Até quinta-feira (15), 3,95
milhões de pessoas foram vacinadas contra febre amarela em São Paulo e Rio de
Janeiro, 19,3% do público-alvo. A recomendação é que os estados continuem a
campanha
Crédito: Rodrigo Nunes/MS
Recomendação é que os estados
continuem campanha contra febre amarela, ressaltou o ministro Ricardo Barros
O Ministério da Saúde reforça
a importância da vacinação da população dos estados do Rio de Janeiro e São
Paulo durante a campanha contra febre amarela. Dados preliminares dos dois
estados apontam que, até esta quinta-feira (15), 3,95 milhões de pessoas foram
vacinadas, sendo 3,6 milhões com doses fracionadas e 356,8 mil com doses padrão.
O número corresponde a 19,3% do público-alvo previsto no Sudeste. A
recomendação é que os estados continuem vacinando até atingir alta cobertura.
“A vacina é a medida mais
eficaz para combater a doença e evitar casos e mortes. Por isso é necessário
que toda a população que vive nos municípios onde a campanha está ocorrendo
procure se vacinar. O vírus da febre amarela tem acometido pessoas que vivem em
regiões próximas a matas e que nunca se vacinaram contra a febre amarela, ou
seja, suscetíveis para a doença”, alertou o ministro da Saúde Ricardo Barros.
A previsão é que sejam
vacinadas 20,5 milhões de pessoas no Sudeste, sendo 10,3 milhões em 54
municípios de São Paulo e 10 milhões em 15 municípios do Rio de Janeiro. Devido
à baixa procura da população para a vacinação contra a febre amarela, o estado
do Rio prorrogou a campanha. No estado, 1,22 milhão de pessoas foram vacinadas
(12%), sendo 963,5 mil com a fracionada e 257 mil com a padrão. Em São Paulo, a
previsão para o término da campanha é neste sábado (17), quando acontece o Dia
D de Mobilização. O estado vai avaliar a necessidade de prorrogação da campanha
após essa data. No total, 2,7 milhões de paulistas foram vacinados, o que
representa 26% do público-alvo, sendo 2,6 milhões de pessoas com a fracionada e
99,8 mil com a padrão.
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Na Bahia, a campanha de
fracionamento da vacina de febre amarela terá início na próxima segunda-feira
(19). O estado pretende vacinar 3,3 milhões de pessoas em 8 municípios. Para
auxiliar os estados e municípios na realização da campanha, o Ministério da
Saúde repassou aos estados R$ 54 milhões. Desse total, R$ 15,8 milhões para São
Paulo; R$ 30 milhões para Rio de Janeiro e R$ 8,2 milhões para a Bahia. Para
atender exclusivamente à demanda da campanha de fracionamento, o Ministério da
Saúde distribuiu 14,9 milhões de doses da vacina de febre amarela aos estados
do Rio de Janeiro (4,7 milhões), Bahia (300 mil) e São Paulo (9,9milhões).
Também foram enviadas 15 milhões de seringas aos estados, sendo 5,2 milhões
para o Rio de Janeiro, 500 mil para a Bahia e 9,3 milhões para São Paulo.
Para a coordenadora substituta
do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Ana Goretti, as
pessoas que mais precisam da vacina são as que acabam não procurando as
unidades de saúde. “O que percebemos em relação à resistência na vacinação é o
que acontece com outras vacinas que é a dificuldade do homem, adulto jovem, que
mora perto de matas, em buscar uma unidade de saúde para se vacinar. É
fundamental que essas pessoas, que são mais vulneráveis, se vacinem para
aumentar as coberturas vacinais e garantir uma população devidamente protegida
contra o vírus da febre amarela”, concluiu Ana Goretti.
A adoção do fracionamento das
vacinas é uma medida preventiva e recomendada pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) quando há aumento de epizootias e casos de febre amarela silvestre de
forma intensa, com risco de expansão da doença em cidades com elevado índice
populacional. A dose fracionada tem apresentado a mesma proteção que a dose
padrão. Estudos em andamento já demonstraram proteção por pelo menos oito anos
e novas pesquisas continuarão a avaliar a proteção posterior a esse período.
