Geraldo Magela/Agência Senado
Ana Amélia, presidente da CRA,
e Wellington Fagundes, presidente da Comissão Senado do Futuro, presidiram a
audiência pública conjunta
Há armas disponíveis na
batalha contra o Aedes aegypti, mas investir em mais pesquisa para ganhar a
luta é essencial. Essas são algumas das conclusões apresentadas por
especialistas e senadores durante audiência pública promovida nesta
quinta-feira (18) pelas comissões de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) e
Senado do Futuro (CSF). Para o senador Wellington Fagundes (PR-MT), que propôs
o debate, o país está diante do maior desafio da saúde pública nas últimas
décadas.
Os debatedores apontaram que
bioinseticidas, mosquitos geneticamente modificados e bactérias que infectam
insetos, são algumas das armas disponíveis no mercado para combater o Aedes
aegypti. Mas, segundo eles, para contar com essa artilharia em seu arsenal é
preciso que o Brasil invista em pesquisa e estimule parcerias entre
universidades, instituições de pesquisa e empresas. Também é fundamental a
continuidade dos métodos tradicionais de combate ao inseto e mais ainda: a
promoção permanente de ações e campanhas contra o mosquito transmissor da
dengue, zika, chicungunha.
O presidente da Comissão
Senado do Futuro e outros participantes do debate, como a presidente da CRA,
senadora Ana Amélia (PP-RS), criticaram o relaxamento de medidas de contenção
do mosquito nos últimos anos, o que teria levado à multiplicação de casos de
dengue. Problemas de saneamento básico também foram levantados.
— Precisamos de uma política
constante não só hoje, mas de médio e longo prazo de combate ao mosquito —
disse Wellington.
Tecnologias
Durante a audiência, a
pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Rose Monnerat
apresentou o Inova-Bti, uma nova geração
de bioinseticidas. De acordo com ela, o produto é capaz de matar as larvas do mosquito
Aedes aegypti sem prejudicar a saúde das pessoas e dos animais domésticos.
Todos os testes laboratoriais e de eficácia já foram concluídos pela Embrapa,
mas o produto precisa ainda ser registrado junto à Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) antes de ser produzido em larga escala.
Esse é o segundo inseticida
biológico desenvolvido pela Embrapa com o objetivo de combater as larvas do
mosquito. Desde 2005, está no mercado o Bt-horus, feito em parceria com a
empresa Bthek Biotecnologia. Segundo Rose Monnerat, ambos os produtos são
eficazes contra o mosquito.
O Bt-horus foi usado pela
primeira vez em 2007 em São Sebastião, no Distrito Federal, em uma campanha que
uniu a Embrapa, o governo distrital e a população local no combate ao mosquito
transmissor da dengue.
Os resultados de acordo com a
pesquisadora foram excelentes: o índice de infestação na região, que era de 4%
caiu para menos de 1%, considerado aceitável pela Organização Mundial de Saúde
(OMS). Ela enfatizou, contudo, que o
produto em si não resolve o problema: é preciso engajar a população no combate
ao vetor das doenças.
— A vantagem do produto é que
é específico para matar a larva do mosquito. Ele tenta equilibrar uma praga que
está desequilibrada, mas não é só o produto. É preciso trazer a população para
perto. Fazer campanhas — apontou.
Esforço conjunto
Para João Manuel Cabral,
chefe-geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, a audiência pública
promovida pelo Senado deixa claro que ferramentas contra o mosquito transmissor
da zika existem, mas falta coordenar os esforços.
— Nós temos as ferramentas e
podemos desenvolvê-las e integrá-las de forma inteligente para obter o
resultado imediato no controle dos vetores. Mas o grande sucesso que foi a
experiência em São Sebastião foi devido ao envolvimento da população — avaliou.
Várias frentes
Para Bergmann Morais Ribeiro,
pesquisador da Universidade de Brasília, é preciso atacar o mosquito em várias
frentes. Além do uso de bioinseticidas, ele defendeu o uso de mosquito
transgênico e de uma bactéria como armas contra o zika.
Ele mencionou o sucesso de
testes com o mosquito transgênico, tecnologia da empresa britânica Oxitec. A
fêmea fecundada pelo inseto geneticamente modificado produz um ovo infértil. A
técnica teria conseguido reduzir em mais de 80% a quantidade de larvas do
mosquito Aedes aegypti espalhadas por um bairro de Piracicaba (SP). Outros
testes já foram feitos no Brasil e no mundo.
O uso de uma bactéria —
Wolbachia — também foi exaltado por Ribeiro. Essa técnica faz com que ovos de
mosquitos fêmeas infectados não choquem. Mas é preciso dinheiro para
desenvolver as tecnologias.
— As várias balas de prata vão
aparecer e você pode atacar em várias frentes. Mas precisamos de apoio, de
editais competitivos e direcionados para trabalhar com Aedes — argumentou.
O diretor-presidente do
Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Florindo Dalberto, elogiou as
iniciativas e defendeu o estímulo a parcerias entre instituições públicas de
pesquisa, empresas e setor produtivo no combate ao mosquito.
Agência Senado
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