A performance do setor
industrial em 2015 impulsiona o noticiário associado ao segmento, nesta
quarta-feira (03). Há balanços, análises e uma série de correlações entre
índices que comprovam, entre outras coisas, o forte impacto da recessão,
conforme revelou ontem o IBGE ao divulgar a Pesquisa Industrial Mensal (leia
mais em ANÁLISE SETORIAL, abaixo).
Jornais se equiparam e
publicam abordagens baseadas em teses que se assemelham – inclusive na seleção
dos argumentos apresentados por especialistas.
O GLOBO, acentua o fato de que
a indústria brasileira registrou queda recorde de 8,3% na produção em 2015,
esse é “o maior tombo em 13 anos” e acentua que analistas de mercado “dão como
certa” uma nova queda este ano, estimada em 3,8%. Também conforme O GLOBO, nem
em 2017 a recuperação estaria garantida.
Na mesma reportagem, O GLOBO
adverte que “o caminho para a reação da indústria passaria necessariamente pelo
aumento das exportações, beneficiadas pelo dólar alto, mas seu impacto é
considerado limitado”. Texto lembra que “o peso das exportações na indústria –
o chamado coeficiente de exportações, segundo a CNI – era de apenas 19,8% no
terceiro trimestre de 2015”.
Já a FOLHA DE S. PAULO avança
de forma diferenciada sobre gargalos estruturais que comprometem a capacidade
de recuperação da indústria. Reportagem investiga as causas da derrocada e
culpa a desvalorização do real e a crise pela falta de competitividade do setor
industrial no exterior. Conforme a reportagem, esses fatores não têm conseguido
fazer frente ao custo de mão de obra – texto cita a queda do Custo Unitário do
Trabalho (CUT) da indústria.
“A redução do custo do
trabalho é muito pequena quando comparada ao significativo aumento dessa
despesa, que ocorreu nos anos Lula”, explica a FOLHA. "A desvalorização do
câmbio sempre traz alguma competitividade, mas não é sustentável. O efeito vai
acabar quando a moeda brasileira estabilizar. A indústria não vai melhorar sem
mais produtividade", diz Renato da Fonseca, da CNI, de acordo com o
jornal.
FOLHA chama a atenção para o
fato de que, nas últimas décadas, a indústria brasileira vem encontrando “muita
dificuldade” para elevar sua produtividade e resume os motivos: má gestão,
infraestrutura precária e baixa qualificação dos trabalhadores.
Em outra frente, e de volta a
O GLOBO, reportagem relata que, a partir deste ano, os bancos terão de informar
à Receita Federal qualquer movimentação financeira mensal acima de R$ 2 mil
feita por pessoas físicas. Para as empresas, o valor será de R$ 6 mil. O Fisco
vai cruzar informações para verificar se há compatibilidade com os dados
apresentados na declaração do Imposto de Renda ou com a movimentação do cartão
de crédito. “A determinação consta da instrução normativa (IN) 1.571 e já é
alvo de polêmica”, completa a reportagem, que resume: a IN tem amparo na lei
complementar (LC) 105/2001, que está sendo questionada no Supremo Tribunal
Federal (STF), explica O GLOBO.
“De acordo com informações
constantes do site do STF, há três Adins referentes à LC 105. Elas são de
autoria da Confederação Nacional do Comércio (CNC), do Partido Social Liberal
(PSL) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI)”, acrescenta a reportagem.
Cassio Borges, da CNI explica que a ação junto ao STF questiona a autorização
que a LC 105 dá à administração pública de ter acesso irrestrito a dados
financeiros das indústrias, independentemente de qualquer suspeita de práticas
ilícitas.
“A Constituição garante em seu
artigo 5º, entre outros direitos, o sigilo de dados”, afirma Borges, conforme
reproduz o jornal. Texto ressalta que, ainda de acordo com ele, a CNI vai
enviar uma petição ao atual relator, ministro Dias Toffoli, informando sobre a
IN 1.571, para que o STF dê andamento ao processo.
ESPLANADA, no JORNAL DE
BRASÍLIA (DF), DIÁRIO DO AMAZONAS (AM) e no CORREIO DA PARAÍBA (PB), registra,
por exemplo, que “a presidente Dilma citou na mensagem ao Congresso a parceria
com o SISTEMA S, que propôs abrir mão de fatia bilionária de repasse ao SESI,
SENAI, Sesc e Sebrae para reforçar programas do governo. Mas a CNI, principal
entidade, vai pular fora”.