O Ministério da Saúde, no ano
de 2017 até o momento, encaminhou às Unidades da Federação o quantitativo de
aproximadamente 64,5 milhões de doses da vacina. Para os estados de São Paulo,
Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia foram enviados cerca de
54,3 milhões de doses, com objetivo de intensificar as estratégias de
vacinação, sendo 22,7 milhões (SP), 12 milhões (MG), 12 milhões (RJ), 3,7
milhões (ES) e 3,9 milhões (BA).
O Instituto Evandro Chagas
(IEC), vinculado ao Ministério da Saúde, conseguiu detectar o vírus da febre
amarela em mosquitos Aedes albopictus (popularmente conhecido como Tigre
Asiático). Os mosquitos, que vivem em áreas rurais e urbanas, foram capturados
em 2017, em áreas rurais próximas dos municípios de Itueta e Alvarenga, em
Minas Gerais. Novos estudos são necessários para confirmar agora a capacidade
vetorial (transmissão) do Aedes albopictus, pois o encontro do vírus no
mosquito não significa necessariamente que ele adquiriu o papel de transmissor
da doença.
O Ministério da Saúde está
apoiando o IEC e o Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), que também participou da
pesquisa, na nova fase do estudo que culminará em novas capturas de mosquitos e
avaliação do potencial de transmissão da doença.
“O encontro do vírus no mosquito
Aedes albopictus não significa necessariamente que ele adquiriu o papel de
transmissor da febre amarela. Por isso é preciso voltar a essas áreas para uma
nova coleta de mosquitos e avaliar a capacidade de transmissão deles”, explicou
o diretor do IEC, Pedro Vasconcelos, que concluiu descrevendo o cenário do
Brasil com a febre amarela. “O que está ocorrendo no Brasil é que os casos de
febre amarela estão ocorrendo em áreas onde não era recomendada a vacinação,
portanto as pessoas estão suscetíveis porque não eram vacinadas. Por isso a
importância de se vacinarem nessa campanha e evitarem casos e mortes pela
doença”, concluiu.
O Ministério da Saúde reitera
que não há registro confirmado de febre amarela urbana no país e também não há
registro de mosquitos Aedes aegypti infectados com o vírus da febre amarela.
Todos os casos de febre amarela registrados no Brasil desde 1942 são
silvestres, inclusive os atuais, ou seja, a doença foi transmitida por vetores
que existem em ambientes de mata (mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes).
Além disso, o que caracteriza a transmissão silvestre, além da espécie do
mosquito envolvida, é que os mosquitos transmitem o vírus e também se infectam
a partir de um hospedeiro silvestre, no caso o macaco.
A probabilidade da transmissão
urbana no Brasil é baixíssima por uma série de fatores: todas as investigações
dos casos conduzidas até o momento indicam exposição a áreas de matas; em todos
os locais onde ocorreram casos humanos, também ocorreram casos em macacos;
todas as ações de vigilância entomológica, com capturas de vetores urbanos e
silvestres, não encontraram presença do vírus em mosquitos do gênero Aedes; já
há um programa nacionalmente estabelecido de controle do Aedes aegypti em
função de outras arboviroses (dengue, zika, chikungunya), que consegue manter
níveis de infestação abaixo daquilo que os estudos consideram necessário para
sustentar uma transmissão urbana de febre amarela. Além disso, há boas
coberturas vacinais nas áreas de recomendação de vacina e uma vigilância muito
sensível para detectar precocemente a circulação do vírus em novas áreas para
adotar a vacinação oportunamente.
CASOS DE FEBRE AMARELA
De 1º de julho de 2017 a 15 de
fevereiro deste ano foram confirmados 409 casos de febre amarela no país, sendo
183 em São Paulo, 157 em Minas Gerais, 68 no Rio de Janeiro e 1 caso no
Distrito Federal. Também foram registrados 118 óbitos em todo o país, 44 em
Minas Gerais, 46 em São Paulo, 27 no Rio de Janeiro e uma morte no Distrito
Federal. No mesmo período do ano passado, 532 casos e 166 óbitos foram
confirmados. Os dados são preliminares e um novo boletim será divulgado nesta
sexta-feira (16).
Por Amanda Mendes, da Agência Saúde
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