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quinta-feira, 26 de maio de 2022

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Edmar Soares – 26.05.2022

- Câmara aprova limite de ICMS sobre energia, mas estados planejam barrar texto no Senado e até no STF

Comsefaz estima perda entre R$ 64,2 bilhões e R$ 83,5 bilhões por ano a estados caso projeto seja aprovado

* A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (25) o projeto que limita o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre energia e combustíveis. Além disso, o Congresso inseriu no texto uma nova tentativa de fixar a tributação sobre o diesel.

O texto-base do projeto foi aprovado por 403 a 10. Os deputados rejeitaram sugestões para modificar a proposta —que, agora, segue para o Senado. Os estados, no entanto, reagem ao texto e já falam em barrar a proposta na Casa vizinha ou até no STF (Supremo Tribunal Federal).

* O texto aprovado nesta quarta-feira classifica combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo como bens e serviços essenciais. Com isso, valeria entendimento do STF que limita a incidência do imposto a a esses itens a uma faixa de 17% a 18%.

A proposta final da Câmara passou a prever uma compensação a estados em caso de perda de arrecadação. Para entes endividados, a União deduzirá do valor das parcelas dos contratos de dívidas as perdas de arrecadação superiores a 5% em relação a 2021. A dedução vai até 31 de dezembro de 2022 ou até a dívida acabar.

Estados em regime de recuperação fiscal terão as perdas com arrecadação compensadas integralmente. Estados sem dívida ficam sem compensação.

- Brasil tem democracia barulhenta, mas que é robusta e respeitada no exterior, diz Guedes

Ministro falou sobre a percepção estrangeira sobre a democracia brasileira e as recentes desavenças entre Executivo, Judiciário e Legislativo

O Brasil tem uma democracia barulhenta, mas que é robusta e vista com respeito pelos estrangeiros. A avaliação foi feita pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em entrevista coletiva de avaliação após participar do Fórum Econômico Mundial, em Davos. “É barulhenta, mas é democracia. Barulhenta, mas funcional”, resumiu Guedes.

Em longa conversa com a imprensa brasileira, o ministro falou sobre a percepção estrangeira sobre a democracia brasileira e as recentes desavenças entre Executivo, Judiciário e Legislativo.

“Democracia é um algoritmo de decisão política decentralizada. E, por isso, faz barulho. O presidente fala uma coisa, o Supremo fala outra e o Congresso outra. É normal numa democracia”. “É uma democracia robusta, resiliente. Barulhenta, porém resiliente”, completou.

- Guedes rebate governadores sobre ICMS: “São despreparados, ingratos ou militantes”

Câmara dos Deputados aprovou projeto que reduz alíquotas do ICMS para energia e combustíveis

O ministro da Economia, Paulo Guedes, rebateu as críticas de governadores ao projeto aprovado ontem na Câmara que reduz alíquotas do ICMS para energia e combustíveis. Ao citar que o governo federal repassou cerca de R$ 500 bilhões aos Estados e municípios desde o início da pandemia, o ministro disse que governadores que reclamam do tema são “despreparados, ingratos, militantes ou estão fazendo política”.

“Os Estados receberam uma fortuna fabulosa. Nunca se transferiu tanto para Estados e municípios. Perdemos receita, mas mantivemos e aceleramos receitas para eles (os Estados)”, disse.

Guedes detalhou os repasses e lembrou que foram R$ 260 bilhões via Fundeb, R$ 90 bilhões em diferimento e dívidas, R$ 60 bilhões em recursos livres, como destinado ao transporte urbano, além de R$ 68 bilhões da Lei Kandir e R$ 19 bilhões da cessão onerosa do petróleo. “A história vai nos julgar”.

Ontem, a Câmara aprovou o projeto de lei que estabelece um limite de 17% no ICMS sobre bens e serviços que passam a ser considerados essenciais. A iniciativa é do governo federal e é defendida como maneira de tentar conter preços de combustíveis e energia elétrica. Foram 403 votos a favor e 10 votos contra.

Governadores reclamam da aprovação do texto, ao citar que vão perder dezenas de bilhões de reais em arrecadação do ICMS.

- A procura de brasileiros por dólar registrou uma queda de 25% em maio, até esta quarta-feira (25), frente ao mesmo período de abril – mês com a maior demanda pela moeda norte-americana desde o início da pandemia de Covid-19.

A explicação: a alta do câmbio nas últimas semanas. Os dados são de um levantamento feito pela Associação Brasileira de Câmbio (Abracam) nesta quarta-feira (25).

Principal motivo da queda no movimento nas casas de câmbio em maio, o preço do dólar chegou a ultrapassar R$ 5,15 na primeira semana do mês. Em contrapartida, em abril, foi possível comprar a moeda por até R$ R$ 4,60. Atualmente, o dólar está em aproximadamente R$ 4,80.

- De acordo com a presidente executiva da Abracam, Kelly Massaro, a queda na demanda pela moeda só não foi menor devido à proximidade com o mês de julho, período de férias escolares, em que as famílias costumam viajar para o exterior.

“Quando o custo do dólar começa a subir um pouco, como foi o caso no mês de maio, as pessoas param de comprar a moeda, recua um pouco o interesse, diferente do que aconteceu em abril. Mas acredito que a procura pelo dólar deva se restabelecer em um patamar mais alto, até porque a moeda voltou a cair e porque as férias de julho estão chegando”, contextualizou Kelly Massaro.

A alta no preço do dólar e, consequentemente, a menor procura entre os brasileiros estão diretamente ligadas ao arrefecimento da guerra entre Ucrânia e Rússia, que teve início há pouco mais de três meses. É o que avalia o coordenador dos cursos de MBA da FGV, Ricardo Teixeira.

