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sexta-feira, 16 de abril de 2021

Conexão Brasília com o jornalista Olho Vivo Edmar Soares Parte I

-- Brasília, 16  de abril  

A decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal de reabilitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como presidenciável inaugurou politicamente a eleição presidencial de 2022.

-- Indiretamente, o presidente Jair Bolsonaro reconheceu a largada. "Se o Lula voltar pelo voto direto, pelo voto auditável, tudo bem. Agora, veja qual vai ser o futuro do Brasil com o tipo de gente que ele vai trazer para dentro da Presidência", disse em sua tradicional transmissão às quintas-feiras.

-- Lula já aparece com 18 pontos de vantagem sobre Bolsonaro em pesquisa do PoderData. Esse resultado pode refletir o recrudescimento da pandemia, mas dificuldades fazem parte do fardo que um presidente tem que carregar. Por incrível que pareça, Bolsonaro tem a faca e o queijo na mão para se reeleger: base aliada no Congresso com capilaridade em estados e municípios, equipe econômica apoiada pelo mercado, eleitorado fiel de um terço da sociedade e menos pendente à esquerda.

-- O problema é que ele não está certo de chegar ao segundo turno se abrir mão de apoiadores ideológicos, como demonstram as referências, em sua transmissão, a "voto direto" e "voto auditável", em nome de uma aliança ampla da direita ao centro. Por outro lado, há quem aposte, dentro do Palácio do Planalto, que assumir parte de um programa mais progressista, como obras públicas e políticas sociais, é a solução para a reeleição.

-- Bolsonaro larga muito mais forte se começar a fortalecer o Ministro da Economia, Paulo Guedes, e reconciliá-lo com a base aliada no Congresso para acelerar as reformas e a vacinação contra a Covid-19. Para o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, a agenda liberal pode ser um diferencial contra Lula no ano que vem. Esta agenda é fortalecida justamente por acordos como liberar emendas aos parlamentares responderem às suas bases.

-- Todo o cuidado é pouco. Em vez de surfar novamente no antipetismo, Bolsonaro pode acabar unindo o estabelecimento político contra si, tornando Lula uma espécie de Joe Biden à brasileira, conseguindo apoio de forças políticas e eleitores que poderiam estar com o presidente.

Edmar Soares

DRT 2321

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