Exame só para brancos?
A maioria das pessoas é
diagnosticada com Alzheimer somente depois de se tornarem esquecidas e
confusas, sintomas cognitivos que surgem relativamente tarde no curso da doença
- uma década ou mais depois que o cérebro começou a mudar.
Por isso, os cientistas estão
trabalhando para identificar mais cedo indícios da doença usando exames de
sangue que detectam proteínas associadas à doença de Alzheimer no sangue -
também conhecidas como biomarcadores.
Mas o campo da pesquisa de
biomarcadores de Alzheimer é baseado em dados coletados de grupos de
participantes majoritariamente brancos, levantando preocupações sobre se os
testes baseados em tais biomarcadores seriam igualmente válidos em populações
de maior diversidade.
"Quando você usa uma
população de estudo limitada - como, infelizmente, os cientistas
tradicionalmente fizeram nas pesquisas de Alzheimer - e depois tenta aplicar os
resultados a todos, incluindo pessoas de origens diversas, você pode exacerbar
as desigualdades na saúde," alerta a Dra Suzanne Schindler, professora de
neurologia na Universidade de Washington em St. Louis (EUA).
Testes com viés
De fato, três exames de sangue
experimentais usados para identificar pessoas nos estágios iniciais da doença
de Alzheimer apresentaram desempenhos muito diferentes em pessoas negras.
No lado positivo, um quarto
exame de sangue, chamado teste PrecivityAD, mostrou-se igualmente eficaz na
detecção precoce da doença de Alzheimer, independentemente da raça da pessoa
que está sendo testada.
Como os pontos de corte entre
os escores de testes normais e anormais geralmente são estabelecidos com base
em voluntários predominantemente brancos, os testes que apresentam desempenho
diferente em populações negras colocam os pacientes negros em risco
desproporcional de diagnóstico incorreto e de atendimento médico inadequado.
E este parece ser o caso em
três quartos dos testes que estão se preparando para chegar ao mercado.
"Minha esperança é que
este artigo ajude a ilustrar a necessidade de aumentar a diversidade de
participantes nos estudos de Alzheimer. Meus colegas e eu estamos trabalhando
para desenvolver um estudo multicêntrico muito maior para avaliar melhor as
diferenças raciais nos biomarcadores sanguíneos relacionados à doença de
Alzheimer. Esta é uma prioridade absoluta para nós," disse Schindler.
Especificidades
Os pesquisadores não
projetaram o estudo para encontrar a razão pela qual alguns biomarcadores de
Alzheimer levam a resultados diferentes em pessoas negras em comparação com
pessoas brancas, mas a presença de outras condições de saúde pode desempenhar
um papel.
Neste estudo, os negros
mostraram-se mais propensos do que os brancos a ter pressão alta (67% versus
45%) e diabetes (28% versus 5%). Ambas as condições estão ligadas à doença de
Alzheimer e podem influenciar o desempenho dos testes de biomarcadores, dizem
os pesquisadores.
Artigo: Effect of Race on
Prediction of Brain Amyloidosis by Plasma Ab42/Aß40, Phosphorylated Tau, and
Neurofilament Light
Autores: Suzanne E. Schindler,
Thomas K Karikari, Nicholas J Ashton, Rachel L Henson, Kevin E Yarasheski, Tim
West, Mathew R Meyer, Kristopher M Kirmess, Yan Li, Benjamin Saef, Krista L
Moulder, David Bradford, Anne M Fagan, Brian A Gordon, Tammie L.S. Benzinger,
Joyce Balls-Berry, Randall J Bateman, Chengjie Xiong, Henrik Zetterberg, Kaj
Blennow, John C Morris
Publicação: Neurology
DOI: 10.1212/WNL.0000000000200358
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