André Julião | Agência FAPESP– O BIOTA Síntese – Núcleo de Análise e Síntese de Soluções Baseadas na
Natureza reunirá nos próximos cinco anos cientistas, gestores públicos e
organizações da sociedade civil com o objetivo de criar soluções baseadas na
natureza para problemas socioambientais, como enchentes, polinizadores para a
agricultura e doenças infecciosas transmitidas entre animais e humanos.
Sediado no Instituto de
Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), o Centro de Ciência
para o Desenvolvimento (CCD) da FAPESP foi lançado oficialmente nesta
quarta-feira (18/05), em evento on-line.
“Essa é uma oportunidade de
aliar boa pesquisa com o retorno para a sociedade, uma vez que estamos lidando
com problemas de impacto socioambiental, ou seja, de interesse social direto”,
disse Jean Paul Metzger, professor do Instituto de Biociências (IB-USP) e
diretor do novo centro.
Formado por 27 instituições,
entre universidades, secretarias estaduais e organizações não governamentais, o
BIOTA Síntese pretende dar respostas a desafios da agricultura sustentável,
segurança hídrica e controle de zoonoses.
“O programa Ciência para o
Desenvolvimento visa criar e apoiar núcleos de pesquisa orientados a problemas
do Estado de São Paulo, que na maioria das vezes tem composição
multidisciplinar, embora tenham um foco central de interesse. O BIOTA Síntese
exemplifica bem a dinâmica desse programa, porque está focado na interação do
meio ambiente com a saúde, a agricultura sustentável e o ser humano”, explicou
Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, durante a abertura do evento.
Segundo Metzger, que também
coordena o Programa BIOTA-FAPESP, o centro pretende preencher duas grandes
lacunas. Uma mais científica, relacionada à síntese de dados e voltada a prover
evidências que darão suporte a políticas públicas, e outra de implementação
desse conhecimento. “A ideia é tanto organizar essa ciência, de forma que ela
se torne mais útil, quanto pensar nos instrumentos de implementação”, disse.
O BIOTA Síntese conta com uma
equipe multidisciplinar, dividida em temas de interesse: agricultura e serviços
ecossistêmicos; restauração e economia de base florestal; regulação de
zoonoses; cidades, saúde e adaptação; coprodução de políticas públicas.
“Existe nesse programa uma
expectativa muito grande da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente. Todo
esse trabalho tem como meta a melhoria, o aperfeiçoamento das políticas.
Estamos muito contentes de participar desse projeto e à disposição para o que
for necessário para poder contribuir da melhor forma possível para que esse
programa tenha os melhores resultados”, disse o secretário de Infraestrutura e
Meio Ambiente, Fernando Chucre.
Outras secretarias envolvidas
no projeto são as estaduais de Saúde e de Agricultura e Abastecimento, além da
Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente da cidade de São Paulo. Somam-se
à USP as universidades estaduais Paulista (Unesp) e de Campinas (Unicamp) e as
federais de São Carlos (UFSCar) e do ABC (UFABC).
Políticas públicas
Para o diretor do IEA-USP,
Guilherme Ary Plonski, o BIOTA Síntese favorecerá novas ideias e será um espaço
de convívio, confronto e interação entre as diversas áreas.
“O BIOTA Síntese é um cluster
de entidades de diversas extrações que se juntou para tratar da causa que
mobiliza boa parte da humanidade – a da sustentabilidade. De modo que possamos
deixar para as futuras gerações um mundo pelo menos não pior que o que
recebemos, mas desejavelmente melhor”, afirmou.
Luís Fernando Guedes Pinto,
diretor de Conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica, enfatizou a importância
de engajar a sociedade civil organizada desde a elaboração do núcleo, o que
deve agilizar a formulação de políticas públicas baseadas no melhor
conhecimento existente.
“Existe um descompasso entre a
produção de conhecimento e a formulação e implementação de políticas públicas.
Temos que diminuir essa distância entre ciência e políticas públicas e esse
projeto é desenhado nessa perspectiva, de procurar as perguntas de maneira
participativa, de construir as soluções e conduzir grupos de pesquisadores de
alto nível para poder responder a essas perguntas”, ressaltou.
O BIOTA Síntese já trabalha
junto ao governo do Estado de São Paulo no Plano de Ação Climática, que entre
outras metas pretende restaurar 1,5 milhão de hectares de florestas até 2050. O
plano será apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas (COP27), que ocorrerá em novembro, no Egito.
O evento de lançamento pode ser assistido em: https://youtu.be/ZJpMdZkzVxM.
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