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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Vacina da Sanofi contra dengue perto da aprovação, embora o custo seja um grande impasse Euro 20 (R$ 84) por dose X 3 para 200 milhões de habitantes

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Mobilização. Autoridades de saúde, especialistas e população em seminário sobre o zika em BH

LITZA MATTOS
A epidemia inédita de zika vírus no Brasil é resultado da falha do poder público nas ações de combate ao mosquito Aedes aegypti nos últimos 30 anos, afirmaram especialistas nesta terça no seminário “Zika, chikungunya e dengue: desafios para o controle e a atenção à saúde”, realizado em Belo Horizonte.
O secretário executivo do Ministério da Saúde, José Agenor Álvares da Silva, reconheceu a “omissão histórica do Estado brasileiro”. “A questão do mosquito não é novidade. Desde a década de 80 existem alertas sobre o Aedes aegypti. Fomos (o Estado brasileiro) incompetentes em lutar contra isso. Nós fazemos parte do Estado brasileiro. Então, nós fomos, em algum momento, omissos contra esse mal, seja eu pesquisador, gestor, ministro da saúde, secretário municipal ou estadual”.
Segundo ele, o potencial do mosquito foi subestimado. “Era um mosquitinho e se pensava que a dengue era só uma doença ‘quebra-osso’. Agora a gente viu que não. Hoje já têm quatro tipos de vírus que o mosquito transmite, o próprio vírus da dengue tem potencial de mortalidade, a chikungunya também é forte, e o zika é o que estamos vendo”, disse José Agenor Silva.

O secretário executivo voltou a garantir que não faltarão verbas para o caso. “Essa é uma decisão da presidente da República”. Segundo ele, o governo federal está fazendo de tudo para mudar esse quadro histórico. “O governo assumiu a sua responsabilidade de coordenar um mutirão no país contra o vetor. Não existe mais omissão”, afirmou.
O secretário executivo disse, porém, que dificilmente a situação estará controlada até a Olimpíada de 2016 no Rio. “Se quisermos ter no futuro algum controle dessa situação, temos que agir agora”, disse José Agenor Silva. Segundo ele, o impacto no turismo já pode ser sentido, especialmente no Nordeste, onde a situação é mais grave.
Minas. Dos mais de 2.100 casos de microcefalia – malformação do cérebro de bebês que afeta o desenvolvimento motor e cognitivo – investigados no país sob suspeita de terem sido causados pela zika, 33 são de Minas Gerais, segundo o ministério.
O secretário de Estado da Saúde de Minas, Fausto Pereira dos Santos, disse nesta terça que o governador Fernando Pimentel convocou para esta semana uma reunião com todos os secretários e órgãos do governo para traçar estratégia de enfrentamento. O Estado tem R$ 36 milhões para as ações de combate ao Aedes.
“O mosquito está fortemente vinculado à questão da limpeza urbana e de hábitos históricos dos brasileiros, como a presença de plantas em casa e o destino do lixo ainda pouco organizado”, disse.
Vacina contra dengue perto da aprovação

BRASÍLIA. O ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse que a vacina contra a dengue produzida pela multinacional francesa Sanofi Pasteur “está na iminência de conseguir aprovação no Brasil”.

Na última semana, a vacina obteve o aval da agência reguladora do México, o primeiro entre 20 países no qual a empresa busca o registro. A autorização é necessária para a que a vacina possa ser comercializada no mercado.

Segundo o ministro, o principal impasse à vacina está nos custos. “Uma dose (a vacina é composta por três doses) custa em torno de  20 (R$ 84). Com de 200 milhões de habitantes, isso fica inviável”.


Casos investigados aumentam

BRASÍLIA. Em uma semana, o número de casos em investigação de recém-nascidos com microcefalia cresceu 22%. Ao todo, o país registra 2.165 casos suspeitos da malformação em 19 Estados e no Distrito Federal, verificados a partir do diagnóstico inicial, que ocorre pela medida da cabeça do bebê.

No total, houve 2.401 notificações até o dia 12 de dezembro, mas 102 desses casos foram descartados e 134 foram confirmados.

Para comparação, na última semana, havia 1.761 bebês com suspeita de microcefalia em 13 Estados e no DF. Os novos Estados a informarem um aumento de registro de microcefalia são Espírito Santo, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Pernambuco ainda concentra o maior número de casos em investigação, com 874 registros suspeitos e 29 confirmados, seguido da Paraíba, com 322 suspeitos e 19 confirmados. Há ainda casos em investigação na Bahia (316), Rio Grande do Norte (101), Sergipe (33), Alagoas (107), Ceará (79), Mato Grosso (72), Maranhão (56), Rio de Janeiro (57), Tocantins (43), Piauí (39), Minas Gerais (33) e Espírito Santo (14), São Paulo (6), Goiás (4), Mato Grosso do Sul (3), Pará (3), Distrito Federal (2) e Rio Grande do Sul (1). O número de mortes suspeitas também cresceu e já atinge 26 registros. Desses, uma foi confirmada. Outras duas chegaram a ser investigadas, mas foram descartadas.

O avanço de casos de microcefalia fez o país decretar emergência nacional em saúde pública. É a primeira vez que a medida é tomada.

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