedro Westphalem, o piso salarial da enfermagem terá impacto direto nos hospitais privados, que em sua maioria, mais de 70%, são de pequeno porte. Ele apontou ainda risco de prejuízo ao atendimento de 80% dos pacientes que precisam fazer hemodiálise, já que 715 das 818 clínicas são conveniadas ao SUS, que não repassa o suficiente para arcar com o aumento de despesa.

O projeto que desonera a folha de pagamento dos estabelecimentos privados de saúde tramita em regime de urgência, o que dispensa a análise pelas comissões permanentes da Câmara e agiliza a votação em Plenário.

Na votação da urgência, a proposta foi defendida por deputados de vários partidos. Para Felipe Rigoni (UNIÃO-ES), é fundamental compensar o aumento dos custos.

"Uma matéria extremamente importante. Uma vez que a gente aprovou o piso salarial dos enfermeiros e auxiliares, nós precisamos fazer uma compensação agora para os hospitais, para as prefeituras futuramente, porque realmente vai ter um custo a ser arcado. Então é bem importante isto aqui, até para a gente conseguir aumentar a competitividade dos hospitais, clínicas e laboratórios do nosso país."

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) também defendeu a necessidade de reduzir os custos dos hospitais privados e lembrou outras propostas em tramitação no Congresso que poderão gerar recursos para compensar também os gastos dos hospitais públicos. Uma delas é o projeto que legaliza os jogos.

"A enfermagem tem mais de 3 milhões de trabalhadores. Uma enfermeira de nível superior, que passa quase cinco anos numa universidade, temos editais diversos com salários oferecidos, ofertados, no valor de R$ 1.450 reais. Então, de fato, é uma sub-remuneração objetiva. Portanto, é uma saída a desoneração. A outra saída será, por exemplo, o projeto que legaliza os jogos no Brasil."

Já o deputado Tiago Mitraud (Novo-MG) foi contra o regime de urgência. Ele disse ser a favor da desoneração, desde que seja estendida a outros setores, no contexto de reformas como a tributária.

"Nós somos a favor da desoneração de 100% dos setores. Se a gente aprovar uma reforma tributária, aprovar uma reforma da Previdência decente e aprovar uma reforma administrativa que possa tirar o peso do Estado das costas do cidadão, a gente vai poder aprovar uma desoneração de todos os setores, sem privilegiar A ouB."

A deputada Carmem Zanotto (Cidadania-SC), uma das autoras do projeto, defendeu a urgência da desoneração.

"Nós não queremos que nenhum hospital reduza a força de trabalho, que fechem unidades de saúde. Quando a gente desonera a folha do setor saúde, nós estamos dizendo que estamos desonerando a folha dos serviços de hemodiálise, que atendem 95% dos pacientes do Sistema Único de Saúde. Nós estamos falando de uma clínica de imagem que tem profissionais da enfermagem, que aplicam a medicação para fazer um exame com contraste."

A lei define que o mínimo que um enfermeiro pode ganhar nos hospitais públicos ou privados é R$ 4.750 reais. Já o piso dos técnicos de enfermagem é R$ 3.325 reais e o dos auxiliares e parteiras R$ 2.375 reais.

O projeto que desonera a folha de pagamento de hospitais, clínicas e outras empresas privadas de atendimento à saúde pode ser votado a qualquer momento no Plenário da Câmara.

Da Rádio Câmara, de Brasília, Antonio Vital

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