JC NEGÓCIOS, no JORNAL DO
COMMERCIO (PE), centra forças na atuação de Armando Monteiro Neto no Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. De acordo com a coluna, o
ministro “pauta sua atuação exclusivamente pelas ações voltadas à exportação”.
“Ele praticamente não atua no embate do comércio e, especialmente, da indústria
no mercado interno, cuja principal entidade, a CNI, anunciou na última
segunda-feira que o faturamento caiu 8,8%, as horas trabalhadas, 10,3% e o
emprego, 6,1% no ano passado, na comparação com 2014”, resume o texto.
“Ex-presidente da poderosa
CNI, Armando Neto não emitiu nenhum pronunciamento sobre o fato. Nem mesmo
ontem, quando o IBGE revelou que o setor industrial mostrou o 22º resultado
negativo consecutivo”, completa JC NEGÓCIOS.
Já ESTELA BENETTI, no DIÁRIO
CATARINENSE (SC), registra os resultados de uma pesquisa realizada pela
Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) que apurou que as vendas do
setor em 2015 tiveram queda real de 12% frente ao ano anterior.
A queda registrada em Santa
Catarina foi maior do que a brasileira para o mesmo período, “que recuou 8,8%
de acordo com o levantamento da CNI divulgado ontem”. “Também em função da crise,
o número de horas trabalhadas na indústria do país recuou 10,3% no ano passado
e a massa salarial real teve queda de 6,2%”, acrescenta Benetti.
Complementando o dia, destaque
ainda para GAZETA DO POVO (PR), que chama a atenção para os indicadores de
ociosidade da indústria recorde em 2015: “segundo dados da CNI, 38% das
máquinas estavam desligadas em dezembro”.
Em A TRIBUNA (Santos-SP),
editorial resgata a discussão sobre a necessidade de mais investimentos em
saneamento básico e lembra as conclusões de um estudo realizado pela CNI sobre
a universalização dos serviços no Brasil.
FOLHA DE S. PAULO : Dilma pede
apoio ao Congresso e é vaiada ao defender a CPMF
O ESTADO DE S. PAULO : Dilma
defende nova CPMF e é vaiada no Congresso
O GLOBO : Dilma pede ajuda ao
Congresso contra recessão
VALOR ECONÔMICO : Barbosa quer
incluir teto para gastos na lei fiscal
Uma série de reportagens
publicadas em todos os jornais de grande circulação interpretam os dados
divulgados ontem pelo IBGE como uma prova definitiva e incontestável de que a
indústria chegou “ao fundo do poço”.
Alguns textos chegam a
reproduzir exatamente essa expressão, que é corroborada por especialistas de
várias tendências.
Em linhas gerais, reportagens
reproduzem e detalham os dados colhidos pelo IBGE e fazem associações com o mau
momento enfrentado pelo país na economia e na política.
Boa parte da discussão se dá
no âmbito conjuntural – O ESTADO DE S. PAULO e o VALOR ECONÔMICO,
principalmente, exploram também frentes de cobertura que avançam sobre itens
estruturais e gargalos que há décadas dificultam o desempenho do setor fabril.
O ESTADO DE S. PAULO ressalta
a baixa confiança de consumidores e empresários, o crédito mais caro e a
deterioração no mercado de trabalho como itens determinantes para que a
indústria amargasse em 2015 seu pior ano em mais de uma década.
Jornal reforça que, ao todo,
25 segmentos tiveram retração na atividade, e 78,3% dos 805 produtos
investigados pelo órgão foram produzidos em menor quantidade.
Na FOLHA DE S. PAULO, que
também se dedica ao tema, informação é que houve no ano passado cortes
generalizados de produção.
“O maior impacto da queda veio
do setor de veículos automotores, reboques e carrocerias (incluindo carros e
caminhões), com contração de 25,9% na produção em relação a 2014, mas a
retração foi disseminada pelas principais atividades industriais”, completa o
jornal.
VALOR ECONÔMICO, por sua vez,
interpreta uma série de dados presentes na pesquisa do IBGE e, em tom
pessimista, afirma que a tendência negativa da indústria não será revertida nos
próximos meses: as retrações ficarão mais modestas.
Entre outras abordagens que se
relacionam com o diagnóstico de que a indústria atravessa um de seus piores
momentos, O ESTADO DE S. PAULO analisa em editorial que, “sem músculos, sem
fôlego e sem apetite, a indústria brasileira deve continuar definhando em
2016”.
Sob o título ‘A indústria com
anemia’, texto se sustenta nos números do IBGE e faz projeções. “O Brasil vem
perdendo potencial de crescimento há vários anos, por falta de investimento em
infraestrutura, em máquinas e equipamentos para a indústria e, naturalmente,
pela escassez de trabalhadores capazes de se adaptar a sistemas modernos de
produção”, conclui.
