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terça-feira, 22 de agosto de 2017

Agências da ONU incentivam empresas brasileiras a fornecer produtos de saúde para organismos internacionais

Laboratórios e farmacêuticas brasileiros conheceram ao longo de três dias, na semana passada, os parâmetros utilizados por agências da ONU para escolher fornecedores de produtos de saúde. Em workshop promovido pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), especialistas ressaltaram a fraca participação de empresas latino-americanas no mercado internacional de insumos e elogiaram os padrões de regulação do Brasil, que tem capacidade para se inserir na cadeia de fornecedores.
Representes do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Foto: UNFPA/Tatiana Marotta

Em Brasília, laboratórios e farmacêuticas brasileiros conheceram ao longo de três dias, na semana passada, os parâmetros utilizados por agências da ONU para escolher fornecedores de produtos de saúde. Em workshop promovido pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), especialistas ressaltaram a fraca participação de empresas latino-americanas no mercado internacional de insumos.

Em 2016, o UNFPA adquiriu métodos contraceptivos, equipamentos, produtos médicos e farmacêuticos de 214 fornecedores de 59 países desenvolvidos e em desenvolvimento. “Apenas quatro dessas empresas eram de países da região da América Latina e do Caribe. No entanto, são os países da América do Sul e do Caribe que ficam entre nossos principais demandantes”, explicou o representante do organismo da ONU no Brasil, Jaime Nadal.

Segundo o especialista, esse desnível é problemático porque torna maiores os gastos com transporte e taxas tributárias associados ao abastecimento das nações latino-americanas. Atualmente, os principais fornecedores da entidade estão localizados no Sudeste Asiático. O UNFPA tem, como uma de suas principais metas, promover o acesso a produtos de saúde reprodutiva em nações em desenvolvimento.

“Acreditamos que, com o workshop, conseguimos contribuir para que o governo brasileiro possa trilhar novos caminhos na garantia de fornecimento desses insumos básicos no âmbito internacional e para que empresas brasileiras possam somar-se a nós no fornecimento de insumos para outros países. É um momento estratégico para nossos esforços de fazer com que as mulheres tenham acesso a insumos de qualidade e a serviços de profissionais qualificados sob um olhar de direitos humanos que precisamos aguçar em nossos futuros fornecedores”, enfatizou Nadal.

Para a representante adjunta da OPAS, Maria Dolores Perez-Rosales, a valorização de fornecedores brasileiros pode garantir que empresas qualificadas abasteçam os organismos internacionais com os chamados produtos órfãos — que pararam de ser produzidos, deixando o mercado desabastecido — e que são destinados ao tratamento de doenças negligenciadas.

“Acreditamos que os laboratórios do Brasil podem ampliar sua atuação, atendendo a um mercado extremamente importante do ponto de vista sanitário e carente de oferta de produtos e de novas soluções tecnológicas”, disse a dirigente.

O workshop, realizado do dia 15 a 17 de agosto, foi considerado histórico por especialistas das sedes das duas agências da ONU, que elogiaram a articulação entre as Nações Unidas, o setor privado, o governo brasileiro e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para a realização da iniciativa.

“Mas para que este workshop se torne realmente eficaz, devemos assumir o compromisso de realizar outros encontros na busca de melhor qualidade e de preços mais justos para as regiões que mais precisam do nosso trabalho, pois enquanto demoramos neste processo e cedemos às burocracias que impedem nossos avanços, temos mulheres e crianças que não podem esperar pelo nosso atendimento e o necessitam com urgência”, ressaltou a especialista do Departamento do Controle de Qualidade do UNFPA em Copenhague, Seloi Mogatle.

Brasil já está capacitado para fornecer para a ONU/h3>
Ao abordar os critérios de qualidade a que empresas devem obedecer para se inserir na cadeia de insumos da ONU, o especialista da equipe do Programa de Pré-Qualificação da OMS, Vimal Sachdeva, elogiou os padrões de regulação já vigentes no Brasil. Para a autoridade em parâmetros sanitários, o mercado brasileiro já está capacitado.

“Este é o momento em que o Brasil tem uma grande escolha a fazer: ou ele permanece em sua zona de conforto ou ele corre em busca do seu lugar no mercado internacional, o que eu encorajo fortemente, pois ele tem todas as condições possíveis de concorrer em qualquer mercado”, enfatizou Sachdeva.

Durante os eventos de formação, técnicos e gestores da ANVISA mostraram o trabalho desenvolvido pela agência, ponto celebrado no workshop por conta da proximidade de seus processos com o protocolo estabelecido pela ONU.

Representantes da OPAS e do UNFPA devem se reunir para a discussão dos próximos passos no auxílio às empresas rumo a uma possível pré-qualificação internacional. A expectativa é que, desse encontro, surjam ideias para ações em conjunto com representantes do setor privado e do próprio governo do Brasil


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