A comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha desdobramentos do surto de zika vírus no país reúne, a partir da próxima semana, governo e especialistas para discutir formas de combater as consequências da epidemia.
O plano de trabalho da comissão prevê viagens a locais onde foram registrados casos de microcefalia em Pernambuco, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Além disso, já está marcada, para a próxima quarta-feira (24), uma audiência pública com representante do Ministério da Saúde, a pedido da deputada Maria do Rosário (PT-RS).
Já foram confirmados mais de 500 casos de microcefalia no País e outros 4 mil estão sendo investigados. A principal suspeita é de que a má formação tenha sido causada pelo zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor de doenças como a dengue e a febre chikungunya.
O deputado Sarney Filho (PV-MA), um dos autores do requerimento de criação da comissão, considera que a situação talvez seja a maior tragédia nos últimos anos no País. “Acho até que em séculos nunca tivemos uma questão tão grave com o Brasil como estamos tendo com a zika, que não é mais microcefalia, é Síndrome Congênita da Zika. Porque não é só microcefalia que ela produz, produz também danos cerebrais, então cada dia se descobre uma coisa".
Pesquisa
Uma preocupação dos parlamentares é com a possibilidade de cortes no orçamento destinado a pesquisas. Para o deputado Evair de Melo (PV-ES), o contingenciamento de recursos pode atrapalhar pesquisas sobre mosquitos transgênicos, uma das possibilidades de combater o Aedes aegypti.
Ele pediu que a comissão negociasse com os ministérios do Planejamento e da Fazenda para evitar a paralisação das pesquisas. "A ciência não pode parar. A questão da transgenia, isso custa caro, isso é investimento científico, é mão de obra qualificada. Precisa então de um domínio tecnológico muito grande para poder mexer em transgenia, mas é um tema muito delicado".
Além da microcefalia, pesquisadores suspeitam que o zika vírus pode estar relacionado a outra doença, a síndrome de Guillain-Barré, que provoca paralisia nos membros e teve aumento de quase 20% de casos no ano passado.
Consequências
O coordenador da comissão externa, deputado Osmar Terra (PMDB-RS), acredita que o zika vírus trará graves consequências a longo prazo se não for combatido a tempo.
"Ela não é só uma epidemia que mata. Ela é uma epidemia que causa danos permanentes e que vão levar famílias, o governo, a sociedade toda, a arcar com alto custo humano, social, econômico, durante décadas. Essas crianças que estão nascendo agora, a grande maioria não vai caminhar, não vai falar, 30% não vão enxergar, e, de alguma forma, nós vamos ter que amparar essas crianças".
Por sugestão do deputado Mandetta (DEM-MS) a comissão externa foi dividida em quatro grupos de trabalho para agilizar os trabalhos.
Uma delas vai analisar e propor soluções para a prevenção da doença. As outras três farão o mesmo em relação aos cuidados com a gestante, o tratamento das crianças atingidas pela doença e as pesquisas tecnológicas.
Reportagem - Antonio Vital
Edição – Mônica Thaty
0 comentários:
Postar um comentário