How does it work?
A discussão sobre Pagamentos Baseado em Valor (PBV)
está cada vez mais presente nos eventos de saúde no Brasil.
Ainda de forma muito teórica e confusa, essa
discussão precisa ter um alinhamento conceitual importante. Tem alguns vendendo
o conceito de DRG como se fosse um modelo de pagamento baseado em valor, outros
apontando como foco pressionar o prestador a fazer mais por menos, e daí por
diante.
Temos que ter cuidado para não queimarmos o
conceito como fizemos com outras propostas no passado.
Eveline Van Beekuma, diretora da KPGM nos Estados
Unidos apresentou o “case” de Nova Iorque (veja o detalhamento deste “case”
no anexo) com alguns pontos sobre o que é e o que não é PBV. Adaptando o e
tornando estes pontos mais práticos para nossa realidade, temos:
O que é PBV
- Um facilitador para buscar a sustentabilidade clínica e
financeira de um sistema de saúde
- Catalizador de mudanças. É possível criar um sistema de saúde
novo, mais custo efetivo e de melhor qualidade
- Possibilita repensar a lógica da remuneração, pois paga
por resultado ao invés de volume e complexidade
- Busca transferir parte risco pelo impacto financeiro
para o prestador e, ao mesmo tempo, aumentar a responsabilização pelo
cuidado
- Obrigatoriamente deve engajar o paciente no processo,
pois a sua experiência deve ser um fator importante no processo
de avaliação.
O que NÃO É PBV
- Uma tentativa de fazer os prestadores fazerem mais por menos. O
foco é no controle do desperdício e em reinvestir as economias
- Não é um modelo de pagamento único. Podemos ter no mesmo sistema
de saúde modelos de PBV diferentes para cada contexto
- Qualquer modelo de pagamento sem que haja, em pelo menos uma parte
dele, valores ou incentivos para melhoria da qualidade da
assistência.
Como todo modelo conceitual, o desafio está em como
calcular o componente de VALOR para que o incentivo seja aplicado.
Seguindo o conceito de Valor de Porter, VALOR é a
relação entre resultados e custo dispendido para atingir estes resultados. Uma
fórmula, onde a qualidade é dividida pelo custo.
Algumas fórmulas têm sido propostas. Já escutei
alguns gestores falando que “a cada semana uma proposta é apresentada”.
Exageros à parte, realmente têm aparecido muitas coisas interessantes, no
entanto poucas de aplicabilidade prática para a realidade do Brasil. Uma das
fórmulas recentemente apresentadas foi a seguinte:
Teoricamente lógica, mas de difícil aplicação
prática. Para tornar isso mais prático e aplicável, estamos propondo uma
fórmula que atende aos conceitos teóricos dos principais estudiosos no tema.
A qualidade será obtida pela variação do índice de
performance, comparando este índice no início do programa com o final de um
determinado período de avaliação (que pode ser de 6 meses ou de um ano, por
exemplo). O custo será obtido pela variação do custo por beneficiário por
período avaliado (semestre ou ano) antes de iniciar o programa com este custo
após o período definido (semestre ou ano) do programa. O que interessa é o
custo assistencial não a sinistralidade.
A fórmula considerará a média ponderada das
variações percentuais de qualidade e custo no período. É possível definir o
grau de importância da qualidade e custo.
A fórmula final é a seguinte:
O resultado é o VALOR e representará o percentual
do adicional que será distribuído no final de um ciclo de avaliação.
Na relação da Qualidade e Custo, os resultados
possíveis são os seguintes:
- Redução de custo com aumento da qualidade
- Redução de custo com redução da qualidade
- Aumento do custo com aumento da qualidade
- Aumento do custo com redução da qualidade
Com isso devemos adotar a seguinte lógica:
- na condição 4 NÃO deverá haver distribuição de incentivo
- na condição 1 deverá haver a distribuição máxima do incentivo,
pois é a medida ideal, o que chamamos de “cost saving”
- na condição 2 também não deve haver distribuição, ou se houver,
será mínima
- na condição 3 deve haver distribuição, mas não tanto como na
condição 1
Já existem projetos em que esta metodologia foi
aplicada, cujos resultados deverão ser publicados no próximo ano.
Independentemente de termos resultados concretos,
diversos pontos extremamente positivos já estão sendo observados, como a
qualificação dos dados, integrações entre diferentes sistemas, engajamento dos
profissionais, alinhamento de interesses entre diversos players como pagador,
prestador, indústria e paciente, dentre outros.
O importante é começar a colocar estes conceitos em
prática. Certamente na implantação poderá se cometer alguns erros práticos e
que os desafios serão enormes, mas isso precisa ser feito. “O mais efetivo modo
de lidar com a mudança é ajudar a criá-la”, frase de L.W. Linett:
Baseado no “case” apresentado pela Eveline Van
Beekuma, diretora da KPGM – USA e em artigo de Cesar L. Abicalaffe
Anexo:
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