O ESTADO DE S. PAULO opina em
tom crítico sobre a campanha lançada pelo PT para defender o ex-presidente
Lula. “Só mesmo o caradurismo de militantes profissionais do lulopetismo é
capaz de sustentar, na atual conjuntura, o argumento de que Lula é a ‘alma mais
honesta’ do Brasil e, nessa condição, uma vítima dos ‘preconceituosos’”, resume
o editorial.
FOLHA DE S. PAULO avalia que o
governo está certo em insistir na necessidade de uma reforma da Previdência,
mas que precisar ser concreto nas declarações e propostas.
“Falta, sobretudo, um texto
formal a ser negociado na arena adequada — o Congresso. Ideias anônimas
destinadas a fóruns de entidades corporativas serão apenas mais uma estratégia
de tergiversação”, adverte a FOLHA.
O GLOBO afirma que o alerta de
estado de emergência mundial declarado pela OMS com relação ao zika vírus tem
aspectos positivos para o Brasil como, por exemplo, a ajuda em pesquisas para
vacinas.
“Mas há, também, o dever moral
de o país se empenhar de fato para controlar a expansão do mosquito, o que
implica grande mobilização nacional, porque a população tem parte da
responsabilidade nessa proliferação do Aedes”.
Eliane Cantanhede escreve em O
ESTADO DE S. PAULO sobre a passagem da presidente Dilma ontem pelo Congresso
Nacional e condena o fato de a petista não ter feito uma autocrítica sobre seus
erros e os de seu governo, afirma: "Ontem, aliás, o IBGE divulgou que a
queda da indústria em 2015 foi de nada suaves 8,3%, mais um recorde da era
Dilma. Essa queda arrasta milhares de empregos na construção, nos setores
eletroeletrônico, têxtil, químico e vai por aí afora. Mas isso Dilma não disse.
Ela fala e age como se tivesse zero responsabilidade por essa tragédia
nacional".
Miriam Leitão, em O GLOBO,
também resume a performance da presidente Dilma, ontem, e reforça que a petista
“fez bem em ir ao Congresso apresentar sua mensagem para o novo ano
legislativo”.
Celso Ming afirma em O ESTADO
DE S. PAULO que "o desempenho da indústria em 2015 foi um desastre" e
adverte que o saldo "é o resultado da política equivocada do governo Dilma
desde 2012".
Em tom crítico, Ming completa
que, "lamentavelmente, os dirigentes da indústria também contribuíram para
isso na medida em que pressionaram e aplaudiram seguidos pacotes
discriminatórios, de desoneração fiscal, de crédito subsidiado e criação de
reservas de mercado, que aumentaram a insegurança e derrubaram o
investimento".
PAINEL, na FOLHA DE S. PAULO,
informa que "veio da presidente da República, Dilma Rousseff, a
determinação para que ministros exortassem aliados a sair em defesa de Lula,
ordem prontamente cumprida nesta terça (2) pelo chefe da Casa Civil, Jaques
Wagner".
"Na avaliação de
integrantes do Palácio do Planalto, o desgaste do ex-presidente cresce a cada
dia sem que o antecessor dê sinais de reação. Dilma recebeu informações de que
Lula estaria abatido, relato negado por sua equipe, e pretende encontrá-lo
depois do Carnaval", segue PAINEL.
As primeiras páginas dos
principais jornais do país destacam o discurso da presidente Dilma Rousseff,
ontem, na abertura do Ano Legislativo.
Repercussão está totalmente
concentrada nos efeitos políticos do pronunciamento, sobretudo nas reações do
Congresso Nacional aos apelos da petista para superar a crise econômica.
Conforme as reportagens, Dilma
falou em “parceria” para o país voltar a crescer.
Textos destacam que a
presidente foi interrompida com vaias, várias vezes, principalmente ao defender
a aprovação da CPMF e a reforma da Previdência.
FOLHA DE S. PAULO expõe que
“alguns parlamentares, durante a fala de Dilma, ergueram placas que continham
os dizeres ‘Xô CPMF’”.
Ao ser vaiada, a presidente
pediu aos congressistas que formassem um juízo sobre o assunto, levando “em
conta dados, e não opiniões”, resume o texto.
Jornais acrescentam que a
presidente Dilma defendeu também a importância do combate ao vírus zika e a
modificação da legislação de acordos de leniência.
