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segunda-feira, 2 de maio de 2016

Relação saúde e democracia marca seminário da Fiocruz Brasília

“Saúde é democracia, democracia é saúde” é o bordão que norteia a promoção de debates e reflexões sobre a conjuntura política atual no âmbito da Fundação Oswaldo Cruz. Com estas palavras, o vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Valcler Rangel, iniciou o seminário Saúde, direitos e liberdades democráticas promovido pela Fiocruz Brasília e o Núcleo de Futuro da Universidade de Brasília (UnB).

De acordo com o vice-presidente da Fiocruz, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem o gene da democracia e se constituiu a partir da participação social. O encontro aconteceu no último dia 29/4 e reuniu o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Jessé Souza, o professor da Faculdade de Direito da UnB José Geraldo de Sousa e a jornalista e comentarista da TV Brasil e do Portal 247, Tereza Cruvinel.
O sociólogo Jessé Souza disse que a sociedade brasileira tem a prática do esquecimento. Não promove ou estimula reflexões críticas sobre nossa história e, assim, promove “anistias de esquecimento”. O brasileiro, no seu entender, precisa recuperar o sentido de Justiça e lutar contra a escravidão que ainda perpassa muitas das práticas cotidianas. Para o presidente do Ipea, existe um descompromisso crônico da elite brasileira com o Brasil: “a elite econômica tem a prática da rapina e coopta as elites intelectual, política e a mídia”. A população, por sua vez, desconhece como as alianças são construídas. E vaticinou: “uma sociedade que não consegui aprender está condenada a repetir e repetir”.
Um momento de angustia e reflexão. Assim, a jornalista Tereza Cruvinel caracterizou a conjuntura política brasileira. Para ela, as manifestações de 2013 foram o estopim desencadeador do processo, apesar de ainda não estar clara a gênese do movimento. No seu entendimento, a primeira tentativa para afastar a esquerda do poder ocorreu em 2005, mas não prosperou devido à grande popularidade do ex-presidente Lula.
Na avaliação de Tereza Cruvinel, o Partido dos Trabalhadores cometeu um erro ao promover uma ascensão social que não foi acompanhada de uma educação política. A jornalista disse que o PT não soube ensinar à população que acesso à casa própria a saúde são direitos. Com relação ao futuro, observou que o afastamento da presidente Dilma traz seis meses de muita incerteza e nesse espaço de tempo tudo pode acontecer. Para Tereza, é necessário zerar o jogo com uma eleição direta.
O professor da Faculdade de Direito da UnB José Geraldo de Sousa classificou de “golpe” o atual processo do impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. Em sua explanação, explicou a razão da expressão “golpe” causar tanta tensão entre os defensores do processo. “Na nossa cultura, golpismo é entendido como traição. Se há traição na conspiração, eles não são companheiros, são cumplices.  Eles sabem que os que caminham lado a lado podem trai-lo em determinado ponto”, disse o professor. No Brasil, segundo José Geraldo de Sousa, predomina o colonialismo, que é “patrimonialista, racista, clientelista e onde a divisão de riqueza e poder se faz pela mediação do favor e não pela Justiça”.
O Seminário da Fiocruz Brasília contou ainda com a participação de representantes de movimentos sociais e sindicais como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) e o Sindicato de Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc-SN)

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