A
prevenção, o diagnóstico, o acesso ao tratamento e o financiamento foram alguns
dos desafios apontados por deputados e gestores de hospitais no combate ao
câncer no Brasil.
O
assunto foi tratado nesta terça-feira (6) em comissão geral no
Plenário da Câmara dos Deputados.
Presente
à comissão geral da Câmara, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, admitiu que o
Brasil não dispõe de recursos para dar tratamento para todos os brasileiros
como deveria
Deputado
que solicitou o debate, Caio Narcio (PSDB-MG), que perdeu familiares para a
doença, destacou a rapidez do diagnóstico como primeiro passo para o sucesso do
tratamento.
Ocorre
que muitas vezes o diagnóstico é tardio, dificultando o cumprimento da lei
(12.732/12) que determina o início do tratamento em até 60 dias após esse
diagnóstico.
Subfinanciamento
Segundo o diretor do Hospital do Câncer de Uberaba, Felipe Toledo Rocha, a realização de exames como uma colonoscopia, que pode indicar um câncer de intestino, é prejudicada pelo subfinanciamento.
Segundo o diretor do Hospital do Câncer de Uberaba, Felipe Toledo Rocha, a realização de exames como uma colonoscopia, que pode indicar um câncer de intestino, é prejudicada pelo subfinanciamento.
“Quando
se discute uma política de acesso, não podemos esquecer o diagnóstico. Num
simples ultrassom, endoscopia, colonoscopia é onde o paciente tem a chance de
se curar”, afirmou.
Tabelas
desajustadas
O
diretor do Hospital do Câncer de Muriaé (MG), Sérgio Dias Henriques,
acrescentou que, além do diagnóstico, o paciente enfrenta filas nos exames, na
biópsia, na cirurgia, na quimioterapia e na radioterapia. Ele disse ainda o
sistema padece com recursos obsoletos e tabelas de preços que não são
reajustadas há mais de dez anos.
“Como
discutir a incorporação de novas tecnologias nesse cenário? O tratamento
avança, com novas tecnologias e maiores chances de cura, mas ainda atrelados a
custos astronômicos, o que faz com que muitas vezes o acesso ocorra por
determinação judicial”, afirmou Henriques.
Falta de informação
Falta de informação
Outros
participantes da comissão geral reclamaram da falta de informação dos
pacientes, que não sabem como se prevenir, nem dos passos do tratamento. Foi
por falta de informação que Melissa de Medeiros se surpreendeu ao ficar muda
depois de uma cirurgia para retirada de laringe em decorrência de câncer.
Ex-fumante, 45 anos de idade, Melissa ficou completamente muda durante dois
anos.
“Não
recebi o diagnóstico correto em tempo. Não recebi informações de que ficaria
muda, de que perderia o emprego, de como voltaria a falar”, testemunhou a
mulher que hoje fala com o auxílio de um aparelho eletrônico que robotiza sua
voz.
A
reclamação dela é que hoje grande parte dos pacientes não tem acesso a uma
terapia fonoaudiológica para voltar a falar.
Pressão
da indústria
Presente
ao debate, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, admitiu que o Brasil não dispõe
de recursos para dar tratamento para todos os brasileiros como deveria. As
novas tecnologias e os tratamentos individualizados, disse, são muito caros,
mas o País tem buscado outros caminhos, seja pelo investimento em prevenção ou
pelo barateamento da produção de medicamentos.
“Economizamos
R$ 3,2 bilhões neste primeiro ano de gestão, praticamente reduzindo preço de
medicamento. Quanto mais barato, mais acesso damos às pessoas. Precisamos
resistir à pressão da indústria farmacêutica em descontinuar a produção de
medicamentos baratos”, defendeu o ministro.
Prevenção
Em
outra frente, Ricardo Barros lembrou que o Brasil assumiu internacionalmente
compromissos relativos à prevenção. São medidas que envolvem a redução de 30%
em bebidas açucaradas ou o aumento em 17% no consumo de hortaliças e verduras
até 2019, além da diminuição do sedentarismo e do tabagismo, com redução no
número de fumantes de 15% para 10% em 10 anos.
Ainda
segundo o ministro, cada vez mais o tratamento tem sido descentralizado e os
recursos para essa finalidade cresceram 49% nos últimos seis anos, passando de
R$ 2,1 bilhões para R$ 3 bilhões por ano. A cada ano, surgem aproximadamente
600 mil novos casos de câncer no Brasil, sendo os mais comuns o de pele, o de
próstata, o de mama, o de pulmão e o de útero.
Reportagem
– Noéli Nobre, Edição – Newton Araújo, Foto - Billy Boss/Agência Câmara
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