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sábado, 14 de maio de 2022

Três de quatro exames para detectar Alzheimer não funcionam em pessoas negras

Exame só para brancos?

A maioria das pessoas é diagnosticada com Alzheimer somente depois de se tornarem esquecidas e confusas, sintomas cognitivos que surgem relativamente tarde no curso da doença - uma década ou mais depois que o cérebro começou a mudar.

Por isso, os cientistas estão trabalhando para identificar mais cedo indícios da doença usando exames de sangue que detectam proteínas associadas à doença de Alzheimer no sangue - também conhecidas como biomarcadores.

Mas o campo da pesquisa de biomarcadores de Alzheimer é baseado em dados coletados de grupos de participantes majoritariamente brancos, levantando preocupações sobre se os testes baseados em tais biomarcadores seriam igualmente válidos em populações de maior diversidade.

"Quando você usa uma população de estudo limitada - como, infelizmente, os cientistas tradicionalmente fizeram nas pesquisas de Alzheimer - e depois tenta aplicar os resultados a todos, incluindo pessoas de origens diversas, você pode exacerbar as desigualdades na saúde," alerta a Dra Suzanne Schindler, professora de neurologia na Universidade de Washington em St. Louis (EUA).

Testes com viés

De fato, três exames de sangue experimentais usados para identificar pessoas nos estágios iniciais da doença de Alzheimer apresentaram desempenhos muito diferentes em pessoas negras.

No lado positivo, um quarto exame de sangue, chamado teste PrecivityAD, mostrou-se igualmente eficaz na detecção precoce da doença de Alzheimer, independentemente da raça da pessoa que está sendo testada.

Como os pontos de corte entre os escores de testes normais e anormais geralmente são estabelecidos com base em voluntários predominantemente brancos, os testes que apresentam desempenho diferente em populações negras colocam os pacientes negros em risco desproporcional de diagnóstico incorreto e de atendimento médico inadequado.

E este parece ser o caso em três quartos dos testes que estão se preparando para chegar ao mercado.

"Minha esperança é que este artigo ajude a ilustrar a necessidade de aumentar a diversidade de participantes nos estudos de Alzheimer. Meus colegas e eu estamos trabalhando para desenvolver um estudo multicêntrico muito maior para avaliar melhor as diferenças raciais nos biomarcadores sanguíneos relacionados à doença de Alzheimer. Esta é uma prioridade absoluta para nós," disse Schindler.

Especificidades

Os pesquisadores não projetaram o estudo para encontrar a razão pela qual alguns biomarcadores de Alzheimer levam a resultados diferentes em pessoas negras em comparação com pessoas brancas, mas a presença de outras condições de saúde pode desempenhar um papel.

Neste estudo, os negros mostraram-se mais propensos do que os brancos a ter pressão alta (67% versus 45%) e diabetes (28% versus 5%). Ambas as condições estão ligadas à doença de Alzheimer e podem influenciar o desempenho dos testes de biomarcadores, dizem os pesquisadores.

Artigo: Effect of Race on Prediction of Brain Amyloidosis by Plasma Ab42/Aß40, Phosphorylated Tau, and Neurofilament Light

Autores: Suzanne E. Schindler, Thomas K Karikari, Nicholas J Ashton, Rachel L Henson, Kevin E Yarasheski, Tim West, Mathew R Meyer, Kristopher M Kirmess, Yan Li, Benjamin Saef, Krista L Moulder, David Bradford, Anne M Fagan, Brian A Gordon, Tammie L.S. Benzinger, Joyce Balls-Berry, Randall J Bateman, Chengjie Xiong, Henrik Zetterberg, Kaj Blennow, John C Morris

Publicação: Neurology

DOI: 10.1212/WNL.0000000000200358

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