Segundo ele, o esfriamento da guerra no leste europeu reduziu a pressão internacional sobre as commodities no mercado internacional, como o petróleo, o que gerou a queda na taxa cambial do dólar.

O economista ainda destaca que, embora a situação no leste europeu não esteja “calma”, a expectativa é que não aconteça uma escalada de tensões no curto prazo.

“A baixa procura do dólar se deve, provavelmente, pela redução da escalada da guerra na Ucrânia. A possibilidade da adesão de novos países no conflito ou a expectativa de utilização de armas nucleares diminuiu ao longo das últimas semanas. E isso, de certa forma, reduz a pressão internacional sobre o dólar”, ressaltou o economista.

- Solução para chancelar Simone Tebet no PSDB deve vir do RS

Impasses regionais adiaram reunião da executiva dos tucanos para 2 de junho. Cúpulas do PSDB e MDB esperam solucionar com possível candidatura da chapa Eduardo Leite (PSDB) e Gabriel Souza (MDB) no RS

- O motivo do adiamento para 2 de junho da reunião ampliada da executiva nacional do PSDB para aprovar Simone Tebet (MDB) como candidata do partido e firmar a união com MDB e Cidadania em prol da terceira via vai além de resistências internas ao nome da emedebista.

PSDB e MDB têm impasses regionais no Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Diante de problemas quase insolucionáveis nos dois primeiros, a solução que está sendo negociada pelas cúpulas dos dois partidos viria pelo RS, com uma possível candidatura da chapa Eduardo Leite (PSDB) para governador e Gabriel Souza (MDB) para vice.

As informações são de dirigentes do PSDB e do MDB que falaram com a reportagem em caráter reservado.

No governo gaúcho, atualmente Souza é pré-candidato ao governo pelo MDB e aliado de Leite. Porém, no estado existe uma rivalidade histórica entre os dois partidos.

Ainda assim, as cúpulas avaliam que o impasse no estado seria o mais fácil de solucionar e, com isso, garantir a chancela ao nome de Tebet internamente no PSDB: Gabriel Souza desistiria de ser cabeça de chapa e viria como vice de Leite.

O MDB no Estado é o maior diretório do partido e precisa dos votos dos gaúchos para sacramentar Simone Tebet como candidata.

Em Pernambuco, o MDB tem aliança com o PSB, que comanda o governo local. O PSDB tem como candidata Raquel Lyra, ex-prefeita de Caruaru. Para resolver o impasse, MDB teria que deixar a base do governo para apoiar a candidata tucana, o que não deve acontecer, avaliam fontes da cúpula dos dois partidos.

Já no Mato Grosso do Sul, cada partido tem seu próprio candidato. O ex-governador Andre Puccinelli (MDB) é pré-candidato a governador e não abre mão. O candidato do PSDB é Eduardo Riedel, que negocia o apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL) e deve ter a ex-ministra Tereza Cristina (PP) como sua candidata ao Senado.

A cúpula avalia que solucionar o impasse pelo menos no Rio Grande do Sul já garantiria a chancela ao nome da emedebista na reunião prevista para o próximo dia 2 de junho. Mas, enquanto a solução não é concretizada, a data prevista da reunião para selar a aliança com o MDB ainda pode ser alterada.

Oficialmente os dois partidos não se manifestaram.

- Aras diz que perdão a Daniel Silveira é constitucional, mas não tira a inelegibilidade

* O procurador-geral da República Augusto Aras considerou, em parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o "indulto", graça constitucional concedida pelo presidente Jair Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) para livrá-lo da condenação a oito anos de prisão é constitucional, mas não tira a sua inelegibilidade.

“A graça e o indulto não eximem seus beneficiários de eventual responsabilização nas searas cível, administrativa, eleitoral ou nas demais esferas do direito em que possa repercutir a prática do fato delituoso. Logo, fazendo inteira abstração do caso concreto, pode-se enunciar que, no Direito brasileiro, o exercício do poder de graça não interfere na suspensão dos direitos políticos, após o trânsito em julgado, em decorrência da condenação, e, tampouco, no que venha a ser ou tenha sido decidido quanto à perda de mandato político. Nenhuma interferência surte, ademais, no tocante a eventual inelegibilidade decorrente da condenação, que poderá ser objeto de apreciação pela Justiça Eleitoral”, diz trecho da manifestação de Aras.

No documento de 62 páginas, a Procuradoria-Geral da República (PGR) defende a graça e o indulto presidencial como atos essencialmente políticos e, portanto, não estão  sujeitos ao  ordenamento legislativo ou judiciário. “Estabelecida pela Constituição, a clemência soberana não se sujeita a regulamentação legislativa e, tampouco, a balizamentos judiciais, uma vez que, pela destinação mesma de sua natural eficácia paralisante de efeitos próprios de condenação criminal, Carlos Maximiliano a ela se referia, com inteiro acerto, a “contrapeso aos excessos do judiciarismo”, diz Aras. "A respeito do tema, aliás, já decidiu este Supremo Tribunal Federal não caber à lei restringir a competência do Presidente da República para conceder indulto, medida cujo alcance pode ser parcial ou total."

Seis partidos já se manifestaram no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre indulto presidencial. Desse total, cinco – Rede, PDT, Cidadania, PSOL e PT – apresentaram pedidos para derrubar o decreto de Bolsonaro. Apenas um, o PTB, partido do próprio Daniel Silveira, deixou de manifestar contrariedade ao perdão da pena. A relatora dessas ações, ministra Rosa Weber, ainda não se manifestou sobre as contestações das legendas.

Em 2018, quando o STF julgou uma ação da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o indulto natalino decretado pelo ex-presidente Michel Temer, que perdoava condenados por corrupção, Rosa Weber votou pela manutenção do perdão.

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