O diabetes tipo
1 geralmente é considerado uma doença de crianças e adultos jovens. A susceptibilidade genética
ao diabetes tipo 1 de início na idade jovem está bem definida e não
predispõe ao diabetes tipo 2. Não se sabe com que frequência a susceptibilidade genética
ao diabetes tipo 1 leva ao diagnóstico de diabetes após
os 30 anos de idade. Para investigar a frequência e o fenótipo do diabetes
tipo 1, resultante da alta susceptibilidade genética nas primeiras
seis décadas de vida, foi realizado o presente estudo.
Saiba mais sobre "Diabetes mellitus"
e "Complicações do diabetes".
Nesta
análise transversal, utilizou-se uma pontuação de risco genético para o diabetes
tipo 1 baseada em 29 variantes comuns para identificar indivíduos de
descendência europeia branca, no UK Biobank, na metade da população
com alta ou baixa susceptibilidade genética ao diabetes tipo 1.
A análise de Kaplan-Meier foi utilizada para avaliar o número
de casos de diabetes em ambos os grupos nas primeiras seis décadas de
vida.
Definiu-se
geneticamente o diabetes tipo 1 como os casos adicionais de diabetes que
ocorreram no grupo de alta susceptibilidade genética em comparação
com o grupo de baixa susceptibilidade genética. Todos os casos
restantes foram definidos como diabetes tipo 2. Avaliou-se as
características clínicas dos grupos com diabetes tipo 1geneticamente
definido ou com diabetes tipo 2.
Os
resultados mostram que 13.250 (3,5%) de 379.511 indivíduos brancos europeus
no UK Biobank desenvolveram diabetes nas primeiras
seis décadas de vida. 1.286 casos a mais de diabetes estavam na
metade da população com alta susceptibilidade genética ao diabetes do
tipo 1 do que na metade da população com baixa susceptibilidade genética.
Estes
casos de diabetes tipo 1 geneticamente definidos foram distribuídos
em todas as idades do diagnóstico. 537 (42%) eram em indivíduos
diagnosticados quando com idade entre 31-60 anos, representando 4% (537/12.233)
de todos os casos de diabetes diagnosticados após os 30 anos de
idade. As características clínicas do grupo diagnosticado com diabetes
tipo 1 quando com idade entre 31 e 60 anos eram semelhantes às
características clínicas do grupo diagnosticado com diabetes tipo 1 quando
tinham 30 anos ou menos.
Estes
indivíduos com diagnóstico de diabetes entre 31 a 60 anos,
as características clínicas do diabetes tipo 1 diferiram das
caraterísticas do diabetes tipo
2: apresentavam menor índice de massa corporal ou IMC (27,4
kg/m² [IC 95% de 26,7-28,0] vs 32,4 kg/m² [32,2-32,5];
p<0,0001), foram mais propensos a usar insulina no primeiro ano
após o diagnóstico (89% [476/537] vs 6% [648/11
696]; p<0,0001) e eram mais propensos a ter cetoacidose diabética (11%
[61/537] vs 0,3% [30/11696]; p<0,0001).
A susceptibilidade genética
ao diabetes tipo 1 resulta em diabetes insulino-dependente,
não dependente de obesidade, que se apresenta durante as primeiras seis
décadas de vida. Os resultados destacam a dificuldade de identificar o diabetes
tipo 1 após os 30 anos de idade devido à crescente prevalência do diabetes
tipo 2. A falha no diagnóstico do diabetes tipo 1 de início
tardio pode ter sérias consequências, pois esses pacientes desenvolvem
rapidamente dependência à insulina.
Leia mais sobre "Índice de massa corporal",
"Cetoacidose diabética"
e "Hemoglobina glicosilada".
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