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terça-feira, 23 de agosto de 2022

PAUTA DO CONGRESSO ESTÁ TRANCADA POR VETOS PRESIDENCIAIS A DOZE PROJETOS, ENTRE ELES O QUE REVOGOU A LEI DE SEGURANÇA NACIONAL

Vetos presidenciais a doze projetos de lei aprovados pela Câmara e pelo Senado trancam a pauta do Congresso Nacional. Entre eles estão os vetos a dois projetos que deixaram de ser apreciados por deputados e senadores na última sessão conjunta das duas casas por falta de acordo com o governo. Um deles trata dos crimes contra o Estado Democrático de Direito, legislação que revogou a Lei de Segurança Nacional.

Um dos itens vetados pelo presidente Jair Bolsonaro estabelece punições para a divulgação de notícias falsas na Internet. Outro item vetado considera crime impedir manifestação pacífica de movimentos sociais, sindicatos e outros grupos organizados.

A Lei de Segurança Nacional, considerada uma herança do período da ditadura militar, foi revogada pelo Congresso no ano passado e no lugar dela foi criado um novo capítulo no Código Penal, com a previsão de punições para atos antidemocráticos, como o disparo em massa e o financiamento de notícias falsas com o objetivo de interferir no resultado de eleições, fraude nas urnas eletrônicas, violência de gênero voltada a afastar as mulheres da política, entre outros.

O dispositivo que considerava crime a divulgação de fake news, com pena de até cinco anos de prisão, foi vetado pelo presidente Jair Bolsonaro com o argumento de o texto era genérico e não deixava claro quem seria punido, se a pessoa que produziu a notícia ou quem a compartilhou, o que poderia gerar insegurança jurídica.

Outro dispositivo vetado previa punição para quem impedir, mediante violência ou ameaça, o livre e pacífico exercício de manifestação de partidos políticos, de movimentos sociais, de sindicatos, de órgãos de classe ou de demais grupos políticos, culturais ou religiosos.

O dispositivo foi vetado, de acordo com o governo, por contrariar o interesse público, diante da dificuldade de definir o que seria manifestação pacífica, o que poderia gerar grave insegurança jurídica para as forças de segurança.

A oposição defende a derrubada do veto, como explicou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) na sessão em que não houve acordo com o governo, que quer manter o veto.

"O presidente da República vetou itens que são essenciais para que a democracia seja plena no país. Por exemplo, a ideia da garantia do direito de manifestação para os movimentos sociais. Não há democracia sem luta popular, sem que a sociedade, os movimentos sociais, os sindicatos, o movimento da juventude, os estudantes, todos possam expressar as suas opiniões. Inclusive expressar as suas críticas ao governo de turno."

Também trancam a pauta do Congresso os 38 vetos presidenciais ao projeto (PL 3754/21) que criou o Marco Legal das Ferrovias. A proposta facilita a exploração de ferrovias pela iniciativa privada. Entre outras medidas, cria um novo modelo para essa exploração, a autorização, além da que já está em vigor, a concessão.

A diferença é que a concessão prevê licitação e exige o pagamento de outorga da empresa vencedora para o governo. Já o modelo de autorização vai permitir que empresas particulares explorem as ferrovias a partir de um simples requerimento ou mediante modalidade de seleção mais simples que as licitações, conhecida como chamamento público.

Um dos itens vetados permitia que os atuais concessionários pedissem a mudança do contrato atual para autorização. Para o governo, isso extrapola o direito dos concessionários.

O deputado Hildo Rocha (MDB-MA) defende a manutenção dos vetos.

"São vetos que realmente precisam ser mantidos, estes vetos. Porque o que o governo faz nesta proposta legislativa, que já é lei, é justamente impedir as amarras. Então libera mais, abre mais o mercado. Os vetos feitos pelo presidente, eu concordo. Neste aspecto, sem nenhum tipo de problema."

Ainda não há data para a sessão do Congresso que vai analisar os vetos presidenciais.

Da Rádio Câmara, de Brasília, Antonio Vital

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