Vivemos o paradoxo de ser um
dos maiores parceiros comerciais do Estado da Flórida, onde geramos mais de
300.000 empregos, turistas e trabalhadores das empresas, como Embraer, Banco do
Brasil, Votorantim, dentre outras grandes e mais de 30.000 pequenas e médias,
especialmente, quando comparado a dívida interna de quase R$ 3,3 trilhões no
final deste ano.
Essa aparente contradição nos
leva para o “olho do furacão”, notadamente, quando a avaliação é vista do
ângulo político eleitoral e não pela influência política na ação dos agentes
econômicos externos.
Em política e economia a
percepção se sobrepõe aos fatos. Durante a desastrosa gestão majoritária,
exercida por Lula e Dilma, nos últimos 10 anos, geramos uma progressiva imagem
negativa de além de levar o País a “pique” conseguiu, também, desestruturar a
esquerda brasileira, hoje reduzida a um lamaçal de negociatas, corrupção,
influências perversas nas empresas, e, em organismos públicos de fomento,
induzindo a militância histórica a se “esconder”, para não ser ofendida
publicamente.
Consequências comprovadas com
uma das maiores derrotas políticas na trajetória da esquerda, que reduziu sua
liderança a um terço dos municípios sob seu comando nas últimas eleições. Em
qualquer País a “esquerda” tem papel preponderante na formação de políticas
públicas, onde pode e deve participar ativamente com seu idealismo e até
simbolismo.
Boa parte da distorção na
avaliação internacional se deve às reservas externas brasileiras, que chegaram
a quase US$ 380 bilhões ao final do governo petista, contribuindo para manter
um mínimo de confiança na capacidade do Brasil pagar suas dívidas. Mas é
preciso lembrar que, em grande parte, isto se deveu ao aumento da dívida
interna que poderá chegar a R$ 3,3 trilhões no final deste ano.
O PSDB que nunca esteve tão a
direita, ganhou importante espaço na nova configuração política, passando a
governar quase 50 milhões de habitantes (praticamente ¼ da população), e se
transformou na opção para as elites econômicas, ensaia, agora, construir uma
nova estrutura política a partir de São Paulo, um dos Estados mais equilibrados
da Federação, reforçando a potencial candidatura do atual Governador na disputa
da presidência em 2018.
Já o PMDB que passa a
governar, aproximadamente 30 milhões de brasileiros, em estados com grandes
dificuldades como o Rio de Janeiro com mais de 6 milhões de habitantes. Mantem
uma postura política mais ao centro, teve pouco mais de 9 milhões de votos no
primeiro turno e cerca de 2,2 milhões no segundo, terá de enfrentar grandes
desafios para manter a base de sustentação do Governo, propor as reformas, e,
ainda lançar candidatura própria.
O PT teve 5,7 milhões de
votos, no primeiro turno e pouco mais de 800.000 no segundo, antes quase
hegemônico, governará apenas cerca de 6 milhões de habitantes, em cidades com
menor liderança econômica, encolhendo dois terços da liderança conquistada no
pleito anterior.
Em contrapartida, O PSOL, que
poderá herdar parte dos eleitores do PT teve o dobro de votos no segundo turno,
comparado ao PT.
Sustentado por uma base que
lidera de mais de 80% do país, o governo Temer, encontra ambiente favorável aos
encaminhamentos e pode vir a lograr êxito nas aprovações das medidas “chamadas
de impopulares”, como as imprescindíveis reformas; política, trabalhista, na
previdência e ainda, em meio a tudo isso, consolidar as relações equânimes
entre os três poderes.
Manter a esperança construída
pelos desdobramentos da “operação lava-jato”, também, se constitui em outro
desafio do atual governo, que precisa ao mesmo tempo assegurar a governança do
país, com a responsabilidade e o bom senso, e não interferir no processo,
convivendo com a necessidade de efetivar “escolhas de Sofia” cortando, quase
que cotidianamente, na própria carne correligionários a cada decisão do Juiz
Sergio Moro, em Curitiba.
Atrair e garantir que
investidores de risco, que visam resultados positivos imediatos, e, até mesmo
os menos agressivos, vivendo em um ambiente onde a sensação é de “estarmos
trocando a turbina do avião em pleno voo” dependerá da determinação do governo
de estabilizar a economia, expondo, ainda mais, as mazelas e efetivando avanços
nas necessárias reformas políticas, e, todas as demais que afetam a área
social, como a previdenciária.
Todos continuam gastando na
Flórida, o que pode ser lido como esperança no futuro, mas de olho nos
resultados da Lava-Jato e na estabilidade política e econômica do País, na
consolidação da segurança jurídica necessária que garanta a recuperação dos
resultados de médio e longo prazo.
0 comentários:
Postar um comentário