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quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Imunidade contra o sarampo acabou em Portugal

Inquérito Serológico Nacional estima que a percentagem de pessoas imunes à doença tenha caído para menos de 95%, a taxa mínima necessária para prevenir uma epidemia.

A imunidade de grupo contra o sarampo, que protege vacinados e não vacinados, já não existe em Portugal devido à diminuição do número de pessoas imunes à doença nos últimos 14 anos.

Os dados constam do Inquérito Serológico Nacional (ISN) 2015-2016, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), em que participaram 4.866 pessoas, e que vem atualizar o último estudo, relativo a 2001-2002.

No último inquérito, a soroprevalência para o vírus do sarampo foi de 95,2%, mas o atual aponta para 94,2% de indivíduos imunes à doença.

"Este valor é inferior a 95%, proporção de indivíduos soropositivos [com contato com o agente infecioso] necessária para que ocorra imunidade de grupo", a qual é um efeito indireto da vacinação que protege os vacinados, mas também os que não receberam a vacina, uma vez que reduz a circulação do agente e da transmissão da infeção.

A percentagem de imunes não é igual em todas as faixas etárias. O documento indica que "a imunidade de grupo verificou-se globalmente para ambos os sexos nas crianças com idades compreendidas entre os dois e os nove anos e nos adultos com idade superior a 44 anos, correspondendo aos indivíduos vacinados com VASPR [vacina combinada contra o sarampo, a parotidite epidémica e a rubéola] e aos que desenvolveram imunidade natural".

Nos grupos etários entre os dois e os quatro anos e os cinco e os nove anos, a imunidade de grupo não é uniforme por região e sexo, "sendo inferior a 95% em alguns grupos do sexo feminino ou masculino do Centro e Região Autónoma dos Açores".

A proteção baixa nos indivíduos com 15 a 29 anos (90%), atingindo os 88,2% entre os 15 e os 19 anos e os 77,9% para a faixa entre os 20 e os 29 anos.

Segundo os autores, "a proporção de indivíduos suscetíveis nestes grupos etários pode ser atribuída ao facto de terem sido vacinados com diferentes estirpes vacinais ou por um declínio dos anticorpos ao longo do tempo, que pode ocorrer após vacinação".

"Vacinar, vacinar, vacinar"
A diretora-geral da Saúde disse encarar "com toda a naturalidade" estes resultados, lembrando a ocorrência este ano de dois surtos, que não se tornaram endémicos.

Contudo, Graça Freitas lembra que é essencial "vacinar, vacinar e vacinar". A vacinação protege os vacinados, mas também os que não receberam a vacina, uma vez que reduz a circulação do agente e da transmissão da infeção.

"A vacinação salva vidas, os que nos mata são as doenças."

A DGS iniciou em julho uma campanha de vacinação de repescagem contra o sarampo em crianças e adultos, tendo adquirido para o efeito 200 mil doses adicionais de vacinas.

Foto: DR / TSF com Lusa


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