A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou a revisão de sua lista de
agentes patogênicos prioritários, que podem causar uma emergência de saúde
pública e para as quais não existem medidas suficientes ou contramedidas. O
organismo internacional pede que a comunidade médica una esforços de pesquisa e
desenvolvimento (P&D) de tratamentos e vacinas para ajudar a controlar
possíveis surtos de oito doenças.
Análise anual de 2018 da
lista Blueprint de doenças prioritárias
A OMS desenvolveu uma
ferramenta especial para determinar quais doenças e patógenos priorizar para a
pesquisa e desenvolvimento em contextos de emergência de saúde
pública. Essa ferramenta busca identificar as enfermidades que representam
um risco para a saúde pública devido ao seu potencial epidêmico e para as quais
não existem contramedidas ou medidas suficientes. As doenças identificadas
por meio desse processo são o foco do trabalho de R&D
Blueprint (planos de P&D). Esta não é uma lista exaustiva,
nem indica as causas mais prováveis de uma próxima epidemia.
A primeira lista com doenças
prioritárias para P&D foi lançada em dezembro de
2015.
Utilizando uma metodologia de
priorização já publicada, alista foi revisada pela primeira vez em janeiro de 2017.
A segunda revisão anual
ocorreu entre 6 e 7 de fevereiro de 2018.
Os especialistas consideram
que, dado o potencial dessas doenças e patógenos de causar uma emergência de
saúde pública, além da ausência de drogas e/ou vacinas eficazes, existe uma
necessidade urgente de acelerar a pesquisa e desenvolvimento para:
- Febre Hemorrágica da Crimeia-Congo;
- Doença do vírus ebola e febre hemorrágica
de Marburgo;
- Febre de Lassa;
- Síndrome respiratória coronavírus do
Oriente Médio (MERS) e síndrome respiratória aguda severa (SARS);
- Infecção pelo vírus Nipah e doenças relacionadas
aos henipavírus;
- Febre de Vale do Rift;
- Vírus zika;
- Doença X.
A “doença X” representa o
conhecimento de que uma grave epidemia internacional poderia ser causada por um
patógeno atualmente desconhecido, que levaria a doenças humanas. Por isso, os
planos de pesquisa e desenvolvimento buscam explicitamente habilitar a
preparação de P&D transversal, que também é relevante para uma "doença
X" desconhecida na medida do possível.
Uma série de doenças
adicionais foram discutidas e consideradas para inclusão na lista de
prioridades, entre elas: febres hemorrágicas virais, além da febre de
Lassa; chikungunya; doenças causadas pelo coronavírus altamente patogênicas,
além de MERS e SARS; enterovírus não polio (incluindo EV71, D68)
emergentes; e febre grave com síndrome de trombocitopenia
(SFTS). Essas doenças representam grandes riscos para a saúde pública e
pesquisas e desenvolvimento adicionais são necessários, incluindo vigilância e
diagnóstico. Devem ser vistas com cuidado e reconsideradas na próxima
revisão anual. São encorajados esforços no ínterim para compreendê-las e
mitigá-las.
Apesar de não estarem
incluídas na lista de doenças a serem consideradas na reunião de revisão,
foram discutidos os tipos de varíola dos macacos e leptospirose e especialistas
ressaltaram os riscos que eles representam à saúde pública. Houve concordância
sobre a necessidade de: avaliação rápida das contramedidas possíveis;
estabelecimento de vigilância e diagnóstico mais abrangentes; e aceleração de
pesquisas e desenvolvimento, além de ações de saúde pública.
Várias doenças estão fora do
escopo atual do plano: dengue, febre amarela, HIV/aids, tuberculose, malária,
gripe causadora de doenças humanas graves, varíola, cólera, leishmaniose, vírus
do Nilo Ocidental e peste. Essas doenças continuam representando grandes
problemas de saúde pública e pesquisas e desenvolvimento adicionais são
necessários por meio das principais iniciativas de controle de doenças
existentes, extensas etapas de pesquisa e desenvolvimento, fluxos de
financiamento existentes ou caminhos regulatórios estabelecidos para
intervenções melhoradas.
Os especialistas reconheceram,
em particular, a necessidade de melhores diagnósticos e vacinas para a peste
pneumônica e suporte adicional para terapias mais eficazes contra a
leishmaniose. Os especialistas também notaram que:
- Para muitas das doenças discutidas, bem
como para muitas outras com potencial de causar uma emergência de saúde
pública, é necessário um melhor diagnóstico.
- Os medicamentos e vacinas existentes
precisam de melhorias adicionais para várias das doenças consideradas, mas
não incluídas na lista de prioridades.
- Qualquer tipo de patógeno pode ser
priorizado sob o R&D Blueprint, não apenas vírus.
- A pesquisa necessária inclui pesquisa
básica/fundamental e de caracterização, bem como estudos epidemiológicos,
entomológicos ou multidisciplinares ou ainda esclarecimento adicional das
rotas de transmissão, bem como pesquisa em ciências sociais.
- É necessário avaliar o valor, sempre que
possível, do desenvolvimento de contramedidas para múltiplas doenças ou
para famílias de agentes patogênicos.
O impacto das questões
ambientais sobre doenças com potencial de causar emergências de saúde pública
foi discutido e pode ser considerado como parte de futuras revisões. A
importância das doenças discutidas foi considerada para populações especiais,
como refugiados, populações internamente deslocadas e vítimas de
catástrofes.
O valor de uma abordagem One
Health foi enfatizado, incluindo processos paralelos de priorização
para a saúde animal. Tal esforço apoiaria pesquisa e desenvolvimento para
prevenir e controlar doenças animais, minimizando o alastramento e aumentando a
segurança alimentar. Também foi observada a utilidade possível de
vacinas animais para prevenir emergências de saúde pública.
Além disso, há esforços
concertados para enfrentar a resistência antimicrobiana por meio de iniciativas
internacionais específicas. A possibilidade de que, no futuro, um patógeno
resistente possa emergir e ser priorizado adequadamente não foi
excluída.
A ordem de doenças desta lista
não indica qualquer classificação de prioridade.
[Conteúdo traduzido pela
Representação da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da
Saúde (OPAS/OMS) no Brasil. A versão original, em inglês, foi publicada pela
sede da OMS no dia 12 de fevereiro de 2018, no seguinte
link: http://www.who.int/blueprint/priority-diseases/en/].
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