Levantamento da Fundação
Procon feito em maio deste ano em Bauru mostra que a variação do preço de um
mesmo medicamento chega a mais de 400% entre uma farmácia e outra. Por isso, em
tempos de crise econômica, a preocupação em pesquisar preços nas redes farmacêuticas
da cidade nunca foi tão importante, apontam órgãos de defesa do consumidor.
Outra alternativa encontrada por muitos foi optar pelos compostos genéricos.
Tanto que dados do Instituto
Febrafar de Pesquisa e Educação Continuada (Ifepec) revelam que 37% dos
brasileiros já consideram essa opção na hora da compra. Exemplo da dona de
casa Sara Ferrarezi de Oliveira, 21. Ontem, em uma farmácia do Centro de Bauru,
ela procurava por produto com o mesmo princípio ativo de um medicamento de
referência, para tratar a rinite da filha de 3 anos.
“Com a economia do País
instável, já faz pelo menos dois anos que venho optando por remédios genéricos,
que chegam a custar até metade do preço em relação ao original. E o efeito é o
mesmo. Nunca tive problemas”, observa, ressaltando a importância de pesquisar
preços para encontrar o produto mais barato. “A diferença de valores de um
estabelecimento para o outro é muito grande”, aponta.
A pesquisa da Fundação Procon
em Bauru confirma o cenário descrito pela dona de casa. Comparando-se os preços
médios dos genéricos com os de referência da mesma apresentação, constatou-se
que, em média, os genéricos custam 50,64% mais baratos, “o que pode representar
uma grande economia ao bolso do consumidor”, revela o levantamento.
Entre os fatores determinantes
de valores neste segmento de mercado, o órgão observava que a aplicação de
descontos pode variar de acordo com as condições locais de mercado,
rentabilidade da loja, situações comerciais de compra. “Em algumas drogarias de
rede, há políticas comerciais diferentes para cada canal de venda (loja física,
telefone e site – loja virtual). Há redes que são geridas pelo sistema de
franquia, não havendo uma política única de preços entre os franquiados”,
aponta a pesquisa.
Na comparação entre custos de
remédios de referência e genéricos, notou-se que a diferença é grande. “Por
serem produzidos por diversos laboratórios, os medicamentos genéricos são, em
geral, mais baratos. Mas é bom lembrar que o genérico de um mesmo laboratório
também pode apresentar preços diferentes entre as drogarias e farmácias. Logo,
é essencial a pesquisa de valores sempre aliada à recomendação e prescrição
médica”, frisa.
VARIAÇÃO DE PREÇOS
Os medicamentos de referência
variaram até 319% no preço de uma farmácia para outra, como é o caso do Amoxil
(amoxilina). Segundo levantamento da Fundação Procon em Bauru no mês de maio,
de R$ 16,24, o remédio foi encontrado por até R$ 58,01.
Já a Simeticona (indicada para
pacientes com excesso de gases no aparelho digestivo) detém a maior diferença
em relação a medicamentos genéricos: 420,16%, sendo a variação de custos de R$
2,48 (mínimo) para R$ 12,90.
PRESCRIÇÃO
Alguns pacientes já adotam
iniciativa de solicitar que o médico prescreva medicamentos genéricos na
receita. É o caso da telemarketing Francielli Brito da Silva Costa, 22 anos.
“Sempre peço para que indiquem, pois a diferença de preço é muito grande”,
frisa.
Representante do Conselho
Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) em Bauru, o médico Carlos
Alberto Monte Gobbo confirma que ainda há certa resistência por determinados
médicos em prescrever medicamentos genéricos aos seus pacientes.
“Toda mudança de comportamento
leva um tempo. Às vezes, é mais conveniente preencher a receita com um nome
curto ou comercial, de fácil memorização, do que de genéricos, que, geralmente,
são nomes grandes”, pontua, relacionando o aspecto de confiança da população ao
produto consumido.
“O genérico tem de ter o mesmo
princípio ativo do medicamento de referência e estar devidamente atestado pelo
Ministério da Saúde. Mas qual é o nível de credibilidade do brasileiro em
relação às agências controladoras? O grau de confiança aos setores de
fiscalizações públicas está cada vez menor”, critica.
Gobbo destaca ainda o combate
do Cremesp à prática comercial no momento de prescrever medicamentos aos
pacientes. “É combatido essa relação lucrativa do médico com laboratórios. Isso
vem diminuindo bastante ao longo do tempo”, finaliza.
PROCURA POR GENÉRICOS AUMENTA
Pesquisa do Ifepec revela que 37%
dos consumidores brasileiros adquirem medicamentos genéricos, muitos em razão
da instabilidade econômica do País. Outros 32% compraram os “de marca”,
chamados de referência, e 31% adquiriram uma mescla dos dois tipos.
“Os genéricos já venceram a
desconfiança inicial que enfrentaram no mercado e, hoje, já fazem parte das
opções de escolhas dos consumidores”, analisa Edison Tamascia, presidente da
Febrafar, órgão que encomendou o levantamento.
Ainda de acordo com os dados,
45% dos consumidores acabaram comprando produtos diferentes do objetivo inicial
e quase a totalidade desses clientes buscava economia. “É importante reforçar
que o cliente não está indo contra a indicação médica, pois o genérico possui a
mesma substância ativa”, observa Tamascia.
Segundo a pesquisa, 24% dos
entrevistados compraram exatamente o que foram buscar nas farmácias, 31%
modificaram parte da compra e 45% trocaram os medicamentos por vontade própria
ou por indicação dos farmacêuticos. A tendência por buscar remédios genéricos é
reiterada pela maioria dos farmacêuticos ouvidos pela reportagem, incluindo
farmácias de manipulação. Estas, porém, não alteram o receituário sem
conhecimento e autorização do médico.
REMÉDIOS CONSOMEM 3,52% DA
RENDA
Dados do Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) obtidos pelo IBGE por meio da Pesquisa de
Orçamentos Familiares (POF) – sendo a mais recente realizado nos anos de 2008 e
2009 -, apontam que o brasileiro gasta 3,52% da sua renda somente com
medicação.
Os produtos farmacêuticos mais
adquiridos pela população são: anti-infeccioso e antibiótico; analgésico e
antitérmico; anti-inflamatório e antirreumático; antigripal e antitussígeno;
dermatológico; antialérgico e broncodilatador; gastroprotetor; vitamina e
fortificante; e hormônio.
Fonte: JCNET
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