Diante
da expectativa de continuidade da inflação baixa, o reajuste anual de preços de
medicamentos estimado para 2018 deve ser um dos menores dos últimos 13 anos. O
Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) registrado em 2017 foi de 2,94%. Se
não houver nenhuma variação expressiva até março, data em que o índice compõe
as fórmulas de reajuste dos medicamentos, as correções de preço também serão
baixas.
Desde
2005, o menor índice médio foi de 1,49%, em 2007, seguido por 2,18% em 2012; o
IPCA dessas datas foi de 3,02% e 5,85% respectivamente.
- A
menos que haja alguma mudança inesperada e expressiva na economia, este ano
teremos uma correção de preços de medicamentos muito pequena - afirma o
ex-deputado federal (PMDB-RS) e ex-governador do Rio Grande do Sul, Antônio
Britto, presidente-executivo da Associação da Indústria Farmacêutica de
Pesquisa (Interfarma).
Segundo
levantamento da entidade, existe uma defasagem na correção do preço dos
medicamentos superior a 25 pontos percentuais nos últimos 13 anos. Isso porque
o reajuste médio autorizado esteve sempre abaixo da inflação oficial; exceto em
2016, por conta da alta expressiva da energia elétrica e das oscilações da
moeda norte-americana.
Os
planos de saúde, em contrapartida, registraram aumento médio de 177% nesses
anos - índice acima da inflação e bem acima do índice concedido ao setor
farmacêutico.
O
reajuste autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED)
diz respeito ao preço máximo que pode ser praticado para determinado
medicamento, mas a concorrência de mercado acaba resultando na prática de
descontos, que chegam a 60% do valor de lista. Como acontece na maioria dos
anos, serão divulgados três níveis de reajustes em 2018. Eles são definidos
pela concentração de mercado do medicamento. Quanto menor a concentração, situação
em que há mais concorrência e descontos, maior o reajuste. É o caso dos
genéricos e similares. Já os medicamentos novos, que concentram mais mercado,
têm o menor nível de reajuste.
Para
calcular os índices, além do IPCA de março, são necessários três fatores - X, Z
e Y. O primeiro já foi divulgado e diz respeito à produtividade da indústria. O
segundo aponta a concentração de mercado das classes terapêuticas e, portanto,
define o enquadramento dos medicamentos nos diferentes níveis de reajuste.
Falta
apenas o terceiro fator, o Y, a ser divulgado cerca de 30 dias antes das
fórmulas finais. Ele aponta as oscilações do câmbio e a influências no setor de
fatores como a energia elétrica. Os valores finais do reajuste devem ser
divulgados pela CMED no fim de março.
Genéricos
conquistaram maior espaço em 2017
A
venda de remédios genéricos cresceu em 2017 acima do setor farmacêutico.
Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos
(PróGenéricos), com base nos indicadores do IQVIA, a indústria de genéricos
fechou 2017 com crescimento de 11,78% no volume de unidades vendidas, na
comparação com 2016.
No
ano, foram comercializadas 1,2 bilhão de unidades contra 1,1 bilhão no ano
anterior. Os genéricos encerraram o ano com 32,46% de participação de mercado
em unidades contra 30,70% verificados em 2016.
-
São diversos pontos a serem considerados para esse aumento, além do preço mais
baixo, a confiança do consumidor foi fator determinante, para afirmar isso
temos como base pesquisas realizadas pelo Instituto Febrafar de Pesquisa e
Educação Continuada (Ifepec), que apresentam que as pessoas já observam os
genéricos como uma ótima alternativa - explica Edison Tamascia, presidente da
Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias
(Febrafar).
Com
o resultado, se observa que genéricos tiveram uma elevação de seis pontos
percentuais acima do mercado farmacêutico total, que registrou expansão de
5,73% no ano passado.
Os
dados da pesquisa "Análise do perfil de compra dos consumidores de
medicamentos" já projetavam esses resultados por mostrar que a
possibilidade de economia sem riscos, proporcionado pelos medicamentos
genéricos, está fazendo com que grande parcela da população já considere essa
opção na hora da compra.
Segundo
a pesquisa o número de brasileiros que consideram essa opção é bastante
expressivo, sendo que 37% dos consumidores apontara que adquiriram medicamentos
dessa modalidade, outros 32% compraram os de marcas e 31% compraram uma mescla
dos dois tipos.
-
Os genéricos já venceram uma desconfiança inicial e natural que enfrentaram no
mercado e hoje já fazem parte das opções de escolhas dos consumidores, eles
possuem um grande potencial competitivo por causa da economia que ele
proporciona, sendo que os preços são fundamentais na escolha - analisa Edison
Tamascia, que se refere ao fato de que a pesquisa também aponta a prioridade
que o consumidor está dando ao preço em relação à marca na hora de adquirir medicamentos.
Segundo
a pesquisa, 45% dos consumidores, acabaram comprando produtos diferentes do
objetivo inicial e a quase totalidade desses clientes buscavam economia.
- É
importante reforçar, porém, que o cliente não está indo contra a indicação médica,
mas sim buscando uma alternativa real, sendo que o genérico possui a mesma
substância ativa, forma farmacêutica e dosagem que o medicamento original -
complementa Tamascia.
A
pesquisa teve como objetivo apurar as características de compras de medicamento
dos brasileiros, bem como o tipo de medicamento adquirido, o índice de troca de
medicamento e os motivos que levaram a essa troca.
De
acordo com o levantamento, dos entrevistados que foram às farmácias 72%
adquiriram os medicamentos, contudo, apenas 24% compraram exatamente o que
foram comprar, 31% modificou parte da compra e 45% trocaram os medicamentos por
vontade própria ou por indicação dos farmacêuticos.
-
Esse fato demonstra a existência de uma característica muito comum nos
brasileiros que é não ser fiel ao produto que foi procurar em uma farmácia,
ouvindo a indicação dos farmacêuticos. O principal fator de troca é o preço,
demonstrando que o brasileiro se encontra mais preocupado com o bolso.
A
pesquisa constatou que 97% dos entrevistados que trocaram de medicamentos
compraram uma opção de menor preço.
Foram
entrevistados 4 mil consumidores de todos o Brasil que quando esses saíam das
farmácias em que estiveram para efetuar a compra.
(Fonte:
Monitor digital – 06/02/2018)
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