A Sociedade Internacional de
Ressonância Magnética em Medicina (ISMRM) anunciou novas orientações para o uso
de agentes de contraste durante exames de ressonância magnética.
Segundo a entidade, as
pesquisas mais recentes indicam que os agentes de contraste baseados em
gadolínio, injetados nas veias dos pacientes para aumentar o brilho dos tecidos
nas imagens de ressonância magnética, acumulam-se no cérebro.
Na verdade, essas pesquisas
não são tão recentes: em 2014, uma equipe japonesa anunciou que o gadolínio
pode causar danos ao cérebro.
Mais de 300 milhões de doses
desses medicamentos foram administradas desde a sua introdução, em 1987.
"Pequenas quantidades de
gadolínio se depositam em certas partes do cérebro nas pessoas que se submetem
a repetidos exames com agentes de contraste baseados em gadolínio," disse
o Dr. Vikas Gulani, da Escola de Medicina da Universidade Case Western Reserve
(EUA). "A resposta do ISMRM é uma revisão da literatura e uma série de
recomendações sobre o que a comunidade [médica] deve fazer em resposta a esse
fenômeno".
Desconcertante
Na revisão, Gulani e outros
especialistas sugerem que, se o gadolínio não for essencial para um exame
específico - se o exame não depender da melhoria de contraste -, o agente não
deve ser administrado ao paciente. Segundo as novas recomendações, cada exame
deve passar por uma análise risco-benefício sobre o uso do agente de contraste.
"Quase todos precisam de
uma ressonância magnética em algum momento, muitas vezes otimizada com
contraste," disse Gulani. "A ideia de que um pouco de gadolínio possa
estar sendo depositado no cérebro é desconcertante para os pacientes. Nessa
situação, colocar o risco e os benefícios em contexto é importante".
Se o gadolínio for necessário,
acrescenta o pesquisador, ele deve ser administrado e a escolha do agente vai
depender de um grande número de fatores, sendo o fenômeno da deposição do
elemento no cérebro um deles.
O gadolínio é o elemento
químico de símbolo Gd e número atômico 64, pertencente ao grupo das terras
raras. Ele é branco-prateado, fortemente magnético e, devido à sua alta
capacidade de absorção de nêutrons, é também utilizado em usinas nucleares.
Efeitos colaterais
A nova recomendação lembra que
definir danos potenciais ao paciente é uma consideração importante na
solicitação e na realização de qualquer exame.
Os agentes de contraste
baseados em gadolínio têm um histórico de diagnóstico preciso e de monitoramento
do tratamento de uma grande quantidade de doenças, incluindo câncer, patologias
neurológicas, doenças cardíacas, doenças hepáticas e muitas outras.
Contudo, esses contrastes
também têm sido associados com alguns efeitos colaterais, os mais graves sendo
raros e afetando principalmente pacientes com insuficiência renal grave.
A nova revisão não sugere
mudanças radicais no uso dos agentes de contraste na ressonância magnética
porque ainda não existem estudos que associem os depósitos de gadolínio no
cérebro a riscos específicos para a saúde.
No entanto, as novas
recomendações dão clareza a um fenômeno anteriormente desconhecido de deposição
de gadolínio no cérebro e fornece orientação para futuras pesquisas, uma vez
que essas associações podem não ser conhecidas porque ainda não foram
pesquisadas.
O alerta e as novas recomendações
mereceram a capa da revista médica The Lancet Neurology.
Imagem: Wikipedia
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