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sexta-feira, 25 de maio de 2018

Reunião discute resultados do Projeto POP-Brasil para o enfrentamento da infecção pelo HPV


A partir de 2020, quando será feita a segunda etapa da pesquisa, será possível medir o impacto da vacinação nessa população

Crédito: Nucom SVS 

Estimativas atuais apontam que cerca de 10 a 19% dos casos novos de câncer podem ser atribuídos a agentes infecciosos, dos quais 30% são causados pelo vírus HPV. Devido ao alto risco, o Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e do Departamento das IST, do HIV/AIDS e das Hepatites Virais (DIAVH), encomendou o Estudo de Prevalência do Papiloma vírus no Brasil: POP-Brasil, que é o primeiro inquérito de infecção pelo HPV de abrangência nacional realizado no país. O estudo foi  conduzido  pelo Hospital Moinhos de Vento com recursos de isenção fiscal através do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), e  recrutou jovens de 16 a 25 anos,  das 26 capitais brasileiras e do Distrito Federal, para participarem da pesquisa.

O secretário de Vigilância em Saúde, Osnei Okumoto, que participou da abertura da apresentação do estudo, nesta terça-feira (22), destacou a importância da iniciativa. “O POP-Brasil é uma parceria de sucesso que traz uma prestação de contas para população, mostrando como a vacinação é uma estratégia importante para proteger toda uma geração que pode se beneficiar com a vacina e prevenir a ocorrência de diversos cânceres relacionados ao vírus HPV”. E reforçou: “estaremos sempre apoiando esse tipo de ação que dá subsídios teóricos para as práticas em saúde pública que a SVS adota”.

No Brasil, segundo estimativas, são registrados 16 mil casos de câncer de colo do útero por ano, e 5 mil óbitos de mulheres devido à doença. Mais de 90% dos casos de câncer anal e 63% dos cânceres de pênis são atribuíveis à infecção pelo HPV, principalmente pelo subtipo 16. E a maioria desses casos podem ser evitados com a vacina.

Além de determinar a prevalência do HPV e seus tipos no Brasil, os resultados dessa primeira fase do estudo teve como objetivo identificar fatores demográficos, socioeconômicos, comportamentais e regionais associados à ocorrência da doença em mulheres e homens entre 16 e 25 anos de idade. Com base nesses dados, o estudo busca estabelecer uma linha de base para avaliação da efetividade da vacinação no país. A partir de 2020, quando será feita a segunda etapa da pesquisa, será possível medir o impacto da vacinação nessa população.

Para realização da pesquisa, profissionais de saúde, entre médicos e enfermeiros, foram capacitados para realização de entrevistas com os participantes e para as coletas das amostras biológicas.

Ao final do estudo, 7.693 participantes foram incluídos. A idade média foi de 21,6 anos e 56,8% se autodeclararam pardos. A prevalência do HPV no Brasil foi de 53,6%, sendo o HPV de alto risco para o desenvolvimento de câncer presente em 35,2% dos 6.387 participantes com amostras válidas. O estudo mostrou que a prevalência de HPV foi significativamente maior na região Nordeste (58,9%) e Centro-Oeste (56,46%), em comparação com a região Sul (49,68%). Já as regiões Norte e Sudeste apresentaram um percentual de 53,54% e 49,92%, respectivamente.

Entre os fatores comportamentais associados à presença de HPV de alto risco, o que chama a atenção é o uso do tabaco. Fumantes ou ex-fumantes apresentaram uma taxa maior de infecção: 41,13%, enquanto a taxa é 32,98% entre não fumantes. Dos jovens entrevistados, 15,7% fumam cigarros, 72,4% relataram já terem feito uso de bebidas alcoólicas e 31,6% de drogas, ao longo da vida. Em relação às infecções sexualmente transmissíveis (IST), 13,8% relataram a presença de uma IST prévia ou apresentaram resultado positivo no teste rápido para HIV ou sífilis.

Para Eliana Wendland, pesquisadora que conduziu o estudo, uma das grandes surpresas que a pesquisa trouxe foi a falta de conhecimento sobre o HPV e suas consequências , não só entre os jovens, mas também entre os profissionais de saúde. “Somente cerca de 44% dos jovens tinha recebido alguma informação prévia sobre HPV de um profissional de saúde, ou seja, menos da metade, e muitas vezes esses profissionais não sabiam orientar sobre o vírus e os problemas relacionados a ele”, relatou.
Vacinação

Para diminuir a incidência de câncer no país, e proteger a população contra o vírus HPV, o Ministério da Saúde implantou a vacinação  contra HPV desde 2014 para meninas de 11 a 13 anos  como estratégia para o enfrentamento da doença. Até hoje, mais de 34 milhões de doses já foram distribuídas para as Unidades Básicas de Saúde de todo o Brasil. De junho a dezembro de 2018, a previsão é que mais 5,6 milhões sejam distribuídas. A vacina é recomendada para meninas de 9 a 14 anos,  meninos de 11 a 14 anos, para pessoas vivendo com HIV e aids, transplantados de medula óssea e órgãos sólidos e pacientes oncológicos de 9 a 26 anos.

Desde a incorporação da vacina, 4,9 milhões de meninas procuraram as unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) para completar o esquema com a segunda dose, totalizando 48,8% na faixa etária de 9 a 14 anos. Já com a primeira dose, foram vacinadas 8 milhões de meninas nesta mesma faixa, o que corresponde a 79,3%. No entanto, o Ministério da Saúde alerta que a cobertura vacinal só está completa com as duas doses. Entre os meninos, foram vacinados com a primeira dose 32,9% do público-alvo, média ainda abaixo do esperado, que é de 80%.

A coordenadora substituta do PNI, Ana Goretti, reforçou a segurança da vacina e a importância das pessoas procurarem os postos de saúde. Segundo Ana  Goretti, “ é inadmissível que com todas as evidências científicas disponíveis  sobre a segurança dessa vacina  e o seu impacto na redução dos graves problemas ocasionados  pelo vírus HPV,  se tenha ainda uma baixa adesão a vacina, permitindo que milhões de adolescentes brasileiros fiquem vulneráveis.  É urgente que todos os profissionais de saúde que lidam com esse público incentivem a vacinação”

A diretora do Departamento das IST, do HIV/AIDS e das Hepatites Virais (DIAVH), Adele Benzaken, reiterou a fala da coordenadora do PNI. “As sociedades e os conselhos de classe precisam ser mais presentes e proativos nas recomendações para seus profissionais sobre a importância da vacina HPV. Precisamos dessa ajuda para melhorar a adesão da vacina”.

O médico Aluísio Segurado, da Sociedade Brasileira de Infectologista, parabenizou o PNI pela iniciativa de parceria na pesquisa.” É fundamental, o PNI, como o maior programa de imunização no mundo, se preocupar em apoiar uma pesquisa que traz respostas para a sociedade sobre o tema. Uma base de estudos ampla, não só previamente à implementação de uma tecnologia, como a vacina contra o HPV, mas também posteriormente a essa estratégia”.

Por Nucom SVS


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