Parte da mídia expõe que,
apesar dos elogios à presença da presidente Dilma, os presidentes do Senado,
Renan Calheiros, e da Câmara, Eduardo Cunha, deixaram claro a disposição de ter
uma agenda própria para o Congresso e que não têm um alinhamento automático às
propostas da petista.
O ESTADO DE S. PAULO ressalta
que, segundo Renan, com o agravamento da crise, o Congresso deve procurar uma
“conjunção de esforços”.
Já o presidente da Câmara
defendeu que a Casa deve contribuir com propostas para superar as crises
política e econômica, mesmo que elas divirjam do Executivo.
Também repercute a informação
que o vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), aceitou recurso que
anulou a votação pela admissibilidade da representação contra Eduardo Cunha que
está em trâmite no Conselho de Ética da Câmara.
A decisão faz com que o
processo de cassação por quebra de decoro parlamentar contra o presidente da
Câmara volte à sua fase inicial.
Noticiário voltado para a
operação Lava Jato recua, mas ainda merece atenção.
Como destaque do dia, a
informação de que a Justiça da Suíça considerou irregular o envio ao Brasil de
documentos que provam ser a Odebrecht a beneficiária final de contas usadas por
offshores destinadas ao pagamento de propina a diretores da Petrobras.
Diante disso, o juiz Sérgio
Moro determinou a suspensão dos prazos as defesas para apresentação das
alegações finais na ação penal que envolve a empreiteira.
A ordem do magistrado é
temporária e válida até que ele tenha acesso a informações relativas a uma
decisão da Justiça suíça.
O ESTADO DE S. PAULO informa
que, com o as investigações próximas ao ex-presidente Lula, o PSDB tanta
viabilizar a criação de uma CPI para apurar irregularidades envolvendo a
Bancoop.
Completando a pauta, jornais
registram que a Procuradoria Geral da República pediu ao STJ autorização para
abrir inquérito para investigar o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), no
âmbito da operação Publicano, que investiga fraudes na Receita do Estado.
Destaques de maior apelo no
noticiário econômico estão associados à indústria e à discussão sobre o sistema
previdenciário e a temas centrados em infraestrutura.
Mídia resume os principais
dados da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE, que mostrou ontem uma queda de
8,3% na produção da indústria brasileira no ano passado.
Jornais relatam que esse é o
pior resultado já registrado na atual série histórica da pesquisa, iniciada em
2003 – O GLOBO, FOLHA DE S. PAULO e O ESTADO DE S. PAULO trazem as coberturas
mais completas.
Ainda em O ESTADO DE S. PAULO,
reportagem antecipa que o ministro do Trabalho e da Previdência Social, Miguel
Rossetto, defende que não é preciso urgência para modificar as regras de
aposentadoria.
De acordo com o jornal, as
resistências do ministro à “urgência” da reforma da Previdência fechada pelo
Ministério da Fazenda “podem retardar ainda mais o envio da proposta ao
Congresso”.
O ESTADO DE S. PAULO segue e
reforça que economistas avaliam que “as regras da Previdência precisam ser
alteradas, mas as medidas em estudo pelo governo não serão suficientes para
sanar o rombo atual, embora possam ajudar a frear o crescimento dos gastos”.
Parte dos jornais informa que
o BNDES anunciou que vai reduzir os juros cobrados nos financiamentos a capital
de giro, bens de capital e exportações e refinanciar operações do Programa de
Sustentação do Investimento (PSI).
De acordo com o banco, as
medidas podem demandar até R$ 26 bilhões e fazem parte do pacote de estímulo à
economia anunciado na semana passada pelo governo.
Com foco no mercado
financeiro, O GLOBO expõe que “a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa)
registrou ontem sua maior queda desde agosto de 2011: 4,87%, aos 38.596
pontos”.
Segundo o jornal, o resultado
foi influenciado pela “desvalorização do petróleo no mercado internacional,
pelo recuo das principais Bolsas estrangeiras e por resultados corporativos
decepcionantes”. Já o dólar comercial fechou em alta de 0,65%, a R$ 3,988.
De volta a O ESTADO DE S.
PAULO, reportagem informa que, desde que o Copom decidiu manter a taxa de juros
no patamar de 14,25%, a expectativa no governo passou a ser de que o Banco
Central comece a apontar para queda dos juros ainda este ano.
“A pressão de setores
influentes do governo, das áreas política e econômica, vem aumentando,
principalmente após dados fracos de grandes economias, como a americana e a
japonesa, apontarem para uma deterioração do quadro internacional, com reflexo
na inflação brasileira”, afirma o texto.
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